quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"Vencemos"


Podemos chamar de milagre de natal, mas não acordei atrasado. O despertador insistiu muito, mas conseguiu me arrancar da cama. Peguei o Virgílio para conseguir passar algumas músicas e a tendinite me lembrou que o dia ia ser muito longo, tendendo ao infinito. Passagem de som estranha. Foi estranho voltar para um palco. Foi estranho não estar atrás da mesa de som. Demorou, mas deu tudo certo... Não sem a ajuda do Delmar, o apagador oficial de incêndios.

Ironicamente eu percebi que não ia precisar de armadura nenhuma. Eu tinha como me defender. Ironicamente não consegui passar esse natal sozinho ( eu sempre tento, quase nunca consigo). E passar o natal com o Kiko foi engraçado. Quase 4 horas sem que ninguém falasse feliz natal. A coisas indo pro lugar.

Lembro de organizar tempo e fatos pra ajudar todo mundo. Pra encaixar as peças em vez de tocar fogo no circo. O show demorou pra começar. Eu não estava sentindo medo, mas estava me sentindo terrivelmente fora do lugar. Um pai nosso em español e soltei os cabelos, luz na cara e o Giovane anunciando. Não deu mais tempo pra pensar  sobre meu lugar ou sobre me defender; sobre quem eu queria que estivesse ali me assistindo. Mandei meu coração calar a boca, por pelo menos 2 horas eu não queria ouvir um idiota me dizendo que falta alguma coisa. Por pelo menos 2 horas eu tinha outras coisas para escutar. Não sei direito se ele ficou quieto, só sei que música atrás de música, nota atrás de note eu fui colocando toda minha energia. Eu prometi que não seria pela metade, que seria tudo de mim em tudo. No fim, avisei que a gente ia tocar mais 4 músicas que a gente sempre quis tocar e nunca conseguiu em banda nenhuma. Aquele era eu tentando explicar sem dizer nada que o ano tinha sito uma merda pra mim e que eu queria um presente de natal foda pra equilibrar a conta. E eu tive o melhor presente de natal que um baixista barulhento e jazzificado poderia querer. Quando o Kiko subiu no palco eu desci pra poder ver melhor. O Barão o Caldo e o Kiko no mesmo palco seria a imagem perfeita para mostrar que meu trabalho estava feito.  Se fosse uma frase com a mesma função seria "foi sem querer, mas não muito" no corredor e na confusão entre os banheiros

No meio do show, olhei pro lado e pensei comigo como me sinto estranho em andar com os grandes. Algumas das pessoas mais fantásticas que eu conheço ali tocando juntas e eu de metido. Sabia que no esquema tático minha função era juntar todos eles e manter a máquina funcionando, mas acho que estar num palco tocando não foi invisível o suficiente dessa vez.

Gracias, ao Caldo, porque ele é definitivamente o mestre daquele lado do palco. Ao Barão, por ter mantido um maluco sob controle sempre reiterando que não era musicoterapia. Nick, tenta uns tapas, tu já falou mil vezes e não adiantou. Cla, sem tua produção teria sido inviável. Tchuky, faz uma cuba. Dennis, nunca me deram um litro com tanta competência. Jonas, apesar das cantadas ridículas tu tem potencial. Giovane, tu é foda. Kiko, parceria total. Pedroso, tu é um das melhores pessoas com as quais tenho o prazer de conviver. E eu sempre vou achar um absurdo tu pagar pra eu fazer o que eu faço. Poletto, tinha que ser tu ali junto com a gente. Kiko, se o discípulo perfeito for igual ao mestre, então tenho o professor certo. Potro, Ostra, Dulcinéia, Jasmim, Ana Pic-pic, Mário, Fábio, Ave, Mateus Correria, Copa, Compadre, Bledo, Mark, Wood: vcs não estavam lá, mas tinha um pouco de vcs lá comigo, um pouco de tudo que vcs me ensinaram.

No fim, bem no fim de tudo, acabei o ano fazendo o que eu sempre faço: Um exagero imbecil antes de parar por um tempo. Cansei de viver olhando pro abismo. Cansei de viver com o abismo me olhando. Agora é praia e só.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Porque o inferno precisa de mim




Promessa é dívida, as repostas são: eu fumo numa situação específica e só durante ela. Quando tenho certeza de alguma coisa e vou escrever sobre eu sempre começo com um talvez. Exemplo: depois da noite de ontem, talvez não haja mais nada a ser dito. E eu jogo xadrez mexendo as peças com a mão esquerda pelo mesmo motivo pelo qual puxo as cartas do tarô com a mão esquerda.

Quem me viu no fim de semana me viu sorrindo, mas a verdade é que me sinto desmoronando aos poucos. O que me mantinha inteiro já não funciona mais. Essa correria não me dá mais paz. Eu não me dou mais paz e o caos anda comigo. Tentei me enganar achando que depois do show de amanhã as coisas iam acalmar, mas é lógico que não. Nunca melhora. Desmaio quando o corpo não aguenta mais e acordo como se tivesse levado uma surra. Não é ressaca nem nada, e sim incontáveis noites dormindo 3 ou 4 horas.  Mas ainda não me dobraram. Nunca me concedam descansar. A agenda é insana, mas ela será cumprida.

No meio disso tudo, esbarro com pessoas que mostram que o caminho vale a pena. Fui operar um show no La barra, cheguei atrasado e era um show de pagode. Podia ser uma tragédia , mas foi uma lição de profissionalismo por parte da equipe dos caras e de carisma por parte da banda. Um grande abraço pro André e pro Roadie fodão que eu não sei o nome. E no meio da passagem de som cantamos racionais.

tenha fé porque até no lixão nasce flor.


Fico me perguntando de onde vou tirar força. ¿E cadê o estandarte quando eu preciso dele.?
Sinto cheiro de amanhecer. E pode ser que amanhã faça sol.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Bunker versão 2.0


A tarde começou agitada. Em cada canto da cidade havia um louco tirando músicas. Não é um ar de desespero, e sim uma calma apressada. Vai dar tempo, mas vai ser foda. Rabisca partituras em clave de Fá e de Sol. Só as partes que precisam. Só prá não precisar ficar lembrando. Toca um Purple e eu negociando por telefone:
- Eu quero saber se tu canta.
- Não , eu faço outras coisas.
- Tô sabendo, mas preciso que tu faça outras coisas cantando uma música num palco enquanto uma banda toca.
Preço imbecil e um tom de voz que não gostei. Próxima candidata fica pra depois. 37 músicas prá tirar e os dias com 25 horas estão cada vez mais escassos. Em cada canto da cidade havia um louco empolgado com o ensaio. Meus Deus, que voz eu faço nessa parte.? Como faz para cantar e tocar isso.?  Preciso de 2 cérebros. 12 horas num bunker e num estúdio, achando que o timbre tava uma merda e chega o Barão e diz que tava bom. E olha que eu estou com medo de pegar tétano nas cordas do Virgílio. A vida deve ser isso mesmo, a gente odeia o jeito que soa, mas estamos soando bem para uma outra pessoa, em algum outro lugar. Ou talvez eu seja tosco demais para perceber certos nuances do meu jeito de soar. De qualquer maneira, minhas notas nesse show já tem inspiração certa, mesmo ela sendo inacreditável.

A stripper ainda não apareceu, mas vai dar tudo certo. Equipe Vai vai vai.

Termino com uma frase simples e despretensiosa do Barão. "Vai ser, no mínimo, engraçado... com precisão no vai, ênfase no mínimo e ironia no engraçado"



Um novo bunker

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Antes e depois disso.


