sexta-feira, 24 de maio de 2013

E ela tem capuz....

Havia um monopólio na ferraria do Olimpo. Todas as armaduras saíam da oficina do Héfeso. Ele era conhecido por forjar armaduras perfeitas, mas havia algo que todos sabiam. Cada armadura, mesmo sendo perfeita, possúia um ponto fraco. O ponto fraco só era conhecido porquem a usava e a discrição do Héfeso sobre o assunto era igualmente lendária. Era um mecanismo de controle para evitar que os gregos se perdessem na sua tirania.

A minha armadura era mais um símbolo do que uma proteção. O estandarte dos kamikazes que usei quando precisei ser bom e tive medo de hesitar. Medo e hesitação, essa era a finalidade da armadura, esconder meu medo e minha hesitação. O ponto fraco era claro. Bastava me olhar nos olhos e lá estava minha fraqueza esposta e vulnerável.  Era justo e funcional, numa estratégia que sempre se baseou em dissimulação. Depois que vc descobre que pode ficar invisível, não se preocupa muito com o que se passa no seu olhar.

Então o tempo passou e descobri que tenho uma armadura nova.
O ponto fraco dela? É bem simples, ela não protege meu coração. Quando perguntei pro Hefeso o que ele estava pensando quando desenhou, a resposta foi uma sonora gargalhada. Ele não entendeu porque deveria proteger uma coisa com a qual eu não me importo. Ele balbuciou também que ela não era minha de verdade, só estava comigo. E que se eu prestasse atenção no ombro dela, saberia a quem ela pertencia.

E aqui estou eu, racionalizando quase tudo para tentar entender como posso tirar força do fato de estar completamente vulnerável. E tentando não surtar. Acabei entendendo que toda essa situação era o sinal de que deveria encontrar alguém que cuidasse do meu coração, coisa que eu sou visivelmente incompetente demais para fazer. É interessante que depois de tantas mentiras e falsidade eu esteja vendo a verdade como o único caminho. Confiar é minha escolha mas, ela não é fácil. Acreditar é terreno perigo pra quem se acostumou em saber. Amar e ter uma pessoa especial do meu lado torna as coisas mais fáceis, mas... depois de colocar meu coração nas mãos dela, todos aqui dentro sabem que um tombo agora pode ser fatal.

Cuida de mim... dessa vez eu não consigo sozinho.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Dando um tempo da operação verão

Quando a alma sente tesão, a felicidade simplesmente acontece. Em cada detalhe.


terça-feira, 21 de maio de 2013

(G)iiixxxxsss


Felicidade é ter alguém que salve as segundas-feiras com uma frase romântica. É ser de alguém, em alguns casos. Um sentimento de pertencimento. Felicidade é quando a pessoa se perdoa pelos erros do passado e segue em frente sem todas a barreiras que vai se colocando ao longo dos anos. Ser um ícone da canalhice e um blog cheio de mimimis. Gêmeos com ascendente em gêmeos e lua em aquário. Tá tudo explicado nas minhas estrelas, no meu casaco azul que tem o melhor cheiro do mundo nele.

O chimarrão vem amargo, mas ele puxa que é uma maravilha. Pra saber se minha vida está boa, basta me pedir pra fazer um chimarrão.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Se o problema fosse qualquer outra coisa



Antes da segunda sinaleira eu já sabia que a viagem até aqui seria de discussão comigo mesmo. Eu notoriamente raciocino melhor andando a mais de 130km/h. O que já aprendemos é que os outros motoristas não lidam muito bem com coisas se movimentando rápido demais e as vezes eu precisava coçar o olho que insistia em marejar. É difícil ter noção de profundidade com um olho fechado. E eu ia sentindo o cheiro que havia sobrado nas minhas mãos, como que espremendo um último restinho de felicidade. Curva atrás de curva eu me sentia fugindo. Como se eu não soubesse que  fugir não tem nada a ver com localização ou distância geográfica. Como se eu não pudesse ver o remoroso me perseguindo cada vez que olhava pelo retrovisor.

Devo ser o pior mentiroso do mundo. Vivo mentindo sobre pequenas coisas: números, datas, horários, essas coisas que os adultos adoram saber para fingirem que tem algum controle. E de tempos em tempos eu tenho a chance de alcançar o que mais quero ao preço de uma mentira. ¿E o que o idiota faz? Vai lá e insiste em falar a verdade e se arrebenta todo.  E fica se sentindo a bactéria que caiu da baba do cavalo figurante de bandido que morreu no filme. É tão irônico isso. Fazer o certo e se sentir mal por fazê-lo.

