sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Alguém prá cuidar de mim...


Ao som de: Caetano Veloso - Caracóis


É hora de ir pro leste. Encontrar o mar e acalmar um pouco meu coração.
Na bagagem levo um baixo, um metrônomo e dois livros. Há um trauma que preciso perder.

Volto ano que vem. Se tudo der certo, vou estar no mar para, de novo, ver ondas cheias de estrelas.

Levo também uma agenda para escrever sem ordens de páginas.
Eu não escrevo porque alguém lê... eu escrevo porque preciso.



Ano passado falamos sobre paz e sobre buscar um sentido enquanto a sorte andava pela areia. Esse ano podemos falar sobre força.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Realmente, não poderia ser mais simples

Ao som de: Stu Ham - Nostalgia

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Porque eu estava deprimido, e a ausência de sentido dos meus dias estava me enlouquecendo. Porque eu queria saber como era o mundo fora da nossa bolha de falsa segurança, já que ela não me servia mais.. Acabei gostando do que vi. Acabei vendo que as coisas podiam ser melhores do que festa de segunda a segunda e que se eu não fizesse nada por mim, ninguém iria fazer. E me fechei porque estava meio decepcionado com tudo, principalmente comigo mesmo... por ter negligenciado minha existência por tanto tempo. Porque cansei de falar e resolvi fazer.

_____Eu não entendo. Sofri muito, mas consegui terminar uma história que me fazia definhar. Comprei um amplificador novo e já juntei quase toda a grana para comprar um baixo novo. Há uma pilha de livros bons espalahados pelo meu quarto. Durmo pouco para acordar cedo e estudo 5 horas por dia. Tenho dois empregos e mais os shows que faço. Trabalho com a coisa que mais gosto. Parei de fumar e de beber, me permitindo apenas algumas excessões. Estou sempre tentando controlar minha arrogância, raramente minto e tomo todo cuidado possível para não magoar as pessoas ao meu redor. Eu me olho no espelho e me reconheço num sorriso leve e autêntico. Realmente não sei onde posso ter errado.

_____Enfim, eu queria ter alguém com quem conversar, alguém que depois não usasse o que eu digo (ou escrevo) contra mim. Alguém que pudesse entender minha felicidade infantil por ter descoberto porque um Db7 funciona como dominante num campo harmônico de Dó maior. Alguém que não confunda diferente com errado. Alguém que soubesse que já tomei na cabeça vezes suficientes para aprender a pensar por mim mesmo, sem que ninguém envenene meus pensamentos ou minhas ações.

_____Eu saí em busca de mim mesmo. Em busca de algum sentido e de uma evolução. Afastar-me de alguns e aproximar-me de outros foi consequência.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Summer nights

Ao som de: Placebo - Every you, every me

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Um dia corrido, com crianças testando muito a minha paciência. Calor, o infernal calor de Porto. Na volta pra casa ouvi Piazzola e tudo voltou para o caminho. E meu caminho me levou até um par de pés pequenos, e eu fiquei ali sentado no chão, com um balão na mão como se não houvesse amanhã. Como se toda alegria do mundo soprasse junto com o Vento.

_____Há fogueiras pequenas e fogueiras grandes. E há o meu trabalho.

_____Agora eu tenho toda confiança que preciso. E sei que meu coração ainda consegue bater atravessado.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A percepção é mais agradável do que a realidade.


Ao som de: repertório salve ferris


_____No casamento da semana passada eu inventei uma motivação que não tinha nada a ver comigo. E no decorrer da festa, apareceram motivos ainda melhores. e eu pude fazer o meu trabalho e tudo aconteceu de uma forma muito boa, até melhor do que eu merecia.

_____Para o Natal, pensei em fazer a mesma coisa, mas tudo é incerto. Acho que vou ter que fazer o show e a festa por mim. Não que isso seja ruim, mas não queria ficar fechado em mim mesmo.

_____É uma discussão meramente acadêmica: eu sempre me fecho em mim mesmo no Natal. Embora sempre haja espaço para alguns sorrisos sinceros. E algumas tequilas.


quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Alta a longe cognoscit


Ao som de: Minha mãe relamando que eu fiquei "batendo" no baixo a noite inteira


Eu não tenho medo de ondas gigantes, nem de água suja. Eu tenho medo de água rasa.

E isso não é soberba. É uma escolha... e na minha escolha reside meu poder.

O campeonato de ironias segue disputado...