No fim de tudo eu queria salvar o ano. Ou, de uma forma um pouco mais egoísta, o meu ano. Queria me dar um presente de natal que equilibrasse tudo que deu errado no ano. E não foi pouca coisa. Inventei um show da Salve Ferris como pretexto para tocar com o Kiko e com o Barão. No vagão, o bar do Marcelo... no mesmo palco que tantas vezes já me viu chorar e sorrir. Era egoísta, mas fui além disso. E agora, muito atrasados com os ensaios, eu tenho uma certeza: Vai ser foda pra quem assistir. Depois do show segue a festa na minha casa para os de fígado forte e coração burro. As melhores pessoas do mundo tem o coração burro. As melhores noites do mundo terminam com os fígados.

Isso era o que eu podia planejar.  O que eu não podia planejar foi a noite de sexta, que só consigo definir como inacreditável.  E uma única noite conseguiu me colocar nos trilhos de novo, se é que existem trilhos para pessoas que vivem a vida do jeito que eu vivo. Improvisar não é planejar, diria o Potro, mas o fato é que o universo conspira. É muito Paulo Coelho essa frase, mas só com ela para explicar uma sucessão de eventos que enfiou um sorriso na minha boca que não vou tirar tão cedo. E eu lembrei que o mundo é bom, que conhecer gente nova me faz pensar. E aprendi que estar no lugar certo e na hora certa com uma garrafa de tequila no bolso faz toda diferença.

Devagar vou me entendendo: não acho que eu seja bom, mas acho que sou bom demais para algo que tentei por muito tempo. Não é possível buscar redenção e manipular ao mesmo tempo. E agora eu entendo isso, finalmente. E desisto dos dois. Não há nada que justifique minhas tentativas de manipular e omitir. Não tenho nenhum pecado tão grande que me coloque numa busca por perdão que seja maior que tudo. Só viver parece ser o melhor plano para o momento. Existe uma discrepância entre o que eu acho que sou, o que eu quero ser e o que eu realmente sou. Finais de semana como o que passou me mostram que bem devagar eu estou diminuindo a distância entre essas 3 coisas.  E acreditar em mim não é mais tão difícil quanto era.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Seguindo o coração


Eu já fiz muitos shows escondido atrás de um truque. Eu descobri que conseguia sorrir e ficar invisível enquanto tocava com os cabelos jogados na cara. Quer dizer, eu não tocava, eu ficava segurando o Virgílio enquanto ele tocava sozinho e eu cantarolava um tango ou uma música do ACDC. Essa pequena artimanha me permitiu fazer muitos shows chorando que nem criança sem ninguém ter percebido. Hoje descobri que isso também funciona numa mesa de som. Vi minhas lágrimas caindo em cima dos volumes me sentindo em casa. É por isso que gosto do meu trabalho e da minha relação com a música, essa maravilhosa arte e terrível profissão.

E como tudo é uma coisa só, cheguei em casa e coloquei a mesma camiseta de grêmio que esteve comigo em algumas das vezes que me esfarrapei. E pela camiseta cheguei numa foto. E pela foto entendi que estava na hora de ir ver o mar de novo. Enxuta, a concha continua com o mar guardado no seu estojo. E agora vou para o leste antes de começar mais uma semana.  Uma noite para recuperar o fôlego e tomar uma surra das ondas. E onda atrás de onda aquele aguão vai me colocar no lugar e encher um vazio de água salgada.. E a maldita dor na pena vermelha vai ceder.

Essa é minha vida. Encontrar mágica no absurdo. E conviver com um coração que me leva sempre para o mesmo lugar.

Cavalos Marinhos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Seguindo os passos do mestre



Foi estranho olhar para mim mesmo no espelho enquanto estava fazendo algo entre lavar a cara e tomar um banho numa pia de banheiro. Um walkie-talkie na orelha me dava ar de importância, mas nos meus olhos eu vi a mesma chinelagem de sempre. E a mesma esperança inocente de sempre.A empreitada era grande, mas em algum lugar aqui dentro eu sei que me viro bem nesse tipo de evento caótico. Durante o segundo ou terceiro show me dei conta de uma coisa: olhei pra mim mesmo e me vi operando o som na mesma mesa de som que o Kiko Fávero trabalhou no festival passado. Sorri bobo, meio orgulhoso, meio sem jeito. O som estava do caralho enquanto eu seguia os passos do meu professor (eu chamo ele de mestre). E trabalhar com o Fer Costa facilita tudo. E tem o Nick, o Monta. Time forte. Entre um solo de gaita e outro, eu ia decidindo minha vida por sms e pilotando as bandas do jeito que dava. Os palcos ganharam outros nomes: eu, tu, eles. E terminei a empreitada de shows sentido os pés doendo em lugares que eu nem sabia que podiam doer.

E teve um segundo... um pedacinho de tempo que me fez entender tudo.
Na frente do Missi, sentindo os pingos de chuva caíndo com ar de missão cumprida. Ali eu entendi a  mecânica do sistema. Há uma coisa mais importante do que os shows que faço no palco ou na mesa de som. O mundo foi bom e me deu de presente uma mulher que faz meu coração balançar. Eu nunca sei direito se nós dois estamos longe ou perto, mas eu sei que ela existe e mesmo que eu não a veja, eu sou uma pessoa muito melhor por causa dela. E sentir meu coração batendo todo torto por causa dela me faz bem muito mais do que a ausência dela me faz mal.

E hoje o festival segue.. De novo e ainda.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Fazendo as pazes com o Virgílio



"i'm getting wise and i'm feeling so bohemian like you
it's you that i want so please
just a casual casual easy thing
is it, it is for me
and i like you
yeah i like you
i like you
i like you
i like you
i like you
i like you
i like you
i like you"



"Shall I go on, and on, and on, and on, and on, and on again?"


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Período Prolixo



Ao som de Metallica - Turn the page

_____Caos nas aulas. Em psicologia do desenvolvimento estou correndo conta o grau C entre cervejas para a Mariana e pesquisas históricas. Depois professora Resiliência olha e me vê pesquisando a escala menor húngara* e pergunta o que eu queria com aquilo. Discussão de meia hora apesar de estarmos no meio da aula. Adoro ela e a facilidade com que ela explica o que quer. Resiliência é um conceito muito abstrato para mim, estando sempre muito além da definição da palavra. Há uma subjetividade sem a qual a palavra não faz sentido. É diferente de palavras que são um conceito antes de ser qualquer outra coisa. Maturidade é viver em paz com o que não se pode mudar. Sou imaturo por natureza e sempre vou tentar mudar o que está errado. Quero colo com 5 estrelas e o cavalo marinho que tanto  passeia pelos meus sonhos. 

_____O destino está do meu lado. Ele sempre me leva para uma ostra com cheiro de nostalgia, porque através dela eu lembro de outras coisas também muito importantes. Eu já descansei por tempo demais, está na hora de voltar ao que eu sou. O passado não muda, não tem volta, mas eu sou louco o suficiente para insistir em mudar o presente. Meus dias de 25 horas funcionam melhor quando insisto em pedir que nunca me conceda descansar.

6 da manhã, hora de dar bom dia e tentar ir dormir. A madrugada não foi fácil. 

