sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Wayward Son

    Incontáveis vezes eu tentei barganhar com o outro lado. Pedi para tirarem a dor de alguém e me deixar sentir no lugar. Porque eu e meus cães de guarda aguentamos. Eu sei que nunca fui digno, que não sou bem vindo na casa de nenhum dos deuses para os quais já rezei. Mas dessa vez, só dessa, eu realmente preciso de uma ajudinha aqui. ¿Algum de vocês podia arrancar essa dor e esse vazio de mim.? Se eu ainda estivesse namorando iria poder perguntar pra ela que diabo de mecanismo físico faz os pedaços de um coração doerem tanto.

    Eu posos reclamar o quanto quiser que não é justo eu  ficar desconfortável pra deixar os outros confortáveis, mas sei que é só uma racionalização inútil para minha inadequação. Ela merece mais e eu não consegui melhorar o bastate



segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Patético

    Eu coloco barras de chocolate em caixas de correio como se o mundo fosse bom. Como quem coloca um esparadrapo numa perna amputada. Como se eu não fosse um estrangeiro. Passageiro de um trem que não passa em mim. 

    De todas as derrotas e fracassos que eu tive na vida, saber que ela vai ficar melhor sem mim é, de longe, o que mais me dói.

    E quando os demônios me perguntam se valeu a pena, eu suspiro sozinho. Não conseguiria explicar que valeu uma vida inteira.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Nada quebra como um coração

    A idéia do veneno vem dessa poesia. Eu lembrei dela enquanto podo uma planta que tem me dado trabalho.

Indiferença

Hoje é só mais um dia triste
Melhor acender o sol pro amanhecer
Daí não vou mais estar sozinho
Não vou mais lutar para esquecer
O céu e as estrelas ficaram em silêncio
Enquanto a Lua foi indo embora
E toda a escuridão que era minha
Só me deixa mais sozinho agora
Mas eu continuo de braços abertos
Quem sabe eu ainda consiga voar
É mais um dia no meu inferno
Mas ainda assim eu vou levantar
E que diferença isso faz.??

Eu vou segurar essa vela 
Até que o fogo queime a minha mão
Eu vou continuar apanhando
Até que fiquem cansados de me bater
Eu vou ficar encarando o nascer do sol
Prá ver se o Sol consegue me cegar
Mas eu não vou mudar meu caminho
Não mudo meu jeito de pensar
Eu vou continuar me injetando veneno
Até o momento em que eu seja imune
Vou gritar toda a minha dor
Até encher esse meu quarto vazio e frio
Mas,
E que diferença isso faz.?

terça-feira, 14 de novembro de 2023

Dado o maldito histórico anterior

    Apesar do freio não funcionar direito molhado, ou talvez justamente por isso, eu gosto de pedalar na chuva. Eu brigo com o frio e com a chuva até chegar um ponto em que eles não podem mais me perturbar. Talve seja uma reminiscência de uma época que eu achava que podia vencer qualquer briga se fosse forte o suficiente para aguentar todas as porradas e se fosse teimoso para levantar de novo e de novo. Eventualmente entendi que podia me esquivar. Que viver de forma que não parecesse vantajoso brigar comigo é uma baita maneira de desviar de brigas inúteis. Que não precisaria de força se tivesse malandragem. E que tomar veneno até  ficar imune me destruiria. E não é assim que eu me destruo. 

    No fim eu  gosto de pedalar na chuva porque não preciso ter vergonha de chorar.  Nessas madrugadas de  frio e chuva que me machucam eu encontro um pouco de paz. Os demônios que tanto perturbam  aqui dentro resolvem sussurar. Não fica mais fácil argumentar com eles, mas quando nem eles é nem eu estamos com raiva, fica menos difícil barganhar, pelo menos. 

    Sei que deveria dormir já que daqui a poucas horas preciso estar operacional de novo. Mas as vezes é tudo questão de um foda-se. Um grande e irrevogável foda-se. Eu queria arrancar minhas asas já que, de novo, elas não são nada mais que um peso morto que arrastarei comigo. Ela era os pensamentos felizes que me faziam voar. Sem ela posso voltar pra valeta, mais convencido do que nunca de que aqui é  o meu lugar. 