Ao som de: Live - Pain Lies on the riverside


Ok, vcs me convenceram.
Nada poderia ser mais justo.

Eu mesmo profetizei isso, sem me dar conta da gravidade do que foi dito.

A verdade realmente me libertou.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Nada sairia do lugar que já estava

Matanza: Todo o cd

_____"Autista por opção" é uma comunidade no orkut que fiz questão de entrar.

_____Passei o dia inteiro tocando baixo sem me preocupar com muita coisa. O clima de final do ano está aí e a correria parece estar finalmente acalmando. E procurando músicas para tocar no natal, essa do matanza me chamou a atenção. Se rolar no show do natal, faço questão de cantar.



_____Nos meus relaionamentos com as pessoas acabo sendo racional demais, quase maquiavélico. Há um caminho que por um lado vai do regozijo puro e simples até uma questão de agradecimento. Por outro um nuvem de asco entre minha educação, meus interesses e a necessidade de convívio pacifico. O ponto de equílio deveria ser meu bom senso. Mas como usar de bom senso quando não se tem compaixão nenhuma.? Não consigo sentir pena. Não me preocupo realmente com quase ninguém. Se o mundo fosse meu, ninguém se magoaria, as pessoas seriam confiáveis e ninguém falaria mal de ninguém pelas costas. Como o mundo não é meu, eu tento ajudar quem se ajuda, ignorando quem não faz nada por si. Considero isso uma forma de manter a justiça que eu tão cegamente defendo.

_____Estou no meio de um fogo cruzado bem divertido. E, graças a Deus, estou conseguindo ficar de fora. Há tanto por fazer, mas enquanto assisto Piratas do Caribe na madruga, percebo que a velha questão de ser justo ou não volta de vez enquando, junto com meu medo, que anda rondando.

_____Meu mestre Jedi foi muito claro: quem anda com porcos come lavagem. Cada um escolhe o que quer, se quer ser porco, cavalo, avestruz ou urubu. Eu sei que escolhi não comer mais lavagem. Meu coração também já deu o seu recado: as experiências iam continuar se repetindo por quantas vidas fossem preciso até que eu aprendesse o que não queria aprender. E então eu parei de passar por determinadas situações para ultrapassá-las. E deixá-las para trás. É um alívio indescritível.

_____Pelo que me consta, continuo com o mesmo pedido que fiz antes de ir dormir pela segunda vez na manhã do dia do casamento. Pedi serenidade para assimilar qualque acontecimento sem me abalar, coragem para fazer o que fosse necessário e discernimento para saber qual era o meu lugar. Carreguei no colo por alguns segundos quem estava me carregando desde a noite anterior.

_____No fim é só um post meio reflexivo e insignificante enquanto eu me pergunto se novamente escreverei numa agenda enquanto estiver na praia. Mas talvez a pergunta não seja essa.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ainda leve

Ao som de: Cake - Confort Eagle

- Por que vc demorou tanto.?
- Resolvendo coisinhas, mas você também demorou.
- Você me pediu para ficar longe ontem, lembra.?
- Sim, e eu te agradeço por ter feito o que pedi, foi importante.
- Como foi a noite.?
- Mágica, me lembrou aqueles nossos dias no mar, onde tudo parecia estar no lugar certo.
- Por que esses sorrisos enquando chora.?
- Não são lágrimas, são só gotas de chuva.
- Eu conheço bem cada uma das gotas que caem.
- Sim sim, foi força do hábito. Não sei como explicar o que sinto em palavras. É como se eu de repente tivesse tido uma idéia que fosse mudar todo o resto. Prá deixar tudo mais claro e mais simples. E então eu choro prá limpar a alma.
- E porque isso.?
- Eu sempre falo da importância da minha postura. Minha postura mudou. Não carrego mais fardos que não são meus e culpas que caíram no meu colo. Leveza.
- Mas eu ainda vejo mágoa em ti.
- Sim, nada é tão simples nesse jardim. Mas eu não estou sozinho. Há muitos mestres no caminho.
- Há algo de dirente em você.
- O nome disso, minha amiga, é felicidade. Sei bem que ela não é definitiva. Mas, parece justo que um guerreiro comemore uma vitória depois da batalha. Você pode ficar aqui comigo.? É justo que a gente comemore aqui nesse cantinho do meu mundo enquanto a próxima batalha não chega.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Eu brindei pelo discernimento


Ao som de: Diana Summer - Hot Stuff


Noite perfeita. Ponto.