*(1 - 2 - b3 - #4 - 5 - b6 - 7)

domingo, 7 de outubro de 2012

Notas perdidas

Disseram que hoje eu estou triste. A verdade é que eu sempre estou triste. Há uma sensação que me acompanha já faz anos. Estou me enchendo de trabalho insanamente e finalmente cheguei no ponto em que está quase impossível dar conta de tudo. É um processo calculado: quando mais eu trabalhar, mas consigo achar malucos iguais a mim. De vez em quando esbarro em uma sensação de pertencimento que justifica quase tudo. E ameniza. Preciso manter a cabeça ocupada para que os gritos do coração não me enlouqueçam. Pra que que eu chegue na minha cama pra dormir e simplesmente desmaie antes de me dar conta de que estou sozinho. Já não rezo antes de dormir faz muitos anos, agora meu mantra basicamente consiste em pedir desculpas para um emaranhado de remendos de água salgada que não para de apanhar no meu peito.

Queria que essa dor passasse, mas considerando que sistematicamente afastei de mim as pessoas que poderiam me dar colo e que nenhuma surra tem dado resultado, não me sobraram muitas alternativas. O fato é que o mundo não vai parar só porque eu não vivo meu luto como deveria. E mais cedo ou mais tarde a gente precisa entender que o passado não tem volta.  Nunca melhora, mas isso não é necessariamente ruim.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Santo Expedido quase me bateu...


Sei que demorei, mas sempre carrego comigo a sensação de estar terrivelmente atrasado... desde que me chutaram abismo abaixo. Queria poder ter algum fato emocionante prá contar, mas a verdade é que minhas palavras soariam cansadas.  Uma gripe continua sendo o preço para os meus exageros. E os exageros, bem sabemos, são um tentativa quase válida de buscar no resto do mundo o que só existe em uma pessoa: balanço. Somos dois que se sentem bem e mal ao mesmo tempo. Mas no meu caso, as coisas boas superam em muito as ruins.

Queria poder contar uma história diferente dessa vez.. algo que não seja a mesma repetição de sempre : "...e la´se foi o idiota, sentar na beira da praia, pra conversar com o mar enquanto ele e e a chuva remendavam um coração velho com uma linha de água salgada."

Eu remendo e remendo, mas tá na cara que nenhuma costura vai durar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Cai a folha. ¿Quem sopra meu nome.?


Séculos atrás, perguntei para uma pessoa que está longe: - Diz uma música pra mim tirar. A resposta foi:




Hoje de tarde acabei com o violão na mão tocando ela umas 20 vezes, até minha voz dizer o que eu queria dizer. 3 acordes e uma história sem tempo. Viver o luto, diria o Barão. Mergulhar digo eu. Essa pequena raiva na superfície só deixa a paz das profundezas melhor.¿E se eu dissesse que o tempo é como um rio que corre sem ter começo nem fim. Sempre com a mesma água, as mesmas curvas e as mesmas cachoeiras. Ops, acho que já disse: "Ah, tem uma repetição, que sempre outras vezes em minha vida acontece. Eu atravesso as coisas - e no meio da travessia não vejo! - só estava era entendido na idéia dos lugares de saída e de chegada.[...] mas o real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia." GS:V

E assim dou as boas vindas a esse agosto que entra leve, sem a mesma discussão de sempre. Sem Tiago, sem dualidade, mas com uma chuva muito minha. Os demônios de sempre continuam aqui e os sussurros deles me tentando ainda me assustam em algumas madrugadas, mas não vou reclamar. Entre o silêncio ensurdecedor e  pensamentos com covinhas, continuo inteiro. Levo comigo a esperança e a coragem que só os loucos carregam. A dona das asas tem razão, se ela ficar perto eu sempre vou tentar desviar meu caminho até ela. Mas até os loucos, quando perdem alguma coisa, ficam procurando o que perderam.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Das aulas de literatura que passei dormindo...



Acho que meu cérebro colou alguns relés no fim de semana. Mas algumas portas se abriram. Talvez venha desse texto a idéia (sim, eu escrevo com acento e que se foda) de não fazer alguma coisa quando me mandam fazer e/ou me tratam como se eu tivesse a obrigação de fazer. Aula de literatura em 93. Cichelero, tu deve ter sido um bom professor, quase 20 anos depois um aluno teu lembra de uma aula. E eu dormia em todas as aulas, pelo que me lembro.




"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


- José Régio: Cântico Negro

sábado, 21 de julho de 2012

Frases simples e despretensiosas sobre grandes assuntos

"O Leste Europeu continua lindo."

-Kiko, o Fávero.

Pela paz de espírito!


Eu não ia falar nada sobre o dia do amigo, não sou de datas, mas aí uns 2 ou 3 que eu sou muito fã me mandaram um feliz dia do amigo. Tento agora lembrar aos meus.

Mateus correria, obrigado por me sacudir com as tuas perguntas. Lê, obrigado por me sacudir com as tuas respostas. Luciano, nunca consegui explicar que eu ia na boca só porque era teu amigo. César, Bledo, Nick, aprendi mais com vcs segurando as baquetas do que com qualquer professor. Barão, ¿de que jeito eu vou te agradecer como amigo se acabamos nos tornando irmãos.? Potro, gracias por não ter desistido quando eu mesmo já não via esperança nenhuma. Professora de resiliência, sei que não fui o melhor aluno, mas me esforço até hoje. Cíntia Vida, minha irmã orgulhosa, minha alma ainda é tua, mas não foi presente, foi troca justa.  Ângelo, Copa, vcs continuam como reitores da universiadade de caráter. Mário, te chamo de professor e não é por acaso. Não julgar foi ensinamento precioso, muito mais do que dps e movimentação. Caldo, Wood, Mark, grato, não agradecido. Ensinam pelo exemplo. Kico Mestre, parceria total entre a consideração e um equalizador de 31 bandas. Tchuky, levamos anos para nos entender e entender a distância certa. Uma noite de conversa e um mês tentando assimilar tudo. Fábio Bento, se der um tempinho, entra no msn. Beijo me tweeta. Time forte. Compadre, cada um tem o mestre jedi que merece e sou grato por ter o meu. Lua, sou só sol, iluminando a tua lua nua. Seco, um dia eu disse que o Alemão é uma rainha.. isso te torna um rei. Cla, tu sempre foi a melhor produtora do mundo, muito antes da pastelina e do Twin Peaks. Deivid, Deja, Miju, Azeroth fica mais leve por causa de vcs. Maúricio gaucho, daqui até a vida a gente vai abraçado... daquele jeito. Uruguaia, teu sorriso fica impresso em mim cada vez que te encontro. Minha senhora com sotaque portoalegrense. Karen Jasmim, teus desejos ainda estão no meu freezer esperando. Ana pic-pic, tudo que o mundo te der de bom ainda vai ser pouco. A Ostra, que é simplesmente a Ostra e nada mais.

E por último, a violinista que não existe, que chegou como se fosse dona, colocou um celo na minha mão e me chamou de jaguara com propriedade.

Tem vários que eu não escrevi. Não pensem que me esqueci, mas alguns estão e são tão entranhados na minha vida que eu simplesmente não teria como agradecer. A todos, um muchas gracias. Olho para mim no espelho e vejo que, com a ajuda de cada um de vocês, forjei uma bela mistura de qualidades e defeitos.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mariposas


Há certas coisas que não mudam. Sempre escrevo quando estou inquieto. E quando estou inteligente o suficiente para entortar o que escrevo.

Hoje não estava com vontade nenhuma de estudar ou tocar qualquer coisa. Mentira, o celo eu quero tocar, mas só porque não sei ainda. Sentei no teclado do Barão com a fumaça do café me fazendo companhia. Lembrei do mojo psicológico do irmão que fiz pelo caminho. Tropeçando com os dedos entre uma nota e outra, fui soando para tentar me entender. Deixo meus dedos no automático enquanto fecho os olhos para ver melhor. Falta uma peça no quebra cabeças, mas a imagem continua encantadora. Talvez eu esteja procurando uma peça para um espaço que não existe. Talvez eu esteja inventando um espaço porque quero estar na imagem.

