quinta-feira, 31 de março de 2011

Time over

Não vou falar do jogo porque, em última instância, ele não significa nada além de 3 pontos. Podem fazer carreata, cogitar (de novo) que são superiores como seres humanos ou como clube de futebol, mas são só 3 pontos. Não vou falar do jogo devido ao gol contra ridículo. Porque o zine local descreve 30 minutos medíocres como o "melhor jogo do juventude no semestre". Sinceramente, se aquilo é o melhor, fechem as portas e transformem o jacone num condomínio antes de serem rebaixados pro citadino. Não vou falar do jogo porque o Grêmio perdeu para um time ridículo. Sim, o Grêmiio perdeu, não foi o juventude que ganhou.

Num mail me xingando, um infeliz teve a audácia de citar a história do juventude numa reversal estranha. Se é prá falar de história, eis os números:
177 jogos:
103 vitórias do grêmio
30 vitórias do juventude
44 empates

Fico pensando em que jogo decisivo o ju já ganhou do grêmio e só consigo pensar no único titulo gaúcho que o ju ganhou contra os 36 do tricolor. E se é prá falar da copa do brasil são 4 títulos contra 1. E isso encerra a lição de história

Papada, coloquem-se no seu lugar. 
Série D, time ridículo e direção que dá pena.


P.S. O Juvergonha ganhando um jogo achando que é o mundial interclubes, o caxias penando tropeçando em si mesmo, o Grêmio fazendo qualquer coisa sem nenhum critério definido e o Inter falando da libertadores com o Roth no comando. Eu ja via esse gauchão antes. Dejavu severo.

Postagem dedicada ao amigo @angelo_borges. Gremista com noção e parceria severa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

O nariz de palhaço que me cabe

ou: À moda martin fierro.

Antes de mais nada, vou deixar bem claro que vou resenhar uma coisa que eu também faço. Eu não me levo a sério.

Donos de bares que cobram 15 reais de ingressos e pagam 3 reais para a banda não querem lucrar. Querem lesar as bandas. a banda ganha 600 reais para dividir em 4 ou mais pessoas e o bar ganha 2.400. E sempre haverá idiotas a se prostituírem por esse valor. E haverá sempre um mala onda pra te tratar como se estivesse te fazendo um favor em te contratar e te pagar uma miséria. Com um nariz de palhaço eu sou obrigado a admitir que o dinheiro é mais importante do que as pessoas, que lotar um bar é mais importante que a música. Por isso que é uma merda fazer shows em caxias. Por que caras que eram músicos e estavam no palco tocando, quando vão parar atrás do balcão e se tornam uns imbecis que só pensam em dinheiro. Incapazes de pagar uma cerveja sem fazer uma conta de cabeça pensando em quanto aquela cerveja pode gerar de lucro ou de puxação de saco gratuita.

Eu sou músico, vivo disso. Já trabalhei em estúdios e fui dono de bar. Sei que não é difícil tratar o músico com dignidade, sem criar intrigas e histórias tristes. Ser menosprezado é bem pior do que ganhar pouco. No fim, eu não nunca me importei em ganhar pouco. Nunca foi por dinheiro. As vezes eu até acho absurdo me pagarem pra fazer o que eu faço. O que me irrita mesmo é a falsidade e a hipocrisia, o pouco caso e o tapinha nas costas... a demora de uma semana pra acertar os cachês miseráveis e devidamente adulterados....a idéia de que tem um filho da puta ganhando mais do que eu por causa do MEU trabalho.

terça-feira, 22 de março de 2011

Me paro quieto e convido o coração pra conversar

Ao som de Pirisca Grecco - Em todos so sentidos

Sempre ouvi dizer que a vida ensina e que o tempo cura tudo. Estou desde sábado a noite pensando nas coisas que vida ainda não fez o favor de me ensinar. E estou cada vez mais convencido que o tempo está atrasado.