    Eventualmente eu devo me consolar, e em algum momento todos os demônios do inferno vão me.ouvir falar sobre esses 4 anos em que eu estive no.paraiso. Mas por enquanto dói. Só dói.

domingo, 29 de outubro de 2023

Palácio de Enfeites

    O eclipse passou raspando e eu fiquei sentado vazio olhando pra Lua, Rindo pq apararentemente só eu sabia que tudo estava meio alinhado no céu. Na madrugada eu lembrei de uma poesia que nunca consegui terminar.


Tu dormes

A cidade inteira dorme

Ninguém.percebe minha dor enorme 

A não ser a lua

Quieta e contraida

Como se de pena até chorasse

Com um.lenco de nuvens sobre a face 

Enquanto eu choro por ti.


    Eu acho que falta alguma coisa. E sigo sem saber com que rima acabar o último verso. 

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Ser discreto se provou ser mais vantajoso do que ser eloquente.

    Cada vez que meu ego tenta me seduzir eu desenho e redesenho uma cruz num caderno velho que tenho sempre a mão. Já furei a página de tanto que risquei, mas assim eu lembro que preciso crucificar o ego antes que seja tarde demais. Eu me sinto iremediavelmente derrotado por largar a música, mas isso é simplificar demais o que não pode ser reduzido a algo tão superficial.  Não posso largar a escala de C#m que toquei infinitas vezes até ela soar como eu precisava que ela soasse. Não posso ignorar o orgulho que sinto me equilibrando entre mágica e técnica quando estou atrás de uma mesa de som. Não teria como fingir que nao passei madrugadas sentado no chão no pé da cama chorando e tocando violão bem baixinho pra não atrapalhar o silêncio. 

    Isso é o palito de picolé do meu castelinho de areia e é mais fácil -beemm mais fácil- morrer do que tirar isso de mim. Mas o mundo me quebrou a tal ponto que cansei de tocar com talaricos e com pessoas vazias e interesseiras. 4 pessoas ruins para 1 boa, em proporção. Fora que o Diabo sabe ser cruel com quem não sabe lidar com ele.

    O fato é que eu não teria sobrevivido ao inferno sem o Virgilio pra me guiar. Eu cheguei muito perto da verdade enquanto ele me carregava no colo e tocava sozinho. A esperança está por um fio, mas eventualmente eu vou me consertar, quando entender na carne que o problema não é e nunca foi a música.

    O problema sou eu. Que surpreendente. Mas sejamos otimistas. Pelo menos vou parar de decepcionar os outros e, acima de tudo, nós mesmos. Assim.como encontrei existe um Virgílio,certamente existe uma Beatriz

"No tengo lo qué me falta, todavía

Y no sé si pueda esperar

Solo me queda esta triste melodía

Y no la puedo cantar" 





domingo, 27 de agosto de 2023

Basta um pouco de felicidade para tudo recomeçar

    Semana passada olhei para um sapato no meu pé e balancei entre desprezo e orgulho de mim mesmo. O que estou fazendo vai me destruir, mas talvez, depois de tudo, com a ajuda dela, eu consiga construir uma pessoa melhor dos escombros que sobrarem. Uma pessoa que tenha o mínimo de aptidão em ser feliz. E que eventualmente se perdoe. E que pare de voar mais estabanado que uma barata em pânico. Semana passada também prometi pro Tiago que iríamos conversar depois da próxima chuva. Porque agosto segue agosto. E choveu. E aqui estamos nós.

    Deu trabalho subir naquele palco fingindo que estava tudo bem. Fiquei divagando coisas sem nexo antes da primeira música. Um palhaço do circo sem futuro abaixado segurando o Virgílio e rezando o pai nosso em espanhol. Fazendo perguntas que já na hora eu não queria saber a resposta. Quando voltei parecia que tinham jogado minha alma de volta no meu corpo. E não foi um arremesso sutil. Num segundo um pensamento passa pela minha cabeça e agora eu vou gastar 3 páginas para tentar explicá-lo. É complicado, mas eu vou tentar mesmo assim. Se não me abro com os outros, me abro aqui.

