Havia um monopólio na ferraria do Olimpo. Todas as armaduras saíam da oficina do Héfeso. Ele era conhecido por forjar armaduras perfeitas, mas havia algo que todos sabiam. Cada armadura, mesmo sendo perfeita, possúia um ponto fraco. O ponto fraco só era conhecido porquem a usava e a discrição do Héfeso sobre o assunto era igualmente lendária. Era um mecanismo de controle para evitar que os gregos se perdessem na sua tirania.
A minha armadura era mais um símbolo do que uma proteção. O estandarte dos kamikazes que usei quando precisei ser bom e tive medo de hesitar. Medo e hesitação, essa era a finalidade da armadura, esconder meu medo e minha hesitação. O ponto fraco era claro. Bastava me olhar nos olhos e lá estava minha fraqueza esposta e vulnerável. Era justo e funcional, numa estratégia que sempre se baseou em dissimulação. Depois que vc descobre que pode ficar invisível, não se preocupa muito com o que se passa no seu olhar.
Então o tempo passou e descobri que tenho uma armadura nova.
O ponto fraco dela? É bem simples, ela não protege meu coração. Quando perguntei pro Hefeso o que ele estava pensando quando desenhou, a resposta foi uma sonora gargalhada. Ele não entendeu porque deveria proteger uma coisa com a qual eu não me importo. Ele balbuciou também que ela não era minha de verdade, só estava comigo. E que se eu prestasse atenção no ombro dela, saberia a quem ela pertencia.
E aqui estou eu, racionalizando quase tudo para tentar entender como posso tirar força do fato de estar completamente vulnerável. E tentando não surtar. Acabei entendendo que toda essa situação era o sinal de que deveria encontrar alguém que cuidasse do meu coração, coisa que eu sou visivelmente incompetente demais para fazer. É interessante que depois de tantas mentiras e falsidade eu esteja vendo a verdade como o único caminho. Confiar é minha escolha mas, ela não é fácil. Acreditar é terreno perigo pra quem se acostumou em saber. Amar e ter uma pessoa especial do meu lado torna as coisas mais fáceis, mas... depois de colocar meu coração nas mãos dela, todos aqui dentro sabem que um tombo agora pode ser fatal.
Cuida de mim... dessa vez eu não consigo sozinho.
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