Eu queria umas coisas que nunca vou ter. Queria ser canhoto. Queria não ter o pé chato. Queria um coração menorzinho. Uma sensibilidade mais introspectiva, pois a minha nunca se segura. Queria ser mais alto. Queria que esse sentimento que nunca dorme ou cala me deixasse por algumas horas. Mas não tem jeito. Sou eu e meus defeitos, eu e toda essa enxurrada de emoção, amor, contradição, tumulto, eu e essa multidão. Porque eu sou uma multidão todos os dias. E isso me assusta.

O tempo nem sempre cura tudo. Tenho feridas que já cicatrizaram, mas que insistem em latejar quando o dia está nublado. Tenho mágoas que já foram superadas, mas se lembro bem, se lembro forte, se penso nelas eu choro. E o choro dói como se fosse ontem. Tenho vontades que nunca passam. Tenho sentimento de posse, tenho ciúme, tenho medo de perder quem é essencial na minha vida. Tenho medo de me perder.

A vida me ensinou a perdoar os outros. Mas fez questão de me mostrar que a gente pode perdoar sem esquecer. E não esquecer é o próprio inferno. Minha memória é um lixo mas sei quem pisou na bola. Aceito que as pessoas errem uma ou dez vezes, desde que se arrependam com o coração. Arrependimentos da boca para fora nunca me convenceram, apesar de eu já ter caído em ladainhas toscas sem fim. A vida ainda não me ensinou a me perdoar. Me condeno, me mando para a cadeia, para a solitária, como pão e água. Cumpro minha pena e nem assim descanso. E eu não sei pedir. Meu Deus, eu não sei pedir ajuda. Nunca gostei de depender dos outros. E tem mais: não consigo dizer eu-preciso-de-você-agora. Sei que é simples, mas não sai. Algo me trava, a voz não sai. Tenho um orgulho que não me deixa. Acho que tenho que ser o fodão, que consigo me reconstruir, me levantar sem dar a mão para ninguém. Não gosto de admitir nem assumir fraquezas nem de demonstrar a minha própria fragilidade. As pessoas fazem SOS a todo instante. Choram, pedem, imploram, suplicam. Não consigo. Para mim isso é traição. Não consigo chegar para a outra pessoa e falar tô-acabado-tô-precisando-não-vou-conseguir-sozinho.

Engraçado é que ninguém nunca me disse que eu precisava ser forte. Um dia, sei lá quando, eu resolvi que ia ser. Sempre fui aquele que ouviu todo mundo, automaticamente achava que tinha que dar força para os outros. Olhando de fora sempre foi fácil achar uma solução. E me distraindo dos meus próprios dilemas. Meus assuntos sérios e profundos eu nunca soube dividir. Penso que a vida é minha, o problema é meu, ninguém tem que ouvir minhas lamúrias, tristezas, coisas chatas e ruins. Penso que me viro sozinho. Penso que me resolvo comigo, que dou um jeito, que consigo.

Quer saber uma verdade? Isso cansa. Vejo tanta gente dizendo que eu sei, que eu posso ajudar, que isso, que aquilo. Eu não sei nada, apenas me sintonizo com o que eu sinto. Não posso ajudar em nada, apenas escuto o meu coração. Ele fala tanto que deixa tonto. Cansei de ser forte, cansei de não saber pedir ajuda, cansei de tentar fazer tudo ao mesmo tempo, cansei de não conseguir dormir direito pensando nas coisas que deveria ter feito, cansei de tomar café pensando nas músicas que não consigo tocar, cansei de não conseguir sossegar meu pensamento, cansei de esconder meu lado frágil, inseguro, cansado. Cansei de aceitar as minhas imperfeições sozinho. Por favor, me aceite também.



domingo, 20 de março de 2011

A vida imita a arte

Texto velho. Considerando os percalços da noite e o cheiro de marasmo desse domingo ele soa vermelho na minha memória. Considerando o vazio que estou sentindo , ele soa preto no meu coração.