    A minha mente é orientada pelo esforço, pela ação, obcecada por atividade. Quanto mais ativo eu sou, mais meu ego pode ser realizado, mais eu posso dizer "EU". Esse ritmo frenético é, basicamente, alimento para minha personalidade egoísta. E então eu corro, quase como se minha vida dependesse de estar sempre numa atividade frenética. Não durmo direito, não páro mais. Pode parecer paradoxal, mas quando faço isso até chegar a um exagero extremo onde todo e qualquer movimento simplesmente cessa, a fôrma é jogada fora e uma catarse acontece. E eu vislumbro um mundo que não é feito de esforço. Um pequeno pedaço de tempo e espaço onde me sinto em paz e as vozes na minha cabeça calam a boca. E o palco ainda é o melhor lugar para isso acontecer. 

    Eu poderia falar sobre não conseguir ou não me importar mais em ser invisível em cima do palco, já que me viram chorar. Mas nada disso importa no longo prazo. Amavelmente o senhor me ouviu. Não cheguei nem perto de falar o que queria, mas engatinhar na direção certa parece ser melhor do que correr na errada. Aqui dentro, eu estava acumulando loucura.. Um loucura que que todos nós temos. Ninguém é normal. Por trás da pretensa normalidade, esconde-se um louco, um anormal. E essa loucura perturbava minha percepção, perturbava tudo. Era um veneno que precisava ser libertado para que eu começasse a me sentir em casa comigo mesmo. Termino agosto com o mesmo texto, mas dessa vez, não como uma escusa para ser como sou e sim como um lembrete para que eu me torne bom, apesar de mim mesmo. 

    Eu sou o ar em movimento, a revolução apressada, apoiada no tripé mais forte. A melodia que soa desafinada no contratempo. A memória que discute com o orgulho. O arrependimento e a arrogância que voltam pintados de vermelho na minha hesitação. Sou um problema grande com uma solução simples. Sou uma resposta curta e óbvia. Sou o jardineiro que aprende com as flores. O amigo revoltado do Tempo. O Palhaço do Circo sem Futuro. O publicitário que lembra do juramento, o músico que fala tropeçando nas notas e que busca o silêncio. A testemunha que olha tudo sem se envolver. O ser humano que fica comovido. O anjo que se acha incapacitado para o emprego.

    Eu trabalho com conhecimento e com corações, considerando ambos fundamentais. Evito pessoas pela metade, elas invariavelmente me fazem mal. Posso consertar qualquer coração, menos o meu. Balanço muito, e também me sinto balançado. As pequenas chamas e as grandes fogueiras me conhecem bem.

    Sou o suor e as lágrimas, o medo e a compreensão. A dor e um pouco de alívio. A coragem e um muito de loucura. Sou tudo que posso ser, e ninguém pode pegar o Vento, a não ser que ele queira ser pego. Sou o olhar inocente de uma criança. Meu escudo quebrado e minha espada sem fio. Sou o amor, a fé e a esperança que carrego pendurados em mim. A vida pode ficar melhor comigo, mas você ficará bem menos confuso se não me conhecer como eu sou. Porque, uma vez que a gente se conheça, nossas vidas nunca mais serão as mesmas.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Tipo peste da fronteira oeste

   É como se, de algum lugar, a mão que tudo escreve percebesse que estou quase quebrando e mandasse alguém pra cuidar de mim. A Dulcinéia me manda uma foto antiga. E ela é  minha melhor balança.  Quanto mais próximo da minha irmã, melhor minha vida está. E tem também esse poço de manias que eu chamo de chefe por cacoete e que me dá água quente e erva mate pura folha como quem coloca no lugar um ombro deslocado. E já na metade da térmica tudo de ruim fica pra trás. Não pedi ajuda e nem ele me ofereceu, mas de alguma forma tudo de ruim fica pra trás. Nas entrelinhas do que conversamos serenos ou dando coices um no outro eu acabo entendendo que o fim de um ciclo é  sempre o começo de outro. Eu deveria querer ficar melhor o tanto que quero que as coisas fiquem melhor pra ele.

    E nada como um dia depois de outro dia. Tem coisas aqui dentro que não tenho mais como consertar, mas tudo isso que me pesa agora tem conserto fácil. É  como o cubo mágico que sempre resolvo, só preciso de tempo.

   Silver tape pro que está preso e não deveria. Enforca gato pro que está solto e não deveria. Pra todo o resto, os meus cuidam de mim muito melhor do que eu mereço.