Já faz mais de um ano que eu queimei tudo que já havia escrito. Não foi fácil arrancar tudo aquilo aqui de dentro. Não foi fácil me trazer de volta. O fato é que a ferida nunca cicatrizou direito. Na hora eu não percebi, mas mesmo queimando tudo, uma pequena sementinha não queimou. Ela ficou na minha ferida e, ali nasceu um pequeno brotinho. Eu nunca dei muita bola, mas aquela semente foi colocando raízes que agora não podem ser arrancadas. Cada vez que a tristeza vez elas descem mais fundo. Um simples pensamento as vezes muda uma mente para sempre. E agora que eu sei como fugir de verdade, nunca mais vou poder fingir que não sei o caminho.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Manobrar não é tão fácil quanto parece

Ou: Claro que eu não achei o bilhete


Por anos eu escrevi pra ela, e de repente ali estava eu tendo vergonha de escrever na frente dela. Troca-se vinho tinto por 9 textos. Troca-se sorrisos e maionese verde por inspiração. Como se eu não soubesse o que escrever sobre ela. Comida na boca pra que eu não esquecesse de comer. É bom ter algum que me conheça a esse ponto. Mordidas no queixo e eu percebi que não há nada mais inútil do que meu cavanhaque. ¿Estrelas? 5. Nada mais inútil do que tentar ficar longe dela. Ela tem um olho bom para corrigir as coisas. Não vejo coisa melhor que ela possa corrigir do que eu mesmo. ¿Ela vai colocar meus acordes no lugar da mesma maneira que coloca pontos e vírgulas nos meus textos.??

Achei que precisaria dar um nome estranho para a cor, mas a Fiat já fez isso por mim. Azul Trinidad. O que é isso me incomodando.? Ah, tem um grampo de cabelo no meu cabelo.

Nenhum agradecimento seria preciso. Era eu retribuindo uma milésima parte do que ela fez por mim.
E tem mais, eu desisto.  Uma luz da razão para viagem e um hidromel com emoção.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Oblíqua e dissimulada

"Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve."Don Casmurro

Finalmente isso faz sentido.




quarta-feira, 27 de março de 2013

Carecendo de certezas apesar da certeza das dúvidas.


Discutindo harmonias e dando risadas nas aulas aprendo muito com o que acontece nas entrelinhas. Vejo um professor dizendo que ensinar um gênio ou um aluno esforçado é fácil. Difícil é puxar aquele que não se ajuda. Tornar bom o que é medíocre (medíocre não pejorativamente falando e sim na sua definição - aquele que está na média). Admiro a perseverança dele sem muita inveja. Não escondo que que sinto um certo orgulho por saber desistir das coisas e das pessoas (e tenho minha excessão que confirma isso). Por outro lado, um doutorado em música e de repente você tem o direito de ser contra tudo e discordar de tudo. Aprendo a entender isso. Professores tem que desconstruir o que o aluno não sabe, para que ele possa contruir um conhecimento mais próximo da realidade. Aprendo devagar a não concordar com isso, mas  por simpatia e admiração eu aceito as descontruções cruéis. Funcionam comigo e por isso eu imagino que elas não são tão funcionais. ¿E o que sei eu? Sempre aprendi o que eu queria apesar dos meus professores pra depois chamá-los de mestres. E tem mais, realidade em termos de música não é tão simples e explicável quanto parece. Não é tão matemático quanto poderia se supor. A teoria justifica e suporta acordes que acabam soando horríveis. E acordes errados soam com perfeição onde não deveriam. Teoria e prática são estranhas uma para outra quando ficamos tentando achar explicação pra tudo.

A música não carece de explicações, e explica tanto sem dizer nada. É algo para ser sentido e não explicado.

domingo, 24 de março de 2013

Paula quer batatas



Um sorriso de quem sabe que não é sorte - é competência - e eles se despediram. Péssima semana pra parar de fumar. Péssima noite para decidir não beber. Troca tudo por erva mate. 4 shows, 3 lugares, 2 pessoas. Vem a Vermelha numa livraria. Tempo de menos e ela me dizendo calma. Capuccino com chocolate branco. Pegar no sono em HD. Fórmula 1 bem melhor sem o Rubinho ¿Onde diabos fica Tapejara.? Luis José? Muda a cor de que? Toda ruiva.? Vai timeeee!!! Meu volante copeiro joga contra o time e me coloca no chão de novo. Cruel e libertador. Torres é perto demais, mano. O mar cuida dela mas eu cuidaria melhor. Eu sempre gostei do Yoshi azul. Identidade de Euler e desenhos rabiscados. Um pedaço de sensação ¿Me ensina a ser palhaço.? Como se precisasse... Ando entre gigantes.