E no final de tudo, mesmo cansado e bêbado, considerei que eu merecia um bom chimarrão na janela. Enquanto agradecia por tudo ter saído como saiu, por eu ter conseguido cumprir o trabalho que me propus e, principalmente, por estar muito melhor do que eu mereço estar. Ironia por ironia, hoje a melhor foi minha.

Verde... quente... erva... ventre... dentro... entranhas
Mate amargo noite adentro estrada estranha

Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza
Mãos e coração, livres e quentes: chimarrão e leveza

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A lua sempre estará linda no céu.

Achou que eu não ia dar bola né.??




Prá mim e importante.
Por que é justo.
Por um sorriso que não cabe em mim de tão contente.
E porque eu não preciso falar nada.

Feitiços


Ao som de: Maná

Existe um lugar onde as coisas mais absurdas fazem sentido. Onde a vida pulsa em toda madrugada. Onde um JCM 900 é batente de porta e um Gianini sem trastes é chamado de pau velho. Um lugar onde cartão telefônico vira palheta e colegas de trabalho acabam virando amigos. Um lugar onde o tempo passa rápido entre dias e noites, sem distinção. Um lugar onde fui chamado de homem de conhecimento. E acabei me lembrando de um trecho de um livro de páginas bem amareladas.

- Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais são seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem.

“Devagar, ele começa a aprender... a princípio, pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque. O que aprende nunca é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. Cada passo da aprendizagem é uma nova tarefa, e o medo que o homem sente começa a crescer impiedosamente, sem ceder. Seu propósito torna-se um campo de batalha."

“E assim, ele se depara com o primeiro de seus inimigos naturais: o medo! Um inimigo terrível, traiçoeiro e difícil de vencer. Permanece oculto em todas as voltas do caminho, rondando à espreita. E se o homem, apavorado com sua presença, foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca.”

- O que acontece com o homem se ele fugir com medo?
- Nada lhe acontece, a não ser que nunca aprenderá. Nunca se tornará um homem de conhecimento. Talvez se torne um tirano, ou um pobre homem apavorado e inofensivo; de qualquer forma, será um homem vencido. Seu primeiro inimigo terá posto fim a seus desejos.
- E o que pode ele fazer para vencer o medo?
- A resposta é muito simples. Não deve fugir. Deve desafiar o medo, e, a despeito dele, deve dar o passo seguinte na aprendizagem, e o seguinte, e o seguinte. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. É esta a regra! E o momento chegará em que seu primeiro inimigo recua. O homem começa a se sentir seguro de si. Seu propósito torna-se mais forte. Aprender não é mais uma tarefa aterradora. Quando chega esse momento feliz, o homem pode dizer sem hesitar que derrotou seu primeiro inimigo natural.
- Isso acontece de uma vez, Dom Juan, ou aos poucos?
- Acontece aos poucos, e no entanto o medo é vencido de repente e depressa.
- Mas o homem não terá medo outra vez, se lhe acontecer alguma coisa nova?
- Não. Uma vez que o homem venceu o medo, fica livre dele o resto da vida, porque em vez do medo, ele adquiriu a clareza... uma clareza de espírito que apaga o medo. Então, o homem já conhece seus desejos; sabe como satisfazê-los. Pode antecipar os novos passos na aprendizagem e uma clareza viva cerca tudo. O homem sente que nada se lhe oculta.

“E assim ele encontra seu segundo inimigo: a clareza! Essa clareza de espírito, que é tão difícil de obter, elimina o medo, mas também cega."

“Obriga o homem a nunca duvidar de si. Dá-lhe a segurança de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo claramente. E ele é corajoso, porque é claro; e não pára diante de nada, porque é claro. Mas tudo isso é um engano; é como uma coisa incompleta. Se o homem sucumbir a esse poder de faz-de-conta, terá sucumbido a seu segundo inimigo e tateará com a aprendizagem. Vai precipitar-se quando devia ser paciente, ou vai ser paciente quando devia precipitar-se. E tateará com a aprendizagem até acabar incapaz de aprender qualquer coisa mais”