Gracias por todo, una ves mas.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Cinzas e brasas


       Sempre considerei a omeopatia um embuste, já que água diluída 1 bilhão de vezes é  apenas água. Ainda assim acho interessante o principio opostos, tipo tratar insônia com um remédio a base de café. Tenho pensado muito nisso de opostos.

   O que incomoda ensina paciência. Quem me abandona me ensina a ser mais independente. Aquilo que me deixa com raiva me ensina a deixar pra lá. O que tiver poder sobre mim, me ensina como é  importante controlar o rumo, mesmo hesitando em um passo aqui e outro ali. Aquilo que eu odeio me ensina a não me importar. Aquilo e aqueles que sinto falta, me mostram com o que realmente preciso me importar.

     Grandes lições. Só queria que elas não viessem todas ao mesmo tempo.  Queria ter um chão firme pra pisar sem me apoiar na Claudia ou no dono da Mesquita, que no momento não tem ideia do quanto me ajudam. Criei todos os meus problemas sozinhos  e não vou vomitar eles nos meus. E certo que eles não precisam de um idiota desequilibrado com o peso de asas que deixou de merecer faz tempo.

     Tenho uma tonelada de coisas pra mudar, mas certas coisas são muito minhas. Vou continuar querendo que todos sejam felizes. Sendo triste eu sei o quanto dói se sentir absolutamente sem valor e eu não quero que ninguém sinta isso. 

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Expectativas desleais

    Dado o histórico anterior, aprendi que os planos funcionam melhor quando as pessoas não sabem o que você quer. Ato contínuo aprendi a dissimular minhas vontades e também a não dar importância para os meus desejos. Talvez a ideia tenha sido me defender, inicialmente, mas aprendi também que me defender batendo de volta era mais eficiente. Estou olhando pra trás pra tentar entender qual foi o ponto de partida que me trouxe até aqui. Porque em algum momento eu passei a fazer planos para as pessoas se darem bem enquanto eu me arrebento e deixo parecer que tenho alguma intensão mesquinha. pode ser que seja uma vontade de fazer parte, de não estar fora do lugar. Pode ser que de tanto ver o pior das pessoas, eu tenha pensado que se eu também fosse ruim, não estaria tão deslocado. Não seria um alienígena na minha própria história. E não teria esquecido que ninguém é mal por dentro. Pode ser também que, enquanto eu aprendia a mentir, fui percebendo que soava mais autêntico quando não tentava mostrar meu lado bom. Enquanto queria confiança e preferia não ter afeto.

    Ironicamente, eu mesmo acho que nunca fui bom, mas da mesma forma, também fui incompetente em ser mau. Essa dualidade geminiana da qual nunca consegui fugir e várias vezes usei como meu lado melhor. Talvez a hora de pagar o preço esteja se aproximando. Por tentar ser tudo, me sinto um nada. Por ter tentado agradar a todos, não agrado quem deveria. 

    Pelo menos o mar parece se divertir com tudo isso. Ao que parece ele tinha certeza que ia me ver numa madrugada de zero grau durante um ciclone. Há coisas que só consigo costurar com água salgada. 

    Agosto está chegando, e dessa vez eu não vou conseguir fugir.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Qualquer um dos dois, só não demorem

  Porque eu vou fraquejar. Eu não vou saber o momento certo. Eu estou com medo. 

E sempre uso as mesmas músicas para tentar fazer as pazes com o Virgílio.


sábado, 1 de julho de 2023

Eu achei que minha cuia duraria pra sempre

    Eu devia ter aprendido da primeira vez que um namoro não deu certo porque não confiaram em mim, mesmo amando irrestritamente. Devia ter aceitado os sinais em vez de brigar com um deus que nem sequer existe e entrar numa briga de ironias que não tenho como ganhar ou mesmo sustentar. Devia ter entendido que se finjo que não sinto toda esa dor, as pessoas vão acreditar que não sinto nada. Porque é o mais fácil pra elas. 

    Eu cuido de uma flor e ela cuida de mim. Nessas noites em que eu poderia escrever os versos mais tristes, isso é  tudo. Ate a neblina do Brumário parece desconfiar de mim nessas madrugadas em  que eu duvido de mim mesmo.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Talvez eu tenha servido apenas pra ela achar um gato.