"Supõe um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para chegar num lugar onde há batatas em abundância; Se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição no caminho. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria e ousadia da vitória, os hinos, aclamações e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." - Quincas Borba

E tudo isso sem uma gota de rum, pelo menos pra mim.

terça-feira, 19 de março de 2013

Quase tudo

Eu queria saber desenhar. Desenhar uma montanha bem alta e depois desenhar um bonequinho de palitos carregando um saco pesado montanha acima. Ele ia demorar um a tempão prá chegar lá em cima e ia chegar todo machucado. Quando ele chegasse no topo da montanha ia ficar a noite inteira olhando as estrelas. Prá ele, uma constelação de 5 estrelas marca o que ele entende como casa. E qdo amanhecesse ele ia abrir o saco e tirar de dentro duas asas empoeiradas e sujas. pra colocar de volta nas costas, todo desengonçado. Existe um sorriso que só as pessoas tristes conseguem dar e depois de dar um desses sorrisos o bonequinho ia pular montanha abaixo. Ele até ia voar um pouco, mas sozinho ele não tem a força que precisa pra manter as asas abertas. Mesmo sabendo que não tinha como, mesmo sabendo que o chão era destino certo, ainda assim ele pulou. A queda seria foda e depois do tombo e de se recuperar um pouco (não da dor física porque a dor do corpo é uma piada perto da dor da alma), ele iria levantar e sem ter força de erguer os olhos iria colocar as asas dentro do saco e recomeçar tudo de novo. Mesmo as asas sendo só um emaranhado de água salgada e remendos mal feitos, eram dele. Foram presente da mulher palitinho que ele amava. Ao redor dele haveria uma multidão de palitinhos dizendo que ele não deveria ter pulado, que ele não deveria tentar voar de novo, dizendo que o chão era o lugar dele.  De cabeça baixa ele iria de novo em direção a montanha, com medo, duvidando de si mesmo, duvidando do real motivo de ter ganho aquelas asas que as vezes amaldiçoava por ter lhe trazido tantos problemas. Ele duvidava de quase tudo, menos de uma coisa. Com o mesmo sorriso que só as pessoas tristes conseguem dar, dessa vez com covinhas nas bochechas, ele iria continuar subindo naquela montanha até o dia em que a mulher palitinho com um coração forte voasse com ele. Ou o dia em que a queda fosse demais e ele acabasse morrendo. Os corpos de palitinho são muito frágeis perto das decisões que a alma toma. Ou de um amor que não sabe acabar.

Eu queria saber desenhar, porque não tenho mais palavras pra descrever o vazio que sinto longe dela..


segunda-feira, 18 de março de 2013

O céu e a vontade de comer sorvete.

Demorei pra escrever porque ainda não assimilei tudo que eu li. Qdo me dei conta estava com um sorriso que não cabia em mim, ao mesmo tempo que não conseguia enxergar o monitor direito de tanto chorar. Li e reli a nossa conversa incontáveis vezes. Eu poderia lembrar do dia de ontem como o dia em que meu corpo finalmente venceu uma antiga discussão comigo e me convenceu a dar um tempo de bebidas e cigarros. Em vez disso, vou lembrar que há um coração que me faz forte. Vou me lembrar sempre que o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu. E vou lembrar que a mulher da minha vida também me ama. E eu nunca mais vou desprezar as asas que ela me deu.






segunda-feira, 4 de março de 2013

Um degrau por vez.


Pouca gente sabe, mas normalmente minhas asas são só uma pilha de escombros que eu carrego comigo em forma de culpa.  Mas as vezes, só as vezes, eu lembro porque tenho elas. Cada vez que meus olhos esbarram no que mais desejo eu fico sem chão. E lembro da bicuda que uma mulher me deu de cima do penhasco para que eu aprendesse a voar. E quando a gente fica sem chão, só pode confiar no céu. Talvez ela tenha percebido antes de todo mundo que eu rastejava enquanto fingia voar e num ato de puro altruísmo tenha decidido fazer alguma coisa a respeito de mim. Pode ter sido o caso dela também me amar.  Ou talvez não seja nada disso, pode ser apenas minhas esperanças embaralhando minha memória e meu entendimento do que aconteceu.

Continuo com a sensação de que alguma coisa está muito fora do lugar, mas sempre que amanhece e eu vou dormir, sei que ela está acordando em algum lugar não muito longe de mim. Esses pensamentos me dão algumas migalhas de serenidade e eu durmo melhor, mesmo não sendo ao lado dela. Acabo me sentindo grato por ter, no meio de toda confusão, alguém que me faz sorrir só por existir. Sei que não há mais volta pra nós e vou seguindo em frente aos tropeços. Sei também que o fato de ter  perdido meu grande amor me tornou um a pessoa melhor depois que repensei mil coisas.  Mas o fato é que minha alma nunca sossegou depois que eu a perdi.