- O que acontece com um homem que é derrotado assim, Dom Juan? Ele morre por isso?
- Não, não morre. Seu inimigo acaba de impedi-lo de se tornar um homem de conhecimento; em vez disso, o homem pode tornar-se um guerreiro valente, ou um palhaço. No entanto, a clareza, pela qual ele pagou tão caro, nunca mais se transformará de novo em trevas ou medo. Será claro enquanto viver, mas não aprenderá nem desejará nada.
- Mas o que tem de fazer para não ser vencido?
- Tem de fazer o que fez com o medo: tem de desafiar sua clareza e usá-la só para ver, e esperar com paciência e medir com cuidado antes de dar novos passos; deve pensar, acima de tudo, que sua clareza é quase um erro. E virá um momento em que ele compreenderá que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vista. E assim ele terá vencido seu segundo inimigo, e estará numa posição em que nada mais poderá prejudicá-lo. Isso não será um engano. Não será um ponto diante da vista. Será o verdadeiro poder.

“Ele saberá a essa altura que o poder que vem buscando há tanto tempo, é seu por fim. Pode fazer o que quiser com ele. Seu aliado está às suas ordens. Seu desejo é ordem. Vê tudo o que está em volta. Mas também encontra seu terceiro inimigo: o poder!"

“O poder é o mais forte de todos os inimigos. E naturalmente, a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e termina estabelecendo regras, porque é um senhor."

“Um homem nesse estágio quase nem nota que seu terceiro inimigo se aproxima. E de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel e caprichoso.”

- E ele perderá o poder?
- Não, ele nunca perderá sua clareza nem seu poder.
- Então o que o distinguirá de um homem de conhecimento?
- Um homem que é derrotado pelo poder morre sem realmente saber manejá-lo. O poder é apenas uma carga em seu destino. Um homem desses não tem domínio sobre si, e não sabe quando ou como usar seu poder.
- A derrota por algum desses inimigos é uma derrota final?
- Claro que é final. Uma vez que esses inimigos dominem o homem, não há nada que ele possa fazer.
- Será possível, por exemplo, que o homem derrotado pelo poder veja seu erro e se emende?
- Não. Uma vez que o homem cede, está liquidado.
- Mas e se ele estiver temporariamente cego pelo poder, e depois o recusar?
- Isso significa que a batalha continua. Isso significa que ele ainda está tentando ser um homem de conhecimento. O indivíduo é derrotado quando não tenta mais e se abandona.
- Mas então, Dom Juan, é possível a um homem se entregar ao medo durante anos, mas no fim vencê-lo.
- Não, isso não é verdade. Se ele ceder ao medo, nunca o vencerá, porque se desviará do conhecimento nunca mais tentará. Mas se procurar aprender durante anos no meio de seu medo, acabará dominando-o, porque nunca se entregou realmente a ele.
- E como o homem pode vencer seu terceiro inimigo, Dom Juan?
- Também tem de desafiá-lo, propositadamente. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter adquirido na verdade nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder, sem controle, são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que tudo está controlado. Então saberá quando e como usar seu poder. E assim terá derrotado seu terceiro inimigo.

“O homem estará, então, no fim de sua jornada do saber, e quase sem perceber encontrará seu último inimigo: a velhice! Este inimigo é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá derrotar completamente, mas apenas afastar."

“É o momento em que o homem não tem mais receios, não tem mais impaciências de clareza de espírito... um momento em que todo o seu poder está controlado, mas também o momento em que ele sente um desejo irresistível de descansar. Se ele ceder completamente a seu desejo de se deitar e esquecer, se ele se afundar na fadiga, terá perdido a última batalha, e seu inimigo o reduzirá a uma criatura velha e débil. Seu desejo de se retirar dominará toda a sua clareza, seu poder e sabedoria."

“Mas se o homem sacode sua fadiga e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento é o suficiente”

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Buenos dias!

Ah, lembrei o que eu queria dizer ontem, antes de dormir e de ficar enrolando tanto..

Fico orgulhoso de saber que tenho uma flor mais forte que qualquer enchente.
Aprendi a não dar bola prá um monte de coisas que ouço. Transcendi.
Eu tatuaria a palavra 'saudade' na testa, mas só depois da clave de fá na mão esquerda.
Eu sempre vou ser solitário.
Antes que anoiteça de novo eu vou ler Dom Casmurro de novo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