O fim da tarde foi frio e meio pessimista, guardo o resto da metáfora pra mim. Lembrei de dois leões num filme velho. A sombra e a escuridão. Eu tiro lições das coisas mais absurdas para tentar equilibriar o monte de coisa óbvia que deixo passar batido.

E prá compensar as formalidades e convenções sociais que eu insisto em não assimilar.

sábado, 30 de junho de 2012

Leviano, sereno e flexível



Isso tem cheiro de paz de cemitério, mas é apenas um pequeno descanso. Fiquei tanto tempo sem desncanso que cheguei a me esqeucer porque não podia descansar. Não ter aulas é estranho e agora estudo por não me sentir obrigado a estudar. Porque me tornar um músico melhor é o caminho mais sereno que encontrei para me tornar uma pessoa melhor.


Pelo céu que ficou mais escuro eu sei que está na hora de fazer mais um amanhecer. Faço, sem problemas, mas antes preciso de mais uma cuia. Estou ansioso de um jeito muito peculiar. Sempre me sinto assim quando entro na vida de alguém e me sinto em casa.

Vivo. Tanto.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Minha Ostra



O que te escrevo são só palavras. Elas não tem cor, não tem a intensidade que eu quero. Não tem peso nenhum porque não tem a insegurança e nem o entusiasmo que carrego na voz quando falo contigo. Não tem o brilho do meu olhar quando te vejo. Não tem meu coração batendo atravessado ou minhas mãos tremendo perto de ti. Coloco tudo que eu sinto nelas, mas são só palavras. E eu sei que você lê. Da mesma forma que você sabe que eu escrevo pra ti, embora tenha medo de que assim não seja. Queria poder falar olhando nos teus olhos, mas sei que você foge quando se apaixona.

Queria poder falar que te ver dormindo é como ver uma criança. A leveza do teu sono carrega toda a paz do mundo. Eu diria também que até o mar se sente pequeno perto de ti. Eu diria que teu silêncio machuca, mas a lembrança do teu beijo a cada chuva compensa um pouco o vazio da saudade. Os amanheceres são mais fáceis por saber que você também esta acordando, mesmo que a gente durma separados. Diria que um palito de picolé ou um pedaço de pano ao redor do meu pulso podem contar pedaços da nossa história. E que nada me tira da cabeça que tu merece um final feliz. E eu também.

Dói não saber, dói não poder falar. Os longes estranhamente nos perseguem. Estranhamente te procuro em todo lugar que vou. Fico triste por não te ver, porque sei que tudo ficaria melhor com a tua presença, mesmo que não me dissesse uma só palavra. Cada vez que te ligo e você não atende me faz mal, mas me lembro da única vez que deveria ter ligado e não liguei.

Não importa o que aconteça... não vou desistir. E isso não tem a ver com a minha força ou com o pouco de esperança que ainda consigo ter. Eu sempre soube da benção que você é na minha vida.  Minhas asas doem de saudade e nada consegue existir sem me lembrar que errei e te perdi. Não sei se o amor pode fazer milagres, mas eu acredito que o nosso amor pode fazer tudo aquilo que quisermos. E isso te traz de volta pra mim o tempo todo. Em cada sorriso. Em cada música que toco.

A culpa foi um peso infinito e a dor ainda deve me odiar, com razão. Sei que você já me perdoou, mas o que você não sabe é como foi difícil me perdoar pelo mal que te fiz. E pelo mal que me fiz quando você saiu da minha vida.

Enfim... Eu ainda te amo, desde a primeira vez que te vi.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pela vontade de um beijo na chuva


Ao som de white snake - Love ain't no stranger

"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro."


Um mistério de perguntas sem respostas.
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? De onde sabemos...
O que achamos que sabemos?
Como acreditamos em tudo?
Inúmeras perguntas em busca de uma resposta.
Uma resposta que levará à outra pergunta...cuja resposta levará à outra pergunta e assim por diante.

Mas, no final, não é sempre a mesma pergunta?
E sempre a mesma resposta?

Eu sei que você sabe que é a minha pergunta e a minha resposta.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Quase quase quase


Estou bem, só não estou feliz. Sinto falta da minha irmã. Sinto falta do meu amor. Um dia escrevendo partituras, cuidando de um velho velho amigo. Direita esquerda direita direita. Esquerda direita esquerda esquerda. Final de semestre é sempre a mesma coisa, não importa o curso, não importa a universidade.

É difícil falar de certas coisas considerando que o Tom Jobin e o Vinícius de Moraes já disseram o que era preciso. E ironia pouca é bobagem considerando a maneira que essa música chegou no meu colo.

"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você


Assim como o oceano só é belo com luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim 
E eu não existo sem você"

quinta-feira, 24 de maio de 2012

شیطان


Noite de chuva e de diabo. Eu sei porque vejo teu olhar naquelas esquinas. A base do castelo de areia. Uma noite sem querer com um motoqueiro. A melhor placa do mundo para uma moto: IKI. ¿Onde eu estava com a cabeça pra deixar aquela mulher ir embora.? Os tijolos para os quais eu dei nome enquanto olhava para o prédio da sinimbu continuam lá, embora eu não os veja. As estrelas continuam brilhando sobre as nuvens. A definição de doutrina é ainda melhor do que a de força. São só 5 aspectos logo depois da dedicatória, não posso me dar ao luxo de ignorar um deles. Cervantes e Sun Tzu. Um vocalista que sabe que momento é massa vezes velocidade. Um baterista sorrindo e me surpreendendo a cada 4 compassos. Não estou feliz, mas estou bem. Escolher faz toda diferença.

Sou uma má companhia, de fato. Mas quando as fogueiras grandes precisam, eu sou a melhor companhia de todas.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Louco sou, e louco hei-de ser

Relendo o livro do cavaleiro da triste figura, se as nuvens não trazem lembranças, as palavras o fazem. Não quero um bode expiatório, não quero me sentir melhor. Só quero ficar perto de quem me faz bem e, com um pouco de sorte, retribuir o bem que me fazes. A gente não se escolheu por acaso.

A vossa espada não igualou a minha,
Febo espanhol, curioso cortesão,
Nem à alta glória de valor minha mão,
Que raio foi donde nasce e morre o dia.

Impérios desprezei: a monarquia
Que me ofereceu o Oriente vermelho em vão
Deixei, para ver o rosto soberano
De cor pálida, aurora bela minha.

Amei-a por milagre único e raro,
E, ausente em sua desgraça, o próprio inferno
Temeu meu braço que domou sua raiva.

Mas vós, godo Quixote, ilustre e claro,
Por Dulcinéia sois ao mundo eterno,
E ela por vós, formosa, honesta e sábia.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Um inverno de cada vez


_____Vai dormir 3 da manhã, ressucita as 6. Despertador por sms. Acordei e percebi muito rápido que a sensação estranha que eu estava sentindo tinha nome: frio. Meu primeiro pensamento inteligente foi embaixo do chuveiro. Eu deveria ter ficado na cama. Mais sms. Passeio pela casa pelado pra procurar 'enroscado' no dicionário, não havia outra palavra para o que eu queria dizer. um ou dois erres. Arruma as tralhas pra viagem. Aula é para quem não tem amigos na camiseta. Sempre atual, sempre perspicaz. Só 5x.?? Como assim, geada.?? Pensando um milhão de coisas comecei a tocar meio que por instinto. Como se minhas mãos precisassem do meu cérebro para saber como soam os meus sentimentos. Sem me dar conta estava sorrindo. Claro que quanto mais quente, pior vai ser separar, mas separar é uma palavra que não quero mais usar com ela. É possível ser feliz pra sempre naqueles momentos entre o acordar e o sari da cama.  

