domingo, 30 de maio de 2010

Do meu feitiço

Comecei a madrugada na casa do meu professor, que também é o meu amigo, e que também é um ser humano notável. Partituras, músicas fodas, músicas rídículas. Risadas por pensarmos os mesmos absurdos. Acho que não durmi, mas isso não faz muita diferença.

comecei a tarde ouvindo chico. discutindo chico e conversando chico.
Sentindo o coração batendo atravessado.
Rindo por baixo do céu cinza.
Teimosia é foda.

30 anos lembrados numa ligação. Medeo eu também tenho. Mas a confiança é maior.

Depois ganhei meu presente. Não sei porque convenço as pessoas do contrário. Eu deveria mesmo aceitar tudo como é, como deveria ser, como seria teoricamente melhor, mas não consigo. Não seria eu. Mudo o que não gosto, se não consigo me destruo no empenho de mudar. Esse desejo pela mudança e pelo movimento pode muito bem ser minha ruína, mas não ser eu mesmo não serve mais como opção.

Como poderia explicar que numa aula de música aprendi que mentira e trairagem não são aceitáveis. Nem em mim e nem nos outros.

Equipamento reduzido: o estandarte dos kamikazes no peito e uma toalha no porta malas. O resto não ia servir pra nada.

subi no palco cantarolando o hino do politheama. E o Pai nosso em español. Não sei ao certo, mas parece que eu finalmente me senti sozinho. Duas notas depois tudo já estava bem.

Tentar tranformar em sons o que eu sinto passa pelos meus músculos e quando o que eu sinto tá muito confuso volta uma dor muito familiar nos braços. É o preço do exagero, mas é assim que eu tinha que tocar.

Um bunker laranja. Gente sem moral nenhuma e justamente por isso, muito importante pra mim.

Na volta pra casa eu pensei numa valsinha. Os pedaços que não consegui colar, foda-se, ser inteiro não combina comigo. Eu tenho muito mais do que faço por merecer.

Choveu. Bem gelado. Acho que meu anjo caiu da janela de tanto rir.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Veredas

Ao som de: No te va gustar

_____Ás vezes a madrugada passa lenta. Tudo que eu queria era um jeito de me desligar, sem ficar rolando na cama, sem ficar brigando com os meus pensamentos. É uma briga que não posso vencer. Meus horários tortos me custam caro. Minhas lembranças também não ajudam. Solto um sorriso misturado com um suspiro enquanto repito baixinho: nunca melhora.

_____Estou preocupado. Sinto-me sujo e não consigo saber ao certo se estou me sujando agora ou se estou apenas vendo uma sujeira que já se acumula há tempos. De qualquer jeito, a frase rabiscada no meu espelho continua valendo: eu sei o que fazer. E se quiser voltar a olhar as pessoas nos olhos sem vergonha, é bom que faça isso logo.

_____Preciso me redimir de uma mentira, ou melhor, de uma meia verdade que disse na festa de terça. Eu disse que não tenho consciência, que não sinto remorso das coisas que faço e que sei que estão erradas. Isso não é bem assim. Minha consciência me mantém nos trilhos a base de chibatadas. A questão é que tenho um senso de justiça e punição que não passa por questões morais. Ou seja, se alguém me lesar, e eu tiver oportunidade de lesar de volta, é bem provável que eu o faça e que não me sinta mal com isso.

_____Disseram que iam me levar pra praia. Estou precisando mesmo de água salgada prá fazer uma faxina na alma. E por outro lado, preciso de um pouco mais de cuidado com o meu corpo. Enquanto isso, eu continuo aqui tocando mil músicas procurando relações perdidas nas letras e nos acordes delas. E cortando fotos sem foco. E tentando escolher o certo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mais...

Anos 80 no talo. Não pude deixar de rir da letra. Achei uma coisa tão minha. O mea culpa em latim no final.




Confiteor Deo omnipotenti vobis fratres, quia peccavi nimis cogitatione,
verbo, opere et omissione, mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa

domingo, 23 de maio de 2010

Mais uma dose

Pequenas coisas prá comemorar. Comemorar o que.? Nada, eu acho.
Vai ser mais uma semana louca, com 123 ensaios, shows, academia e tudo mais.
Nunca melhora.

Esse é o meu grau.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Compassos compostos

Essa arrepiou enquanto eu tocava. Segue a semana.



"Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou"

O Único Acima ajuda quem acorda cedo. É irônico, mas faz sentido. Eu até poderia pensar em dormir cedo. Mas dormir é para os fracos. A noite soa acolhedora no frio do outono.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Apontamentos com Pimentão

Ao som das 123 músicas que eu tenho que tirar essa semana

_____25 horas... caras, mas não menos

_____Penso no discípulo se tornando igual ao mestre e não consigo conter um sorriso com um quê de diabólico.

_____O ano passado foi o ano da música gaúcha com pitadas de tango, ou do tango com música gaúcha. Esse ano está com cara de música brasileira, com pitadas de sei lá o que. Sei lá o que em pó, em alguns casos. Falando nisso, eu sei que ando com meio mundo que se detona com cocaína, mas isso não faz com que eu cheire, da mesma forma que ando com meio mundo de músicos fantásticos e isso não me torna um músico fantástico. Da mesma forma que não bebo até me tornar isuportávelmente chato em meio a discussões infindáveis. Enfim, via de regra, minhas companhias não servem como exemplo de conduta. Há excessões, óbvio.