    Uma outra violeta chamada Roza. Com Z. Enquanto espero amanhecer ela me faz companhia. O que a gente leva anos para construir é destruído com uma única palavra. Quando a pessoa que mais importa diz que tem vergonha de mim, eu tenho vontade de sumir. Existe uma plantinha que eu não consigo arrancar e que me arrebento pra manter podada e sob controle. Nessa madrugada eu reguei ela como nunca antes. Não desabei por hábito, mas está custoso.

    Sócrates provavelmente foi o melhor argumentador que eu já li. E ele tinha a verdade com ele. Ironicamente, nenhuma dessas duas coisas evitou que os Atenienses de bem  o julgassem e o condenassem a morte. Com isso aprendi que nem a verdade nem argumentos podem convencer quem não quer ser convencido. E aqui estou eu, a pessoa mais burra que conheço, me comparando com Sócrates. Sei que a esperança resiste a tudo isso, mas independente de tristeza ou qualquer outra coisa, eu também sei que se fosse embora todos ficariam melhor. Esse sentimento é tema recorrente nas conversas que tenho com meus demônios enquanto tomamos chá juntos. Sim, eu poderia fazer por ela. Inclusive acho que fazer por ela é um motivo mil vezes melhor do que fazer por mim. Mas a realidade não vai tardar a fazer com que ela veja que não importa o quanto ame, ela está além disso tudo. E vai acabar indo embora independente do quanto eu queira segurá-la. E isso me arrebenta mais do que eu conseguiria descrever em palavras.


sábado, 17 de junho de 2023

Eu só peço que caia devagar.

    Eu acordo com uma poesia na cabeça e por pouco não anoto ela na fronha. E versos deixados sob um travesseiro reverberam como meu velho tango. 

    Um tango um tanto insolente que insiste que a sua dor doa nas pessoas. E sempre lembro desse tango quando subo num palco aos pedaços. 

    E ironicamente o Libertango do Piazola mal e mal é meu terceiro tango preferido. 






segunda-feira, 29 de maio de 2023

Um monólogo ao redor de uma cruz e eu me desmonto. Irremediavelmente

    Fico com os olhos cheios d'agua e eu me lembro de como os outros sentidos se adaptam quando um falta. O Castor pergunta se eu preciso de luz e eu solto aquele meu sorriso meio soluço, meio suspiro. Não tinha mais nada a ver com enxergar com os olhos. Dez pessoas cantando. Coloco as mãos na mesa de som. Um microfone pra cada dedo. O Virgílio me ensinou que coordenação  não está no músculo em si, está na cabeça. E de alguma forma minhas mãos encaixam exatamente onde precisam.

    Mergulho de cabeça no caos, até porque não se atravessam abismos dando pulinhos O conforto é sabe que nunca estou sozinho. A catarse que vejo no palco respinga em mim e meus demônios ficam quietos pelo menos por um momento. Me acho um merda, mas às vezes não posso me dar ao luxo de não acreditar em mim.Se me falta o chão eu bato as asas.  Pego apoio nos meus gigantes, penso na Claudia e me jogo. E é assim que faço minha mágica. 

    E essa bolha me preenche se tal forma que eu, de novo, esqueci completamente do  meu aniversário. Parabéns pra vocês. Esse sentimento de insignificância que mora aqui dentro não consegue fazer frente a todo carinho que os meus me dão. É evidente que tanto o visível quanto o invisível são muito mais gentis comigo do que deveriam. O dia de hoje juntos com outros 15340 antes dele foram muito melhores do que eu fiz por merecer. 

Muchas gracias.  Sobre todo para todo más allá del bien y del mal.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

... sem ter caído mil vezes, no caso.

     Sertão é isso. Você empurra pra frente e ele volta a cercar pelos lados. Eu sei bem que quando menos se espera é preciso mostrar do que somos feitos. No teatro, fiquei a tarde inteira evitando um arrombado pra dar de cara com ele no camarim no meio do show. Só eu e ele. De novo fugir não era uma opção do meu lado da ponte. Nunca por medo. Sorri meu sorriso de arrogância, aquele que me defende do que não consigo esquivar, puxei uma cadeira e me desarmei. Eu não queria machucar. Não queria ofender, mas achei justo tirar dele uma função que ele não podia mais exercer. Um inimigo oculto a menos.