_____Fuma um cigarro nos fundo da clausura na universidade. Como assim, uma laranjeira cheia de laranjas.?? Uma taquara e um cigarro depois eu estava espremendo laranjas prá fazer um suco. Aula de tarde. Sono. Capota na cama. Pesadelos. Vontade de alguém pra me esquentar. De alguém que diga que tudo vai dar certo sem dizer palavra. Mais aulas, agora com nenhum sono. Café café café. Mais uma térmica de chimarrão, vai lá. Caminha um pouco lá fora, só pra ouvir o silêncio da madrugada. O vigia me pede um cigarro. Metro linha 743. Opa, já está tarde, amanhã pode acontecer qualquer coisa. Hora de dormir de novo. O mundo segue com rédea solta. Daqui a pouco tenho que acordar e ser acordado. Esse inverno bem que poderia ser dela. 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sui generis


_____Texto sem qualquer ordem cronológica. Idéias caoticamente ordenadas na medida em que meu cérebro vai linkando coisas aparentemente desconexas. não sei quem entende ou como entende.

_____Lembro de uma conversa e mesmo durante ela, já sabia que estava num jogo de pega peixe. Uma irmandade paulista para dizer que nada é verdade, tudo é possível. A lua gigante no leste do céu. E a bússola apontado prá lá como se fosse norte mesmo. Pensei em ir pra praia ver as marés dançando frenéticas. Noite calma como uma bomba. uma gatinha preta com uma machinha loira na cabeça. Ironia, aqui me tens de regresso. Força é a capacidade de tranformar em ações aquilo que se propõe. F = m.a. Quem tem força tem fama. Fórmula de báscara com duas respostas. É um quadrado. As crianças vivem num mundo de imaginação e sentimento. Elas dão ao mais insignificante objeto a forma que lhes agrada e vêem nele o que quer que desejam ver. Queria ver assim. E ser invisível. Elessar. Nem tudo que é ouro fulgura, nem todo viajante é vadio.

_____É raro o mundo dar segundas chances, gracias pela de sábado. Fui burro e tentei fingir que não tinha entendido da primeira vez. Esse tipo de comportamento me coloca em situações bem desgraçadas. Respirando eu mudo. Minha irmã, uma lista de filmes e um pedido de perdão infinito. Temos o rótulo dos sonhadores e a esperança implícita. Papai, Mamãe, sou livre. A perfeição tem estrelas, defeitos e pupilas lindas. Quando ela ergue uma pestana até a noite se ilumina. ¿E o meu cavalo.? Enlouqueci para não ficar louco. Intensidade. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Porque ela, teimosa, prefere conquistar do que ser conquistada.




É uma data que eu não teria como esquecer. Entre uma descrição mais tua do que do teu signo e os nossos quase encontros, lembrei de um texto. Guardo ele num jpg chamado relíquia. A única imagem que fiz questão de guardar do meu orkut. Tem data: 19/01/2007.  Enfim, ele resume bem o que te desejo:

"Apesar de admirarmos  os pássaros e as gaivotas em vôo, o instinto nos diz que para dar os primeiros passos é necessário que tomemos a decisão de voar. E esse se jogar para o desconhecido é a atitude que se paga. Sempre. É arriscado, envolve uma aposta besta em nossas  mais despercebidas qualidades. Mas o vôo é inegável. Desejo-te o vôo mais longo rumo ao teu horizonte particular, rumo aos teus sonhos.


Beijos"

Mudou um mundo de coisas, e outras continuaram iguais. Mas essa discussão não cabe aqui. Sem tequila não vou discutir nada. Quase um segundo, mas chegando muito mais perto do terceiro.

Teu presente continua guardado, uma manhã dessas vou te entregar.

Feliz aniversário, minha Ostra.
Y gracias por todo.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Boa, hunter! Ensina o mago noob.



_____O final de semana começou atravessado, mas com gosto de rum na boca e um cheiro estranho no ar. Sair da zona de conforto. Ouvir "tu tá diferente" é reconfortante. Ouvir "isso não se faz" não é. Escolhas, mnéh. O mundo me jogando o número 3 na cara e não me deixando dormir. Risos sinceros depois da festa. 

_____O mundo pára um pouco e desce quem quer descer. Depois eu e uns outros caras empurramos e ele pega no tranco. A madrugada é de peculiaridades fundamentais.

_____Penso que até havia o que ser comemorado, mas sem certeza. Agora, no fim de tudo eu tento olhar de fora e, pelo que vejo, não pareceu mesmo uma comemoração.  Isso acaba não importando. Ao fim de tudo, escorado com os pés prá cima, conversando com pessoas com as quais meu santo bateu (ou que são o meu carma) vejo tudo em paz. Ninguém julga ninguém e agora eu vejo como isso fez falta. Pessoas de valor.

Vou dormir sorrindo.

E ainda temos dois dias. Talvez role uma troca: em vez de wow eu poderia pensar em cerveja. Porque transformar seguro desemprego em cerveja faz muito sentido.

sábado, 28 de abril de 2012

Com os pés prá cima


Uma coisa de cada vez, fingindo pra mim mesmo que existe uma organização nos planos que não tenho. Nos planos que não perco mais tempo fazendo. Fim da tarde tocando chico no violão. Se um dia eu tocar bem, tenho um agradecimento público a fazer. Um pai e uma mãe no que se refere a música. E no que se refere a vida,  porque, mnéh, entre uma nota e outra não sobra espaço para personagens. ¿Será que ela pensa em mim por causa das letras?  Será que semear vento pela cidade e sair bebendo uma tempestade tem o mesmo significado para mim e para ela.? Acabei anoitecendo no teclado tocando Adele com pinguinhos caindo nas teclas. Cantando baixinho, completamente desafinado. Na música tenho achado a fuga que precisava, ou seria meu merecido descanso. Nota atrás de nota vou colocando tudo prá fora... sem ódio, sem tristeza, sem raiva, sem nada e ao mesmo tempo com tudo. Rindo de mim mesmo por não saber onde colocar os dedos na trilha sonora de um fim. Para cada lembrança ruim que sai eu coloco uma boa no lugar.  Meus pulsos não doem mais, coloquei de volta neles o que nunca deveria ter tirado. Devagar eu vou melhorando.

De uma hora para outra um cavalo marinho pode morder meu queixo e posso acabar morando na praia.

Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Livre


Cada diário, cada agenda, cada poesia mal escrita desde 15 anos atrás eu queimei.. na beira da praia...

Depois dormi sorrindo, mil toneladas a menos pesando nas minhas asas.


terça-feira, 17 de abril de 2012

Alma.?? que alma.??

Eu sei essa poesia de cor faz anos. Reveilon de 2009, eu acho. Foi uma época estranha e eu me lembro de autistamente não entender quase nada do que estava acontecendo. Descobri Pablo Neruda na época e de tempos em tempos um ou outro verso dessa poesia gritava em mim. Agora vai ela, inteira. Porque decepção não chega nem perto de descrever o tamanho desse tombo.


Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos."

El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como esta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche esta estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Yo la quiero, es cierto, y cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
A veces no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como esta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque este sea el ultimo dolor que ella me causa,
y estos sean los ultimos versos que yo le escribo.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sem nada nos pulsos

_____Eu não sei se você ainda está aí. Faz uns 3 anos que não jogamos mais, mas há coisas que só você pode entender. Tu sempre começava com as brancas com d4. E só havia um motivo pra me fazer pegar o cavalo com a mão esquerda e Cf6.