_____A semana promete ser cheia. Minha agenda já tá toda rabiscada. E volta o sorriso diabólico.

domingo, 16 de maio de 2010

Aquilo que podemos

Ao som de: Astor Piazzolla - todo Libertango


_____Sentei na sacada e fiz o sol nascer por não ter com quem conversar. Noite longa e estranha, mas todas as noites tem sido assim. fiquei focado em fazer o que eu pensei ser certo. Meu dicernimento falhou em algusn momentos, mas não foi por minha falha. È o preço que pago por conviver com pessoas com opiniões e critérios muito diferentes dos meus. Há um rótulo de bacardi colado na minha camiseta. E ninguém pode dizer o orgulho que senti por usar uma camiseta de uma banda de amigos meus. Amigos que eu considero grandes. Um deles invadiu o palco, e eu imaginei que nada poderia ser mais adequado naquele momento. Sinto uma dor muito familiar nos meus braços, mas já que meu professor tocou o teclado ao contrário, o mínimo que eu poderiaq fazer era inverter minhas mãos também. Cada um com a sua espada. Conversei muito, mas acho que fui mais elouquente nos meus silêncios. Fora isso, eu escolhi ouvir em vez de falar


_____Ainda sobre o show e sobre meu medo e minha confiança. Eu tive medo que uma corda do Virgílio arrebentasse, mas ao mesmo tempo confiava que ele ia se aguentar. Não sei ao certo a relação que eu faço, mas em nenhum momento eu me senti sozinho e creio que isso fez diferença.


_____Cuidei da água como cuidei de mim mesmo. A água não ferveu e eu consegui me preservar. Vencemos. A conversa com o sol foi com sabor de ervamate. E com uma mistura de saudade e nostalgia que não consigo definir. É justo que eu coloque minha cabeça no travesseiro e durma em paz. Mesmo que eu durma sozinho.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Por isso que não funcionava.

Madrugada insólita de gritaria no jogo do grêmio e depois concertos e consertos no estúdio laranja acompanhado do barão do campo harmônico. .



Ficam duas imagens que explicam bem porque as coisas não funcionavam.

Sim, é uma gambiarra feita com fita crepe e, sim, é um cabo rca - p2 com adaptador p10.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Construção

Ao som de: Muse - Time is running out

Fazia tempo que eu queria voltar a fazer aula de música. Eu entendo que estudar sozinho tem muita importância, mas sei que o convívio com alguém que visivelmente sabe mais do que eu ajudaria bem mais. Eu acabei adiando essas minhas aulas porque não tinha encontrado a pessoa certa par ame ensinar. Convivo com muitos (muitos mesmo) músicos melhores do que eu, mas nenhum que me fizesse pensar "é assim que eu quero tocar.. é assim que eu quero ver a música".

Lembro de uma madrugada perdida num estúdio laranja e uma discussão filosófica sobre harmonia e campo harmônico. Tudo por causa de um acorde estranho e de uma palavra: "trítono".

Era lógico que a pessoa que ia me ensinar não tocaria o mesmo instrumento que eu. Era lógico que ela também resenharia com força e severidade. Seria alguém com quem eu poderia conversar com sons e não com palavras. Ele não iria discutir comigo, só iria me dar um livro e um sorriso.

E eis que na primeira aula ele já me entregou um cd que fez jus ao título que eu mesmo providenciei a ele: Barão


Finalmente achei um professor. Ou ele me achou.
O mestre só aparece quando o discípulo está pronto.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O fante de copas

Escrito do meu reino, entre um mil de folhas rabiscadas pela metade. Um formigueiro perto do horizonte e um olho fechado.

Fiquei uma semana escrevendo e reescrevendo uma carta. Negociei com as palavras de forma que elas fossem a forma para o que eu sinto. Acabei descobrindo muito sobre mim mesmo nesse processo. EU não conseguiria defender uma posição que não fosse coerente. Descobri também que entrei nessa espiral porque sabia que, por mais que escrevesse 20 folhas, o que eu queria dizer caberia numa única frase. Uma frase que eu já disse, aliás.

Al fin y al cabo, ela não faria nada. Faria a mesma coisa que sempre fez e por isso, continuaria a receber o que sempre recebeu. Se é suficiente para ela, quem sou eu prá polemizar sobre.? Eu quero mais, esse é o meu defeito e a minha virtude. Considerando tudo que tenho.. tudo que conquistei... tudo e todos que tenho ao meu lado, é absurdo o quanto me menosprezo. E fico eu aqui com restos e migalhas do bolo que eu mesmo cozinhei.

Com medo e confiança eu olho pra dentro. Uso a mesma definição tênue de justiça e punição para acreditar que podemos mais.

A carta.?? Acabei de amassar e jogar fora. Se não tenho as estrelas, me deleito com a chuva do céu nublado.