3 páginas

Ao som de um suspiro

_____Eu já nem sei o que pensar. Acostumado a duvidar de tudo. Acostumado a nunca me fiar em nada. Ainda antes de ouvir Nirvana eu ja era dado a amores faraônicos, sempre dividos entre paraísos e infernos. E subidas e descidas sem escalas. Resignado sabendo que é essa a sina de um geminiano com ascendente em gêmeos e com a surpreendentemente lógica lua em aquário. Há fotos que não vejo há tempo. Há textos que não me dizem mais nada. As vezes é alívio, as vezes é culpa, mas o fato é que esqueci muita gente. Será que eu deveria dizer obliterei.?? Não creio que me seja possível viver como se certas pessoas nunca tenham passado pela minha vida. Poucas pessoas que fizeram muita diferença. Cocaína e conversas num camarim decrépito, uma dissertação sobre ser bom ou ser único. Eu escolhi ser bom. Eu escolhi plantar um jardim que nunca vai me dar folga. Por mais que eu trabalhe, nunca vou ser bom o suficiente. Ser único é hobby.

_____Luz e sombra define melhor do que cura e veneno. È impossível pensar em dualidade sem sorrir balbuciando 'Jesus, it never ends, it works its way inside.' Talvez sejam mesmo versos subliminares. Talvez eu realmente relacione frases que começam com talves com coisas das quais tenho certeza. E são chatas todas minhas certezas. Sou perdidamente apaixonado pro minhas dúvidas, por minhas hesitações.

_____Vem chegando o fim do ano e é época de apertar o reset. Ano que vem a correria vai prosseguir firme e forte. Preciso de espaço aqui dentro e para isso preciso deixar uma série de coisas para trás. Vou para a praia porque meu coração dói de saudade do mar. E porque preciso fazer um teste. Eu preciso conseguir acreditar.

_____Havia uma época em que eu escrevia 3 páginas sobre um determinado assunto antes de começar a realmente escrever. Era um processo cansativo, mas através dele eu sabia que quando chegasse a hora de escrever eu seria sucinto e objetivo. É, eu já fui sucinto e objetivo, antes de ser ambíguo e contraditório.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Para cada lugar, uma coisa


Ao som de: Jeff Beck - Superstition


Partituras para os dias que passam devagar.
Drummond para o início do outono, onde há uma brisa anunciando que dias mais frios estão por vir.
Livros clássicos para tardes de folga, crônicas da Lia Luft para qualquer hora.
Livros de música para feriados prolongados.
Clarice Lispector para minhas noites de insônia.
Érico Veríssimo para saudades da infância.
Piaget para discutir com a minha mãe.
Gabriel Garcia Marquez para aprofundar.
Osho para colocar meus pensamentos em xeque.
A bíblia como fonte de sabedoria.

O teto do meu quarto e o espelho em frente a minha mesa para ficar em paz.


Tudo porque sou muito bom em mudar de assunto. E porque a expressão "olhar para o prórpio umbigo" soa como algo pouco nobre sempre que é dita. Eu me pergunto: será que é tão ruim assim eu cuidar de mim.? Porque é pejorativo me valorizar e reconhecer o meu valor.? De que umbigo eu posso realmente cuidar se não for o meu.? O umbigo é simbolo do alimento interior, é por onde eu me nutro de mim mesmo. E isso ninguém pode fazer por mim.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Oropa, frança e bahia

Ao som de: Bon Jovi - Keep the faith

_____A grande lição do fim de semana até agora é que há pessoas que podem mudar. E há pessoas que não vão mudar nunca. Mudar, ao que parece, tem muito mais a ver com capacidade do que com a vontade propriamente dita.

_____Antes de capotar na cama ontem,toquei Clarisse inteira no violão. É incrível ver que ainda consigo lembrar da letra inteira... deve ser pela palavra 'vilipendiado'. Ou pela parte da gaiola. O fato é que realmente 'estou cansado de ser vilipendiado. incompreendido e descartado. Quem diz que me entende nunca quis saber.'

_____Dormi 7 horas e acordei com a sensação de que dormi demais. Perdi uma noite dormindo. Eu deveria estar em outro lugar.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Viver é contrapontear




À moda Martin Fierro

Aqui me ponho a cantar
Ao compasso da guitarra
Que o índio que se desgarra
Nunca mais pode parar
Viver é contrapontear
Na tristeza onde se atola
Sem jamais pedir esmola
Nem carinho, nem perdão,
Pois abrindo o coração
É que o guasca se consola

E adonde venho respondo:
Sou da pampa e do varzedo
Guri criado sem medo
De cobra ou de marimbondo
Eu sei que o mundo é redondo
No seu arrodear sem fim
Índio pobre, e mesmo assim
Me alimento com meu canto
Tantos são donos de tanto
Ninguém é dono de mim