_____Isso soa como uma carta que eu não vou mandar. Simplesmente não sei para onde mandar. Não sei quando, não sei nem se você vai ler isso um dia. Queria agradecer pela arte da guerra e pelo elogio na dedicatória que eu nunca fiz por merecer. Eu gostaria de jogar mais uma vez contigo antes do fim, mas não sei se teremos tempo. Aquelas nossas discussões sem palavras me ensinaram muito. Tu tinha razão em dizer que eu só ganharia se eu prestasse atenção no que acontecia ao redor do jogo. Peço desculpas, mas eu era cego. A ideia de entender a alma do peão e de encontrar a redenção no fim do tabuleiro era grande demais para que eu prestasse atenção em qualquer outra coisa. O horizonte não é o fim do tabuleiro, nunca esqueci, mas só agora entendo. 

O jogo, no fim das contas, é o que menos importa.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

¿Até quando.?

Todos os caminhos me levam ao mesmo lugar. Mesmo se eu quisesse, não teria como esquecer.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Eu ando nas sombras

_____Há algo em mim que pouquíssima gente viu. E que provavelmente ninguém vai ver de novo. As vezes, no meio da madrugada, quando meus fantasmas não me deixam dormir, eu pego o violão e fico tocando, sentado no chão nos pés da cama. Eu toco bem baixinho, como se meus acordes fossem  perturbar o silêncio. Sussurrando versos como se, com uma pena indescritível, estivesse tentando ensinar a mim mesmo de novo e de novo. Não sei dizer como soa aquilo que toco, porque fico focado no que acontece dentro. E dói olhar pra dentro quando é tarde demais numa madrugada qualquer.



_____Enquanto tocava essa música, vi o sol refletido num ovo de páscoa enquanto amanhecia. Luz demais, se isso fosse possível. 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vilipendiado

Ao som de: Nirvana - Where did you sleep last night

_____Amável a senhora foi me buscar no meio do caminho e me trouxe até aqui, sabendo o que ia acontecer antes de mim. E pingo atrás de pingo, curva atrás de curva vão me mantendo vivo. Mas sei bem que não pode chover pra sempre.

 Logo

Partituras jogadas onde piso
Eu acabo levitando entre elas
Pé ante pé sem ter onde cair
Indo, sem ter pra onde ir
Deito sem saber como soou
Ou mesmo aquilo que sou.
Silêncios na cabeça, notas na mão
Raízes no céu, galhos pelo chão.
Não há espaço para meus pés
E tropeçando insisto em caminhar
Não há espaços para meus dedos
E chorando eu insisto em tocar.
Procurando melodias, rabiscando poesias
Sem saber como devo soar
Fugindo de mim até a dor passar.
Rezo até para um deus que não existe
Para que não demore isso tudo acabar.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O baixista mineiro, o publicitário gay e o bêbado que me atropelou

ou A tendinite, a ressaca e a culpa



Ao som de Chico Buarque - Sobre todas as coisas

_____Sexta feira e lua cheia, eu devia ter imaginado que não ia ser tão simples ficar quieto no meu canto. Eu já tinha sido atropelado de madrugada por um bêbado, mas ele me ofereceu uma bira e ficou tudo certo. Alguns arranhões e hematomas a mais não iriam me preocupar. Depois de uma conversa no MSN eu já tinha destino. "Se tu comer brócolis eu te levo num show open bar" soou como uma proposta irrecusável. Roupas na mochila e eu esperando carona sem saber pra onde ia.  Acabei num show de sertanejo em Gramado. Chorei meio escondido entre uma música e outra, fazendo amizade com o garçom e cubas com 4 coisas misturadas. Um segurança me olhou com cara feia quando fui pro camarim, mas ele me deixou passar com um balde na mão enquanto eu pensava comigo que músico realmente tem cheiro de músico. É engraçado conversar com esses caras de bandas grandes, eles obviamente são muito fodas, mas continuam chinelos que nem eu, que nem o Barão, que nem o Fiu. Gente como a gente. No fim, comi brócolis. Eu não lembro direito do gosto, mas lembro que gostei.

_____A ressaca foi domada a duras penas com chimarrão, e quando começou um poker com o diabo na mesa, achei melhor me retirar. Fugi pro mundinho do warcraft. É só um jogo, mas tem sido uma fuga válida. Ali encontro um gnominho turco e sem noção, mas com um coração gigante. Ou um hunter que não cansa de me surpreender, porque a resenha sem palavras não respeita distâncias. Acabo me consolando um pouco com eles enquanto toco fogo em quase tudo. Lembro do Paulista nesssa história toda. Sinto saudade dos silêncios dele. Daquele inverno inocente e diabólico antes de tudo.

_____Eu tentei e não adiantou nada. A sensação de vazio continua aqui. Eu contava semanas (amanhã seriam 72) e agora conto horas, conto minutos. O tempo continua passando devagar, mas acho que é assim mesmo pra quem está machucado. Deu errado em porto, não teria porque dar certo em gramado. Outros mares, mas a mesma praia. 

_____Não me defino mais pelo que sou, pelo que tenho, pelo que posso, até mesmo pelo que sabiamente me julgam... mas sim pelo que perdi, pelo que podia, por aquilo que silencio. Não é preciso me olhar muito para ver as marcas do que perdi. Quem em ouve tocando percebe que estou com vontade de gritar de dor. Mas sei bem que estou colhendo o que plantei e que ninguém tem nada que ver com meus gritos. Sei que ninguém me excluiu de nada. Sou só eu me colocando no meu lugar. Ou melhor, tentando encontrar um lugar pra existir e soar depois de tudo. Porque viver é uma palavra forte demais pra descrever o que acontece comigo sem a minha rosa.

Deixam marcas os pedaços que vou perdendo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Longe do meu lado

Aquilo que eu costumava chamar de destino nada mais era do que meu coração dando as coordenadas. Coração esperto, já tinha entendido que dizer o óbvio quase nunca funciona. Assim como eu já tinha entendido que não podia escolher muito. Ou acompanhava ou seria arrastado, esse era o acordo.

Um caramujo com uma clave de sol, um pente de madeira, uma gaveta vazia, um quarto vazio, uma vida vazia. Um ursinho russo com olhar apavorado. A TV virada pra cama, um travesseiro filhote de leão, um livro do Frederico com um jasmim marcando uma página. Um lagartixa no deserto, sempre no corre louco. A Lua. A sinceridade que me trespassa. Me amassa. Me desgasta. As memórias vão me arrastando enquanto eu continuo tentando correr. Manco, quase cego, sem esperança e sem saber desistir.

Ah, coisa preocupantes: Às vezes perco minha alma, e saio procurando sinais dela em alguns lugares onde sei que pertenço. Ou sabia... ultimamente sempre me sinto fora do lugar... então, eu tinha que tentar, mesmo tendo quase certeza de que não ia dar em nada. Um por do sol sozinho na beira do rio.

Sozinho não define minha solidão, mas enfim, agora eu sei: foi bobagem minha tentar achar meus pedaços em Porto. Minha alma se sentia em casa lá, mas sem alma, não há mais nada pra mim naquela cidade. Em lugar nenhum, ao que parece.

Há um lugar, mas essa escolha não é minha.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Eu vejo

Do lado do meu metrônomo tem um anel, um recado que ficou meses pendurado do lado do meu monitor, uma clave de sol bordada num pano antigo. Um barquinho de papel com uma marca de batom. Não é como se eu pudesse jogar fora. Embaixo de tudo, numa folha de caderno já meio amarelada, essa poesia, ainda velha e ainda barata. 