     Se Jeová, Jesus ou mesmo aquela pomba branca existissem, ficariam impressionados. Mas se a ideia é não danificar nem o azeite e nem o vinho, teria sido melhor não me plantar entre os espinhos. Eu poderia ter me preparado de outra maneira e chegaria nas asas de outra forma. 

quinta-feira, 30 de março de 2023

Uma violeta chamada Roza. Com Z.

    Um caminho que meu carro faz sozinho, mas eu não queria estar indo. Não sei o que dizer, não sei onde colocar as mãos. Sei bem que nada quebra como um coração, mas sou uma nulidade total em consertar o coração dos outros. 

    Aperto forte uma nova guia na mão. O dono da mesquita não me deixou outra opção: "fica gritando nunca me conceda descansar?  Agora vai lá e faz teu trabalho." Bato fraco na porta. Eu não queria estar lá, ele não queria que eu tivesse vindo. Mas fugir por medo não era opção do meu lado da porta.  Ele não tem noção do quantas vezes me tirou da lama. Não existe um mundo onde eu vou deixar ele ficar definhando enquanto eu não faço nada. Sempre vou ter a gratidão pra mostrar o que preciso fazer quando certo e errado não importam. Ou quando o ódio falha. 

    E vcs podem me colocar em quantas peças espíritas quiserem. Eu não estou aqui pra falar do amor de Jesus. Eu estou aqui pra sair no soco pra defender os meus. Já me cortaram fundo demais pra eu fingir que não tenho nenhuma cicatriz. Eu vou seguir nos bastidores fazendo a peça acontecer. Estou perdido, mas não desisti de buscar. Tenho duvidado do trabalho e da minha capacidade, mas eu nunca deixei de acreditar no todo. Continuem mexendo as peças. Depois que eu organizar essa bagunça no meio, eu colo no fim do tabuleiro e seguimos pra próxima.

quarta-feira, 22 de março de 2023

E nem o diabo pode ne alcançar agora

"Ando tão à flor da pele
Que uma música da Kate Perry me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar flor na janela me faz morrer

Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde
Com a vontade de nem ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Um bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido..."



sábado, 18 de março de 2023

O vazio mais filho da puta que eu já senti

    Tenho a tendência a olhar pra trás e ver todos os piores momentos da minha vida em retrospectiva. Mas, fazendo as contas acho que não estou tão ruim. Das 4 promessas importantes que fiz na vida. Cumpri duas e estou cumprindo  outra do melhor jeito que posso. 75% é  um baita aproveitamento. Um time pode ser campeão brasileiro com essa média de pontos.

   Aprendi rápido que ninguém vence o caos e decidi que, mesmo perdendo, eu ia dar o inferno pra ele. Mas estou cansado, não cansado de querer morrer, mas cansado de saber que uma batalha demorada destrói o vencedor e o perdedor. Então, por acaso, teria como a gente decretar um amirstício?  Eu prometo que logo volto a gritar pra vcs não me concederem nunca descansar, mas deixa eu usar esse vale arrego um pouquinho.? Eu não estou conseguindo me reconstruir nessa velocidade. Ainda mais com esses cachorros me mordendo sem parar.  Essa zona cinza entre não ter medo mas também não ter coragem tá me corroendo.

"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Apocalipse 3:15,16

segunda-feira, 13 de março de 2023

Com duas moedas na mão

    Depois de um final de semana daqueles, eu me posto aqui onde o vento faz a curva pra voltar com mais coragem. Proponho um brinde.

    Aos amigos ausentes, aos amores perdidos, aos velhos deuses e à estação das brumas. E que cada um sempre conceda ao diabo o que lhe é  merecido.

sábado, 11 de março de 2023

Vermelho cor de uma pena que dói mais

   Do nada o coração pesa uma tonelada.  Trabalhar em teatro é isso. Uma frase qualquer entra atravessada nos ouvidos com o teatro vazio e de repente a alquimia entorta toda. A tristeza me deixa competente, mas é um saco caminhar arrastando os pés e as asas. Me escondo na coxia antes do terceiro sinal. Com sorte fico aqui até que passe a dor nesse espaço entre o esterno e o ventrículo direito.

   Quem quer remar contra maré tem que remar muito mais forte. Antes do amanhecer preciso olhar pros olhos morenos que me causam mais medo que um raio de sol. As respostas que não encontro ouvindo tool, certamente encontrarei no Chico.