(Talvez por ser prisioneiro
Das ânsias e rebeldias
De andar as noites e os dias
Rondando como tropeiro
Talvez por ser guitarrero
Criado sem protocolo
Desde que mamei no colo
Da mama bugra campeira
Trago a alma prisioneira
Das coisas que vêm do solo)

Enquanto houver um paisano
Que ponteie uma guitarra
Enquanto houver uma garra
No lombo de um orelhano
Enquanto houver um pampeano
Guardando o sagrado estilo
Eu hei de seguir tranqüilo
Sem galopear, não me apuro
Porque quanto mais escuro
Mais claro é o canto do grilo

E quando eu me for, indiada,
Não quero mágoa nem choro
Não vai fazer falta um touro
Há tantos nesta invernada
Um 'Deus te salve', mais nada
Quando souberem: morreu
Já podem saber que eu
Que esbanjei tantos carinhos
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não deu
Ando a campear nos caminhos
O que eu quis ser e não deu

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Om Namah Shivaya


Ao som de: Slipknot - Duality


_____Lembro de um padre que me disse " eu vou com calma porque tenho pressa". Lembro de me definir como budista num outro emprego. E agora vejo que minha calma vai ser testada muito antes do que eu pensei. Enquanto corro, leio poesia.

Meu coração é tão pequeno...
Se você mexer nele
Ele não aguenta.

Meu coração é tão pequeno...
Não sei dizer se me derruba
Ou se me sustenta.

Meu coração é tão pequeno...
Decerto veio ao avesso
Ou mesmo inverso

Meu coração é tão pequeno...
Na palma da mão cabe ele
e dentro dele, o Universo.

-Pedro Tostes

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Uma agenda para organizar o mundo



_____O final de semana infinito prossegue. Como já era bem previsto asegunda não traz calmaria nenhuma. há muito prá ser dito.De volta para sexta-feira:

_____Ligação do Rafa Schuler prá me deixar preocupado, mas disso eu falo depois. Fui parar no revival. Nada de muito relevante. E (de novo) tentam me doutrinar. Parece óbvio que já fiz minha escolha. Música é meu trabalho. E é o trabalhao mais divertido possível, mas cheguei num ponto em que não me divirto com alguém tocando uma guitarra desafinada. Ou com bateristas que erram tempos. Ou com vocalistas que usam pastinhas. Prá simplificar tudo. Eu só quero gente que me deixe trabalhar. Permito-me algumas excentricidades como a Salve Ferris ou a outra mentira das quintas do revival, mas o fato é que não corro mais atrás de nada. A regra que eu proponho é bem simples. Não queimar mais o meu filme. E não queimar o filme de ninguém que toca comigo.

_____Bom, a tal ligação de sexta era pra avisar de um show no sábado. Correria até Porto Alegre misturado com gente grande. Um bar bem legal. E eu admito que estava com medo. Quem tem falado comigo ultimamente pode me ver usando a palavra correria com mais frequência do que eu gostaria. E por causa desse tumulto todo eu descuidei um pouco de estudar. E no sábado ficou evidente que eu preciso estudar mais. No final das contas o show em si foi muito mais um teste para os meus ouvidos do que para a minha técnica. Sinto falta de tocar com pessoas com as quais eu possa discutir sobre funções harmônicas. O problema do meu jeito de tocar não é o meu jeito de tocar em si e sim meu jeito de pensar sobre o que estou tocando. Ou não pensar. E é daí que vem uma sensação ruim, misto de preocupação, culpa e medo. A negligência sempre volta para cobrar o seu preço.

_____No meio de tudo uma agradável surpresa. Twin peaks e uma pastelina no mesmo quarto. Um gato que pensa que é cachorro. Uma banca de frutas na esquina da borges. E eu apostaria minha vida como o fruteiro vende drogas. Uma rodoviária vazia de madrugada. Amanhecer na viagem e meu coração apertado de saudades do mar. Se a noite fosse uma batalha, não seria uma derrota. Mas ensinou tanto quanto.

_____E na minha volta para Caxias choveu, só para manter o costume. Eu insisto, por mim choveria prá sempre. As conversas sérias e as correrias não vão acabar nunca. Estou indo para a cama sabendo que vou dormir 4 horas do lado de um contrabaixo. Um sorriso sereno me acompanha. Estou fazendo exatamente o que escolhi fazer.