Ruínas

No meu estojo, tantos beijos
Tantos rabiscos, passados abraços
Não os conheço a todos
E, por certo, nem todos me conhecem.
No meu coração, tantas dores
Cicatrizes, arrependidos amores
Escritos devagar e sem pena
Vividos pelo meio, sem tudo que podiam ser
Na minha cabeça, tantas lembranças
Quase boas, retorcidas saudades
Às vezes machucam, às vezes alegram
Necessidades estranhas, futuro ao inverso
Na minha mochila, asas maiores
Do tamanho do céu, falso horizonte.
Não sei mais voar aqui.
E agora rastejo por dentro de um olhar vazio
No meu amor, uma fé que hesita
Encruzilhadas sozinhas, sombras geladas
Por medo de chorar não sorrimos
Por medo de viver nos deixamos morrer.

Na minha tristeza, tantos motivos
A mesma culpa, insignificante razão
Perdido entre os outros em mim
Sozinho no fim, sem mesmo um coração.

sábado, 24 de março de 2012

Etiquetando coisas

Abraçar o Semasas doeu. Mas o bom de você se sentir no fundo do poço é que não há mais para onde cair. Troquei um par de moedas pelo bastião. Ele me mostrou uma tatuagem. E lá estava eu cheio de orgulho da coisa mais parecida com um ser humano que já encontrei. Tive certeza que ele vai cuidar bem de quem eu não posso cuidar. Depois, com as mãos tremendo e com o coração apertado, segurando duas moedas, ia decidindo minha vida por SMS. Show do compadre e eu sentado no balcão escorado num litro, só pela nostalgia que ali me cabia. Sabia bem que ali não era meu lugar, mas seria injusto se eu não me permitisse certas coisas uma ultima vez. Percebi a grande ironia se desenhando subi no palco para cantar. Como eu imaginei, ninguém entendeu o que eu cantei. Depois coloquei o Semasas no palco. ¿Porra, como é que vcs vão fazer quando eu não estiver aqui para colocar as coisas nos seus lugares.?

O Potro me ligou de manhã. Foi louvável, eu não poderia esperar menos dele.  Mas ele deveria ter me dado uma surra. Teria sido melhor. Como se a confusão em que me coloco não tivesse me quebrado o suficiente. Como se diferença gritante de sentimentos não soasse como indiferença. A idéia do mar foi boa, se existe alguém que pode mudar tudo é aquele monte de água estrelado. Tá na lista, a propósito. Enfim, Potro, só pra ti não dizer que não gosto de ti.

terça-feira, 20 de março de 2012

E eu era.

Ás vezes penso em apagar o blog. Tocar fogo no smeus diários numa terça-feira qualquer. Como se eu pudesse apagar minhas cicatrizes, meus alicerses. Como se eu pudesse tirar o palito de picolé sem destruir o castelo. Olhando para trás, misturo vergonha e orgulho sem querer sentir nenhum dos dois. Leio coisas do meu ego e ainda quero crucifícá-lo. Pontos que deixei para trás e que não sei onde vão ser ligados. Não posso. Capítulos intermináveis. Crime e castigo. Frases que deveria ser terminadas com ponto final que eu insisti em transformar em reticências. Tudo isso me leva a crer que o problema nunca foi meu coração. O que sinto e o jeito que sinto não parecem estar certos, mesmo sendo exageradamente intensos. O problema é meu cérebro, já que meu jeito de pensar o que faço mostra-se ciclicamente enganado. É pensando que tenho que segurar as pontas do meu coração kamikaze.

Às vezes escolho músicas para tocar, as vezes eu sinto que a música me escolheu.



Forget about the reasons and
The treasons we are seeking
Forget about the notion that
Our emotions can be swept away
Forget about being guilty,
We are innocent instead
For soon we will all find our lives swept away


Ah, antes que eu me esqueça: Verão, aquele abraço.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Embora...

Vejo meus dias como compassos. E neles vou colocando minhas semínimas, minhas colcheias. Prenchendo espaços, colocando melodias, cantarolando com meus passos e acentuando notas com meus pensamentos. Nem todas a notas soam bem e no lugar certas, mas sei que é assim mesmo. Sempre estamos sujeito a erros quando tentamos algo novo, de novo. É muito estranho, mas sair da zona de conforto que me escondia está sendo bom. É como se eu estivesse sempre fazendo alguma coisa, bem ou mal, sempre soando. Ou silenciando para tomar fôlego para o compasso seguinte.
Sei que terei meu descanso, minha pausa de mil compassos antes de tocar somente em tom maior.

Cada vez que gritava "nunca me conceda descansar" lá dentro de mim, eu sabia que tudo que eu precisava era descanso. Mas não podia descansar, não na época. Eu estava procurando minha paz no lugar errado, como se ela estivesse fora. Como se uma outra pessoa pudesse dá-la a mim. Agora sei que o descanso que tanto falo não me será dado. Eu é que vou dá-lo a alguém.

A culpa não me maltrata mais. Nem me dá superpoderes. Aquilo que me torna vulnerável é justamente o que me deixa mais forte. Sigo apenas ventando, apesar do meu medo. Não vou fugir. O tempo vai virar. Há quem sopre meu nome.

terça-feira, 13 de março de 2012

Aqui

O aqui não muda possibilidades
Não é como se eu pudesse fazer qualquer coisa
Mas aqui o molde da minha vontade é maior
E, posso dizer, mais profundo
A vontade se queda mais latente
E isso muda todo meu mundo.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Germinal

Enfim (porque começar com enfim pode virar regra), eu pedi pra trazerem meu cavalo e acabei ganhando um lindo cavalo marinho de presente. E tudo que veio junto. Para acordar 6 da manhã e ver o amanhecer como um começo e não como um fim. Para acreditar. Para sentir até o fundo dos ossos que estou vivo.

Tequila que eu devo, tequila que me devem.  Aqui tem cuervo.
Nada acaba pra sempre. Basta um pouco de felicidade para tudo recomeçar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Vibrando em outras frequências

Aula de teclado da segunda. E toquei sabendo o que estava fazendo. 


domingo, 4 de março de 2012

No lugar errado

Não ter cor era uma vantagem
Eu era minha aquarela em branco.
Esperando ser pintado.
Esperando que alguém enxergasse as cores
Para as quais eu era cego.

E fui verde como um gramado na primavera.
Azul como um céu de outono
Sépia como um fim de tarde apaixonado.
E cinza como a chuva fria do meu inverno.
Mas agora me sinto escuro.
Mais escuro do que o fundo do mar.
E ao mesmo tempo tão pálido, tão fraco.
Tão frágil nessa necessidade.
Tentando me apagar, tentando me soltar.
Tentando encontrar um lugar que seja meu.
Que seja nosso.

Porque aqui há um que pensa.
Um que sente, um que sofre. Um amaldiçoado pela culpa
Um que deseja, um que tem medo, um perdido na loucura.
Um que vive, um que morre e um que apenas existe.
Os 3 amam, de fato.
Mas não consigo escolher qual ama melhor.

Por baixo de tudo eu posso ouvir
O som dos pés que me pisam sem perceber.
Ouço sussurros me julgando de fora.
Enquanto o peso das lembranças me esmaga.
Perdi meu tesouro mais raro
A chance das turbulências do meu oceano
Finalmente encontrarem paz em alguma praia

¿Quem se importa com o que eu sinto.?
Olhando pra baixo com a atenção necessária
É fácil me ver. Sou o parasita dessa cidade.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A rosa

Primeiro dia na escola de música. Teria um monte de fatos pitorescos pra relatar. Mas quando um flautista começou a tocar essa, tudo perdeu a importância.




Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer

Sem

Vou embora sem ter muita opção. E ir é como ter o que eu sempre quis de um jeito diferente daquele que imaginei. Tocar tem sido muito doloroso e estudar música soa como um jeito de sentir melhor a dor. Até queria dizer que isso é uma grande ironia do mundo, mas sei bem que é pura incompetência minha. Comigo levo um ponto nulo no peito. Deixo aqui meus pensamentos e meus melhores sentimentos. O cavanhaque não combina com meu olhar vazio e assim evito o espelho. Pergunto-me o que as pessoas irão ver ao me enxergar.
¿Quanto tempo eu vou conseguir sem desabar.?
¿Quanto tempo até que alguém mais perceba que tudo isso está muito errado.?

Cheio de perguntas eu vou.
A verdade é que eu queria ir embora de mim.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Aquilo que somos

Essa é porque passar a tarde no parque me fez muito bem.



Essa é porque as vezes eu penso no Kurt.


Acabo por me convencer de que quanto mais perto estou daquilo que mais quero, melhor eu sou como ser humano. E, cada esforço meu para me aproximar de quem mais quero, nada mais é do que  minha essência tentando melhorar.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sem asas e sem chão.

Os dias passam e eu perdi a noção do tempo. Não sei mais em que dia estamos, qual o dia da semana. O tempo não passa, ele se arrasta, pegajoso. Perigoso.

Também não sei porque essa eu tirei no violão. Mas depois do desenho da Pucca que jogaram na minha cara pra mostrar quem é que manda, a única coisa que eu podia fazer durante o amanhecer era tocar essa música.


Eu vou tentando...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A minha melhor parte

Sem sono, sem sonhos, pelo menos nenhum que eu precise dormir para sonhar. Pedalar de madrugada me ajuda a pensar. Minhas pernas já não doem mais como doíam semana passada. E eu olho pra frente em vez de olhar para o chão. O coração em compensação não se anima muito. E amanheço em pedaços, sem saber direito o que fazer. Os dias duram uma eternidade para quem espera.

Vejo uma imagem muito clara dos 3: um foi pregado numa cruz, o outro está escorado na cruz com ar nostálgico, e o outro fuma um cigarro sentado numa pedra, fingindo que não está preocupado com nada.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Amo

Do meio da madrugada, essa foi a cereja do bolo.


Ando
Meio desligado
Eu nem sinto 
Meus pés no chão
Olho 
E não vejo nada
Eu só penso
Se você me quer
Eu nem vejo a hora
De te dizer
Aquilo tudo
Que eu decorei
E depois do beijo
Que eu já sonhei
Você vai sentir mas
Por favor
Não leve à mal
Eu só quero que você me queira
Não leve à mal



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Enquanto o sol anda no leste do céu.

A noite chega e o tempo vai passando devagar. Outro metrônomo, esse com volume. Sentado com o Virgílio no chão. A Lua parece o sorriso do gato. Escuro. Não é pra ver mesmo. Tocando baixinho noite inteira pra não atrapalhar o mundo que dorme. Não que eu toque sem parar, as vezes me perco em pensamentos, saudades, vontades.  Ás vezes canso de tentar entender, canso do tempo marcado em clics, em segundos dias e horas. Lembro do Semasas dizendo que pra não desistir agora. E persevero, toco mais um pouco, amo um pouco mais forte. Perco a noção do tempo. O amanhecer vem e eu percebo que esqueci de dormir. Esperar é foda, ficar longe é estranho. Torço pra que não demore muito isso. Temos tanto ainda por fazer.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

De volta

Ontem amanheci sem esperança nenhuma, hoje já tenho no que acreditar e amanheço mais leve. É uma tênue esperança, mas me agarro a ela com todas as forças.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Se vier, traz meu cavalo...

Ela chegou gritando e me batendo, mas percebeu logo que eu não ia ganhar atenção fazendo isso. Não havia como me machucar mais. Eu estava ocupando bem as oportunidades que tinha para isso. Então ela sentou e esperou. E nós ficamos nos ignorando por vários dias. Eu sabia que ela estava ali, pacientemente me esperando,  sabendo que eu não teria como ignorá-la pra sempre. E nem me comportar como se ela não existisse. Não reconheço mais o som da minha voz e nem o rosto que vejo no espelho, mas mesmo assim eu sabia muito bem quem era ela assim que ela chegou. Não imaginei que ela voltaria tão grande, tão senhora das minhas atitudes.

Não posso dizer que ela está ali. Ou lá. Ela está aqui dentro, maior do que eu achei que fosse possível suportar. Ela também está aqui fora, tomando conta de tudo que eu toco, tudo que eu vejo. Tudo que eu sinto. Se bem que não sobrou coração pra sentir muita coisa. Nem toda água salgada do mundo poderia manter as costuras inteiras. E eu não sei mais como consertar o que sobrou do meu coração. Eu não consigo mais ter vontade de consertá-lo.

E ela sabe disso. A dor me conhece há tempos. Andava longe, quase esquecida, mas agora ela é. Eu lembro de dizer que a dor é o melhor mestre, e pacientemente ela espera eu criar coragem para encará-la de frente. Não vai diminuir nem aumentar com o tempo. E aqui estou eu, me sentindo como se não tivesse aprendido nada. Como se minhas asas fossem escombros que eu carrego sem saber porque. Como se meus olhos só mostrassem as ruínas de mim mesmo.

As vozes que discutiam sem parar na minha cabeça silenciaram. Todos estão feridos e esse é o preço por ter me entregado por inteiro. O silêncio que masi machuca é o do meu coração. Ainda não sei se ele simplesmente desistiu ou se ele não tem o que falar. A dor está, maior do que tudo. E eu não consigo fazer nada devido a ela.

Dói. E isso é tudo.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Até quando.

Uma fogueira com um livro de fotos. Eu não tinha uma nota de cem pra acender o cigarro.
Um olho roxo, prá aprender a defender a cara
Uma surra, porque colo não iria resolver nada.
Um tombo de bicicleta prá aprender a não andar na chuva com o cabelo solto.
54 horas acordado para adormecer contando ondas. Acordei assustado pensando que era um pesadelo.  E o instinto começou a trabalhar aos berros. Desabar era uma questão de tempo.
Eu preferia ter cortado o dedo do que ter tirado aquele anel.
Sempre chove quando eu volto pra casa. Dessa vez, mesmo de longe, alagamos a cidade. A chuva tende a ter a força da minha tristeza.

Falta-me coragem para me olhar no espelho. Não quero voltar praquela cidade nunca mais. A dor ainda me faz tremer. No fundo, não adiantou nada. A maldição continua. Continuo vivo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Prá misturar dor e água salgada.

Primeiro o que é primeiro, depois asfalto. Talvez eu corra demais, o coração vai pesado e incomodando. Achei que nunca mais fosse doer tanto. Só o mar vai me ver chorando. Se eu estiver lá, só eu e ele, vou acabar odiando a mim mesmo. E onda atrás de onda ele vai me colocar no lugar. Sou muito bom em me punir, mas as vezes preciso de ajuda.

"Onde cair a tua primeira lágrima, ali estará teu tesouro"

Volto quando der, deste lado ou do outro.
Putaquepariu, aquelas moedas estão fazendo falta agora.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mudança de paradigmas.

Não, eu não morri. Mas ando escrevendo em outros lugares, em papel mesmo.
E quem eu quero que leia me lê em outros lugares. Na carne mesmo. No meu olhar que fala tudo.

É como respirar: inspirar e expirar.