Y no hay dolor que duela más que dolor del alma.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Uma parábola familiar


_____As vezes consigo estabelecer uma relação entre o jeito que vivo minha vida e a quantidade de vezes que posto por aqui. Lembro das vezes que vinha correndo para escrever minhas linhas tortas sempre que tinha oportunidade de mandar mensagens que só uma ou outra pessoa conseguiriam entender. E me divertia criando maneiras de inserir essas mensagens na minha vida, nos meus textos. Em parte, fiquei esse tempo sem escrever por acreditar que não havia mais ninguém com quem eu quisesse conversa. Demorei mas acabei aceitando que há pessoas que nunca sairão da minha vida, e aqui estou eu de novo... ouvindo Tool e rabiscando ideias. 

_____Sempre precisei escrever pra organizar a mente. Vivo pensando levianamente rápido demais e quando escrevo me obrigo a analisar melhor o contexto. E, posso facilmente olhar  pra trás e dizer que estou adiando essa análise, quase fugindo. Mesmo dormindo 4 ou 5 horas por noite dia, sempre arrumo alguma coisa pra fazer pra não pensar muito nos rumos que estou tomando. Não que eu esteja errado: trabalhar tudo que dá não é o problema. Meus objetivos também não. O problema mesmo é a companhia, ou a falta dela. Alguma coisa se quebrou aqui dentro depois do último namoro e da bagunça das flores. Eu não tenho força nem vontade de consertar. Cheguei num ponto em que acredito só em 3 coisas: em bêbados, em crianças e em pessoas com raiva. E isso me incomoda muito. Sei que isso me protege, mas não sei ser eu mesmo sem ter alguma coisa que me deixe vulnerável. E minha esperança está fraca demais pra empatar com o instinto de auto preservação. O jardim não me encanta mais. A Ostra está longe do meu alcance.

Ainda assim,  sei que as peças se encaixam. Nesse exato momento toca a música que ela me escreveu.




Choosing to be here right now. Hold on, stay inside...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Tudo bem que o leite ferveu


Eu larguei tudo que estava acontecendo lendo um "Boa noite, Tiago" no FB. Não discuti sobre meu nome porque não teria argumentos. Soltei um "Boa noite, Laura" com uma calculada indiferença. Eu me chamo de Vento e sempre vou me referir a ela como Professora Resiliência. Entre livros, tequilas, alianças e moedas de 3 lados conversamos. Lembro das aulas, da tranquilidade dela num piano ou solfejando como se fosse a coisa mais simples do mundo. ¿Como pude pensar em desistir disso.? Meu lugar é na corda bamba entre um acorde e outro. O lugar dela é no contraponto entre as vozes dos acordes. A vida e o jeito que tocamos reflete aquilo que somos. Tocar mal é tocar mal a vida. E ela vai me tornando um ser humano melhor quando me ensina a ser um músico melhor. Frases de efeito melhores do que as do gato de Cheshire e mais simples que uma pentatônica de Lá menor. Metáforas e café, quero os dois.





Sempre que estou saindo do caminho vem uma mulher e me coloca nos trilhos de novo.  Dessa vez foi uma doutora em música. Encontrar caminhos para ir de um silêncio a outro continua me fascinando.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Para decidir por onde vou


A decisão foi certa, mas mesmo que eu soubesse o que fazer e tivesse uma certa noção de como fazer, não tinha a mínima ideia de quando. Cheguei na praia com o sol forte e entendi que deveria esperar. Esperei mesmo sem saber direito o que estava esperando, torcendo para não perder o momento certo. Depois de 2 dias soltando pipa e procurando desenhos nas nuvens, no começo da noite, a chuva veio e eu entendi o recado. Estava sozinho na areia, mas no céu a chuva gritava e na minha frente o mar me dava medo. Não fui bem recebido por nenhum dos dois, mas encontrei ordem no meio daquele caos. E fiquei ali, nadando, contando raios no céu. A água que estava suja foi ficando limpa e eu pude descansar. Queria desistir de tudo porque na minha cabeça era melhor começar tudo de novo do que tentar salvar uns poucos garranchos do desenho origininal. Mas eu estava enganado. Mesmo com tudo que se quebrou, mesmo com tudo que eu não soube ou não consegui proteger, ainda há uma alma aqui.

E eu lembrei da promessa. E lembrei como é bom ter esperança. E lembrei que estar sozinho nunca me perturbou enquanto eu estava em paz com a minha essência. Entre raios, chuva e água salgada, lembrei que abrir as asas não dói.

domingo, 6 de janeiro de 2013

¿Asas pra que?


Dessa vez eu preciso de ajuda. Preciso descansar. Levo a chuva comigo porque não quero que aquele monte de água me veja chorando. Sem nenhuma costura pra remendar ou armadura pra reforjar, levo também minha pipa.

Estou cansado. O ano foi salvo.

Vou pra praia tentar salvar o pouco que sobrou de mim mesmo.