domingo, 27 de novembro de 2011

Prenhe de razão.

As vezes eu saio com papel e caneta no bolso. E horas ou dias depois eu me vejo escrevendo sobre frases resumidas aparentemente sem sentido nenhum. E aqui estamos nós.

Na sexta voltou uma sensação velha. Eu lembro dela latente nas madrugadas quintas-feiras que eu tocava no Revival, cuidando do meu canto do palco enquanto o Caldo cuidava do dele. E depois de tocar, em vez de beber tudo o que dava simplesmente por beber, eu me lembro que ia pra casa estudar música. E ninguém poderia me convencer que eu estava errado. Saindo do festival de blues sem uma gota de rum, senti a mesma certeza. Já estou sem beber faz quase 2 meses e não vejo motivo nenhum para repensar minha decisão. Estar no domínio dos meus pensamentos torna o convívio comigo mais fácil. Quando eu bebo me torno uma criança cruel e arbitrária. E acabo fazendo mal para as pessoas ao meu redor jogando verdade na cara delas. Sei que sou conhecido por ter uma relação muito flexível com a verdade, mas aqui dentro há um alguém que acha inconcebivel toda e qualquer mentira, além da hipocrisia que todos usam com naturalidade para lidar com os seus.

Sinto uma falta desgraçada de jogar xadrez. Lembro do Chicão, numa daqueles conselhos ambíguos que servem para tudo. "Enquanto tu pensar só taticamente, tu só vai ganhar jogos por sorte. É preciso uma estratégia". Eu sempre lembro desse conselho quando não prevejo uma coisa óbvia e me sinto um asno. Sei bem como cada peça se mexe e o que posso fazer com elas, mas se eu não souber quando e porque estou mexendo, vou continuar sendo refém do outro lado do tabuleiro.


Ah, antes que eu me esqueça, se você acha que um contrabaixo de 5 ou 6 cordas é menos instrumento que um de 4 cordas, você não é um músico,  você é um filho da puta sem noção e eu não me importo em nada em saber a sua opinião sobre nada.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Farinha do mesmo saco

Sei que temos um monte de músicas para tirar e que o corre vai ser louco em dezembro. Sei que tenho que gravar a música da Cau e que o deadline do vestibular está chegando. O tempo continua me dando rasteiras, mas essa é minha vida. E entre uma cuia e outra eu lembro das mesmas músicas de sempre.


Ando mesmo precisando tocar até sangrar a ponta dos dedos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Um dia eu teria que aprender.

E voltamos ao velho diário, do mesmo jeito que o coiote voltava para a prancheta de planejamento. Ou isso ou um psiquiatra. Finalmente ouvi as 9 sinfonias inteiras, uma atrás da outrra. No começo da 5, lembrei do Gordo: "agora é só os riff". A 9 sempre vai ter cheiro de infância, por causa da propaganda do Zaffari.

Tem uma frase escrita no final do livro do Jaco, a lápis, dá prá ver qeu eu acalquei muito quando escrevi, como se quisesse entendê-la na marra:

"Deixe alguém começar a acreditar em você, deixe alguém segurar  a sua mão.; Deixe alguém tocar em você e observe o que acontece..."

Uma segunda-feira normal

Continuo sendo o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram.
Continuo me culpando por sentir medo, por não me considerar bom o bastante.
Anos andando atráss do próprio rabo, ¿como não me sentir perdido agora que tenho direções a seguir.?

Não consigo decidir se há algo errado, mas se houver, tenho certeza que sou eu. Sem dramas, só uma raiva surda de mim mesmo.

Vai passar. E talvez me deixe menos autista.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cansado

Até tento me enganar dizendo que vou dormir de noite, mas não consigo. Nem me enganar e nem dormir. Não sei porque insisto. Esses dias e madrugadas de mormaço me irritam. A minha cabeça burra que ñ consegue mais conciliar duas coisas por se concentrar teimosamente numa coisa só também me irrita. Pareço tranquilo, é verdade, mas eu tenho vontade de pegar um machado para matar o mosquito chato que está voando insistentemente no monitor. A Cau ri quando eu digo que eu preciso de férias, sem entender do que eu quero descansar. É compreensível. A verdade é que quero dar um tempo de mim mesmo. Das minhas cobranças exageradas. De ficar dias tentando tocar músicas que não consigo. Quero desistir dessa minha postura de sempre ponderar para não errar nunca. Todo mundo aqui dentro fica inquieto, já que mais cedo ou mais tarde vou acabar me enrolando. Sabemos o que acontece com os arcos que ficam com as cordas sempre esticadas. É estranho admitir que as vezes sinto vergonha de conversar comigo mesmo.