_____O Vento fica fechado dentro de si mesmo. Há noites em que ele se sabe sozinho, e da solidão ele tenta tirar a força que ele preciraria ter. A força que acham que ele tem. Sempre me lembro dessas noites solitárias durante as tarde de domingo que duram prá sempre. Nessas noites e nessas tardes em que o debate entre a fé e o medo dividem tudo que eu considero real, o que é irreal acaba se tornado concreto. Concreto por ser a única coisa em que posso me agarrar. Eu começo a conhecer o Vento. Na realidade ele não existe. E eu sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram. Ou a metade deste intervalo. Porque também há vida em mim. As músicas que nós tocamos vão contando histórias e sentimentos desconexos. A vida deve ser assim mesmo: de um extremo ao outro. Pelo menos essa é a escolha que ele lembra ter feito. Viver tudo intensamente. Tanto a dor quando a alegria. O amor e o ódio. A cabeça e o coração. A Verdade e a mentira. Tudo isso vivido com tanta intensidade que as vezes ele sente como se um pedaço da sua alma fosse arrancado. O medo vem de saber que alguns desses pedaços nunca mais vão voltar. Nunca saberei se ele tem todo o poder que dizem que ele tem. Nunca saberei se sou mais ele ou eu. Sei apenas que o Vento , mesmo sendo a mais feliz e a mais livre das criaturas que vivem sob o sol, tb sofre. O Vento tb sofre. Hoje quero apagar a luz e fechar as portas do meu quarto e do meu coração, para não mais ouvir essas vozes malucas no meu corredor e para que o silêncio seja maior do que todos esses sons que me ensurdecem. Ficarei apenas eu no meu quarto, com o grande sossego de mim mesmo. É um universo barato, mas é o meu...


NADA me dói mais do que decepcionar os meus.

Coisas que eu ainda não aprendi

Ao som de PcVgl - Na paz e na pressão

Ser doce nem sempre significa ser agradável.

Ser áspero e amargo nem sempre significa ser ruim.

Não reclamar do frio quando coloco a cama na varanda.

Acreditar nas minhas escolhas em vez de escolher acreditar.

Não insistir em continuar tocando baixo quando o braço dói.

Planejar.

O meu lugar.

Ficar quieto.

Superar.

Juntar os pedaços sozinho ouvindo engenheiros em vez de escrever num blog... como se o que eu sinto importasse para mais alguém.

sábado, 19 de março de 2011

Arrependam-se

Não me importam os argumento dizendo que o fim do mundo em 2012 é uma balela.

Se isso não é uma trombeta do apocalipse, não sei o que pode ser.

quinta-feira, 17 de março de 2011

¿Por que sempre temos tão pouco tempo.?

Ao som dos minutos me dando rasteiras

_____Lembrei desse texto do Paulo Coelho na madrugada, enquanto refletia que há uma coisa que não mudará nunca: Eu permaneço perto das pessoas somente enquanto puder ajudar.

_____"Um guerreiro senta-se ao redor da fogueira com seus amigos. Passam horas acusando-se mutuamente, mas terminam a noite dormindo na mesma tenda, e esquecendo as ofensas que foram ditas. De vez em quando, aparece um recém-chegado no grupo. Porque ainda não tem uma história em comum, mostra apenas suas qualidades, e alguns o enxergam como um mestre. Mas o guerreiro da luz jamais o compara com seus velhos companheiros de batalha. O estrangeiro é bem-vindo, mas só confiará nele quando souber também os seus defeitos.

_____A coisas vão mudando e continuam iguais. Eu poderia escrever uma série de laudas sobre o que estou fazendo ou pensando nos últimos dias sem, todavia, dar a elas nenhuma importância. Invento um paradoxo curioso, mas muito meu. Estamos todos inseridos num contexto muito maior em termos de tempo e espaço no qual não existe nenhum grande plano e nem uma promessa de vitória no final. Nada do que a gente faz importa e justamente por isso, tudo é importante. Tudo o que fazemos no agora.