   Mais 25 horas. Espero que a costura aguente.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Eu sempre sou o ( -1) na minha equação

    Uma melodia veio como um soco no estômago no domingo de tarde. Aquilo que você mais teme pode te encontrar no meio do caminho. Chorei no palco lembrando disso. Mas como um gato me ensinou, sorri e fiquei invisível. Às vezes a certeza que tu vai apanhar é pior que a surra em si. 

    Desço a serra devagar por que não consigo ver quase nada com os olhos cheios de água. Sorte que meu carro já conhece o caminho. Sorte que Jeová tem esse fraco em proteger os idiotas. Sorte que o vento sopra.

    Na areia desenho uma cruz de cabeça pra baixo pra lembrar que preciso crucificar meu ego antes que seja tarde demais. Com duas moedas eu espero amanhecer. Eu prometi. Devo isso pro mar. E ele prometeu, mesmo não me devendo absolutamente nada. È uma arvore que eu não consigo mais arrancar. E sempre que estou cansado é bem tentador sentar na sombra dela.

Foi por aqui que eu perdi... foi por aqui que eu perdi


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Há uma cruz na porta da tabacaria!

    Encontrei Iemanjá na correria. Trocamos um olhar de "daqui a pouco falo com vc, mocinha". Ela ergueu a sobrancelha e apontou pras nuvens escuras e eu sabia que estava atrasado. E ri sozinho sabendo que ia acabar a noite encharcado ou de chuva ou de mar. E isso foi só a quinta. 

    No dia seguinte não achei uma pipa, mas pedi uma prancha e fui pro meu lugar. Depois da arrebentação.  Não achei paz... mas pelo menos o caos das vozes aqui dentro calaram a boca um pouco. Não sei mais pesar o que mereço ou não, mas entra raiva e costume.. nunca concedam me descansar.

    E de novo uma conversa que já tivemos incontáveis vezes.

    O mar não sabe o que fazer quando eu choro então sempre acabamos negociamos uma chuva.  Ela não dá paz, mas pelo menos sinto que tenho ajuda enquanto costumo meus pedaços com areia e água salgada. Se estou disposto a chorar quanto dor preciso pra fazer com que o mar cresça e meu sonho desapareça...  sempre que chove eu sinto que a chuva faz por mim o que faço por todos os outros. Nunca trabalho sozinho. 

    Desculpa dar trabalho, mas as vezes é foda. Sou só uma criança que mal e mal sabe lidar com poças d'água na areia e que se deslumbra tentando lidar com o mar. 40 anos na cara e eu me defendo fazendo um castelo de areia. ¿Como pode um monte de água desse tamanho gostar de areia empilhada a ponto de desviar ondas? Talvez o que pra mim são fogueiras que apago ou deixo maiores, pra ela sejam castelos de areia. 

    Eu podia ter pedido pra ela levar minha tristeza embora, mas lembrei de um castelo de areia com um palito de picolé dentro que eu e o vento fizemos.  A tristeza é  como aquele  palito.  

    Gracias por todo, Iemanjá

sábado, 14 de janeiro de 2023

Isso não se ensina, seu bosta!

    E o coice veio. Um soco no estômago não se torna mais agradável porque vc sabe que vai levar um soco no estômago. Um tombo não se torna melhor conhecendo a fórmula da gravidade. A batalha de waterloo não fica melhor da segunda vez. No fim, parece que eu vivo falando as mesmas frases porque eu estou sempre lendo os mesmos textos. E sentindo a mesma dor. Mas o que não importa, não importa. De algum lugar vou precisar tirar forças pra subir naquele palco e fazer o meu trabalho. O Vírligio que -de novo- me carrege. 26 horas devem passar rápido. Beijo, Simone.

Aqui do alto do cruzeiro
Onde o vento faz a curva pra voltar com mais coragem
Vejo o sol tocando a ponta do pára-raio da cruz
Elimino a ofensa do atrito
Atravanco o portão da ventania
Faço a caixa do mar ficar vazia
Boto um teto no vão do infinito
Para dar o pão pra os filhos
Que chegam magros da guerra

O mensageiro do sonho
Nesse terreno que treme
Da magra mão estendida
Da paixão que grita e geme
Das curvas do firmamento
Da claridade da lua
Solidão do mundo novo
A batucada da rua
O espetáculo não pode parar

Quando a dor se aproxima
Fazendo eu perder a calma
Passo uma esponja de rima
Nos ferimentos da alma
O espetáculo não pode parar




NUNCA ME CONCEDA DESCANSAR.




sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

The Harvest Moon

    A semana inteira eu estava arisco. Como se fosse tomar um coice a qualquer momento sem saber de onde viria.  Intuição e essas coisas que a gente não explica. Eu juro que sentia uma coceira estranha quando uma pessoa pensava  em mim. (Felizmente passou).