Eu consigo lembrar do filme uma mente brilhante por causa de uma frase, resumo Romeu e Julieta numa frase que não fala sobre amor. Nao sei o Salve Rainha em português mas sei ele em latim por que acho ele bonito. Prefiro Ezequiel 25:17 em español. Até hoje sei o código para escolher fases no Sonic 2, onde estão as 3 flautas no Super Mário 3 ou o caminho pelos 15 andares da torre de Baya Malai no Phantasy Star do Master System. Tenho esse mundo de coisas na cabeça e consigo conciliá-las sem muito esforço. E justamente por causa desse tudo que consigo pensar ao mesmo tempo que me sinto culpado por esquecer de entrar no MSN, por exemplo. Não sei se estou ficando velho ou se são os meus excessos começando a cobrar o preço, mas as vezes sinto que minha cabeça não funciona como deveria. Talvez seja só minha loucura se manifestando. Porque antes, quando não havia ninguém por perto, era fácil ser louco e tocar o foda-se, mas agora que há alguém por perto com quem eu me importo, é impossível ser inconsequente nas coisas que faço ou que digo. Fiquei repetindo nunca me conceda descansar tempo demais porque podia fazer o que eu quisesse quando estava cansado.  E no processo me convenci que descansar não é ficar um tempo sem fazer nada e sim ir fazer outra coisa. Infelizmente nunca mais serei o mesmo. Não sei se consigo parar.

3 da manhã, meu braço está doendo de ficar torto na cama tocando o Semtrastes. Daqui a pouco vai esfriar um pouco. Vou para a cama. A propósito.. a frase é: "Eu acho que aperfeiçoar minhas interações para torná-las sociáveis, requer um tremendo esforço. Eu tenho tendência em expressar informações de maneira direta, e as vezes os resultados não agradam." E no segundo ato, na cena dois, no jardim dos Capuletos a Julieta fala "O que chamamos de rosa sob um outro nome teria igual perfume.?"

sábado, 5 de novembro de 2011

Tocar sem saber pra onde

As vezes fico impressionado com o caminho que as coisas tomam.  Como pequenas peculiaridades vão guiando nossos pensamentos. Estava tocando e inventei um riff em sextinas. Daí, como estava com dificuldades para tocar usando 3 dedos em vez de 2, saí procurando uma revista que eu sabia que tinha um exercício sobre pizzicato com 3 dedos. Na mesma revista tinha uma entrevista com o Daryl Jones que, além de ser o baixista dos Rolling Stones desde o período cretáceo, tocom com o Sting, com a Madonna e, com o fodão Miles Dives. Quando enjoei de tocar os exercício, parei o metrônomo e sem pensar muito já estava procurando na discografia do Miles os discos que o Darryl havia gravado para ouvir enquanto lia a entrevista.  São poêmicos, eu admito, mas baixisticamente falando, eu gostei.  E a entrevista só reafirma o que todo mundo fala do Miles. Ele ensinava a ouvir. Pode parecer estranhos mas existem músicos que não escutam.

Isso de ouvir me lembrou da época em que ouvir um disco era um ritual. Não existia nenhum www.baixetodososdiscosdomundoaqui.com.  então cada disco comprado era valioso. E tinha as letras, a arte. Ouvir muito cada música prestando atenção. Ler a ficha técnica para ver quem trabalhou no cd, quem gravou o que. Hoje em dia não existe muito isso. Ter acesso a tyudo não é bom. Meus alunos seguidamente me falam  que possuem tal vídeo aula ou um tal métod de estudo. Quando eu pergunto se eles estudam por eles, a resposta normalmente é não.

Pensando nisso, abri um livro do Jaco Pastorius que eu gostava muito de tocar, mas que acabou soterrado por outras atividades irrelevantes. E aqui estou eu com uma partitura tentando tocar isso:



Tudo porque queria tocar com 3 dedos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

É nós que voa, Chicão.

Estava chegando no Teatro São Carlos para a apresentação da escola. Olhei pra cima e vi no relógio que eu tinha tempo. Ou melhor, o tempo estava certo. - Vem comigo, Virgilio, vou te mostrar um lugar legal. E sem pensar muito invadimos a igreja de São Pelegrino na finaleira da missa. O mesmo arrepio de sempre.

Com 5 cordas nas costas, fui conversar com o Padre Mário:
- O que que é isso.?
- É minha espada, eu chamo ele de Virgilio.

Tomei cuidado para me ajoelhar no joelho direito quando o padre nos abençoou. Senti-me como se tivesse sido nomeado cavaleiro. Ouvi a pressa do tempo me chamando atráves do sinos e tive que ir embora. Uma criança correndo com um baixo nas costas se despedindo dos santos. A mesma criança de sempre.

O mesmo sorriso, o mesmo coração... mais maiores. Claudiamente maiores.