_____E os meus agoras, esses sim, são repletos de toda intensidade que eu consigo.


_____"Em última instância, será como é e sempre foi: as grandes coisas ficam para os grandes, os abismos para os profundos, as branduras e os tremores para os sutis e, em resumo, as coisas raras para os raros."

segunda-feira, 14 de março de 2011

Yo soy el viento

Ao som do Virgílio, do metrônomo e das minhas fungadas


Fazia séculos que não me chamavam de dedicado.
Talvez porque fazia séculos que eu não me dedicava a alguma coisa.

Meus caminhos estranhos, começo estudando slap e quando vejo estou tirando a música do Zelda do meu subconsciente. E antes que eu me dê conta, estou revendo o fim do final fantasy X e chorando de novo. A última frase da Yuna sempre me arrepia...

"...and one last thing: The people and the friends that we have lost, or dreams that have faded; never forget them."


quinta-feira, 10 de março de 2011

Enquanto isso, no time que não tem 5 volantes.

_____Foi o melhor jogo do gauchão até aqui, sem dúvida. O fato de ter sido difícil só torna o jogo mais importante. Veja bem, o jogo e não o campeão da taça piratini (¿existe isso?). Acho que comemorar esse título é um absurdo, mas vá lá. Engraçado é que o Vitor pega pênalti e é simplesmente sorte enquanto goleiro do caxias faz um milagre na semi que NUNCA MAIS vai fazer e automaticamente se torna um messias profetizado pelo oráculo da polenta e queijo, um semideus destinado a dar entrevista em toda (ridicula) imprensa local. A mesma imprensa que vai defender que o Caxias foi superior com textos cheios de erros de português e ignorando por completo o fato de que o caxias PERDEU o jogo.

_____Se fosse qualquer outro adversário, teria dado caxias, pra desespero dos papos que deviam estar torcendo pela brigada militar ontem. Enfim, insisto, as coisas no futebol sempre acabam nos seus devidos lugares. O juventude quase rebaixado, o caxias quase campeão, essa é a síntese do futebol amador que se faz nessa grande pequena cidade, com habitantes tão educados quanto um rinoceronte no cio e tão amáveis quanto uma pata choca que tem que proteger seus patinhos enquanto estaciona em fila dupla em frente a um colégio particular qualquer.


Nada pode ser maior.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Todo carnaval tem seu fim

_____Não há qualquer ordem cronológica nos fatos e nos pensamentos. Fui autista metade do feriado e posso ser agora.

_____Já saí de Caxias com a sensação de estar atrasado misturada com a de que havia esquecido alguma coisa. Eu sempre sinto isso quando não tiro as músicas direito. E lá vamos nós com o note e a placa de som pra praia. E com o Virgílio. Tirei as músicas com um grande sentimento de inutilidade, sabendo que não ia fazer diferença nenhuma. Realmente não fez. Toquei numa bela lancheria. Andei 300km pra tocar num lugar que se definia como templo do rock e que não passava de uma lancheria com gente burra trabalhando nela. Pelo menos chutei um viado que estava me atucanando e toquei sem camisa. Pelo menos o Fiu invadiu o palco e dava pra fumar a vontade. E a gente te desculpa por você saber cantar. Teria tomado um porre se houvesse bebidas descentes na lancheria. O fato é que eu fui e voltei do litoral com vontade de tomar um capeta.

_____No meio disso tudo o mar estava fantástico. A gente conseguiu rir até doer a barriga e até o Fiu cantar como um sabiá. Falando em cantar, ficam registradas algumas canções que representam bem o espírito da viagem.

Para o Gordo e para o Fiu, pelo dueto na praia, assustando as crianças inocentes:



Para a Cau e para a Jô, pela coreografia na viagem de ida:




_____Acabei entendendo o fim desse carnaval, (gracias, Cervantes). Voltei querendo que a Jéssica morra. Voltei ainda com a vontade de tomar um capeta e de comer um X de verdade. Acabei me apaixonando mais... ainda antes do jogo de Rugby. As conversas com o mar sempre me balançam, os sinos continuam lá. E ele sempre lembra de tudo que já foi dito para não me deixar esquecer. E ele, assim como a minha rosa, invariavelmente me faz sorrir.