    Tenho uma tendência a não fazer coisas porque me pedem, a exceção é quando me pedem ajuda. E o dono da mesquita convoca uma languidez extraordinária pra me colocar sentado num antigo sofá de molas e tirar um peso do peito. Eu entendo. Eu já estive lá. As dúvidas e incertezas servem de matéria prima para criarmos os mais diversos e trágicos cenários. O clássico problema de sempre. O ruim não é que mintam, o ruim é nunca mais poder confiar na pessoa. 

    Aliás,  Imagem meramente ilustrativa dos butiás me caindo do bolso



    Aliás, transformar um problema em solução é uma burrada sem tamanho. 

    Por fim uma pancada de chuva só pra me fazer entender uma coisa. Sempre esteve na minha cara. Assim como um idiota tatuou asas nas costas enquanto rastejava na valeta, parece fazer total sentido que alguém que mente e não sabe o que quer tatue "basta ser sincero e desejar profundo".  E essa ironia conta pra mim,  aliás. Eu poderia escrever laudas sobre abrir um jogo de xadrez num tabuleiro de cabeça pra baixo com Cf6 

    Independente do que vai acontecer de agora em diante, nada será como foi


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Meu amor passeia de chapéu panamá

    Corre pro leste com vontade de mijar. Finalmente a sensação de que 2022 acabou. Encontro meu amigo e a gente não consegue falar nada. A gente solta uma gargalhada e até as ondas esperam um pouco enquanto contamos as novidade.  Não mudam os fatos mas o ponto de vista dá outra perspectiva e isso deixa a cena completamente diferente. Eu tomo posse do que não é meu pensando que talvez sempre tenha sido. Em algum lugar do sorriso eu também sei.

    O acaso me ajuda de formas que não consigo conceber. Eu deito numa rede pra tentar terminar de ler um livro que o réu primário precisa de volta. Penso em Sun Tzu e em nunca fugir por medo. Mas se ele quer crime e castigo, assim será. Um vendedor de sonhos aparece. E eu sou muito grato por isso. Ismael, muito bom te ter de volta. O vento sopra em outra direção, vamos com ele. Iemanjá, Quetzalcoatl e a  também a menina que desenha pentagramas invertidos, vcs foram irretocáveis nessa virada de ano. 

    E sempre chove quando estou no caminho pra voltar pra mim.

Um velho, uma pomba e um hippie cabeludo entram num bar...

- Pater noster, qui es in caelis...?

- Por que olhar pra cima e falar em latim?

-  Porque a oração começa desse jeito. E eu sei assim tu me atende.

- Estou do teu lado..

- Ótimo, então me ajuda e faz teu trabalho

- Eu faço pra quem me deixa fazer. 

- Se a gente estivesse falando em permissões eu não pediria ajuda pra vc. Coloca aqueles teus idiotas com asas fazerem o que eles tem que fazer. 

- Eu já coloquei. Olha pras tuas costas.

- E me ajudar que é bom, nada?

- Escuta... o barulho do mar. 

- Eu vou querer um sonho amanhã quando estiver amanhecendo. 

- Eu não vou barganhar.

- Eu também não . De doce de leite. Amém

The ̶s̶k̶y̶ sea is neighborhood

    Estou sempre roubando livros. Mas da mesma forma estou dando livros pra quem precisa. É  como se fosse um remédio personalizado que vai obrigar as pessoas a sentarem E refletirem sobre o que estão lendo É sobre si mesmas, por consequência. 

    Nesse fim de ano, em que coloquei Iemanjá pra cuidar do dono da mesquita, separo esse livro pra ele. Há texto cruéis demais pra serem livros rapidamente. 



    Já que a gerência parece tão empenhada em me ajudar (um vendedor de sonhos.. sempre um vendedor de sonhos) vou me expungir e ajudar os outros. Ano passado eu Morri mas esse ano eu não morro. Vai ser melhor.