quarta-feira, 27 de março de 2013

Carecendo de certezas apesar da certeza das dúvidas.


Discutindo harmonias e dando risadas nas aulas aprendo muito com o que acontece nas entrelinhas. Vejo um professor dizendo que ensinar um gênio ou um aluno esforçado é fácil. Difícil é puxar aquele que não se ajuda. Tornar bom o que é medíocre (medíocre não pejorativamente falando e sim na sua definição - aquele que está na média). Admiro a perseverança dele sem muita inveja. Não escondo que que sinto um certo orgulho por saber desistir das coisas e das pessoas (e tenho minha excessão que confirma isso). Por outro lado, um doutorado em música e de repente você tem o direito de ser contra tudo e discordar de tudo. Aprendo a entender isso. Professores tem que desconstruir o que o aluno não sabe, para que ele possa contruir um conhecimento mais próximo da realidade. Aprendo devagar a não concordar com isso, mas  por simpatia e admiração eu aceito as descontruções cruéis. Funcionam comigo e por isso eu imagino que elas não são tão funcionais. ¿E o que sei eu? Sempre aprendi o que eu queria apesar dos meus professores pra depois chamá-los de mestres. E tem mais, realidade em termos de música não é tão simples e explicável quanto parece. Não é tão matemático quanto poderia se supor. A teoria justifica e suporta acordes que acabam soando horríveis. E acordes errados soam com perfeição onde não deveriam. Teoria e prática são estranhas uma para outra quando ficamos tentando achar explicação pra tudo.

A música não carece de explicações, e explica tanto sem dizer nada. É algo para ser sentido e não explicado.

domingo, 24 de março de 2013

Paula quer batatas



Um sorriso de quem sabe que não é sorte - é competência - e eles se despediram. Péssima semana pra parar de fumar. Péssima noite para decidir não beber. Troca tudo por erva mate. 4 shows, 3 lugares, 2 pessoas. Vem a Vermelha numa livraria. Tempo de menos e ela me dizendo calma. Capuccino com chocolate branco. Pegar no sono em HD. Fórmula 1 bem melhor sem o Rubinho ¿Onde diabos fica Tapejara.? Luis José? Muda a cor de que? Toda ruiva.? Vai timeeee!!! Meu volante copeiro joga contra o time e me coloca no chão de novo. Cruel e libertador. Torres é perto demais, mano. O mar cuida dela mas eu cuidaria melhor. Eu sempre gostei do Yoshi azul. Identidade de Euler e desenhos rabiscados. Um pedaço de sensação ¿Me ensina a ser palhaço.? Como se precisasse... Ando entre gigantes.

"Supõe um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para chegar num lugar onde há batatas em abundância; Se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição no caminho. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria e ousadia da vitória, os hinos, aclamações e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas." - Quincas Borba

E tudo isso sem uma gota de rum, pelo menos pra mim.

terça-feira, 19 de março de 2013

Quase tudo

Eu queria saber desenhar. Desenhar uma montanha bem alta e depois desenhar um bonequinho de palitos carregando um saco pesado montanha acima. Ele ia demorar um a tempão prá chegar lá em cima e ia chegar todo machucado. Quando ele chegasse no topo da montanha ia ficar a noite inteira olhando as estrelas. Prá ele, uma constelação de 5 estrelas marca o que ele entende como casa. E qdo amanhecesse ele ia abrir o saco e tirar de dentro duas asas empoeiradas e sujas. pra colocar de volta nas costas, todo desengonçado. Existe um sorriso que só as pessoas tristes conseguem dar e depois de dar um desses sorrisos o bonequinho ia pular montanha abaixo. Ele até ia voar um pouco, mas sozinho ele não tem a força que precisa pra manter as asas abertas. Mesmo sabendo que não tinha como, mesmo sabendo que o chão era destino certo, ainda assim ele pulou. A queda seria foda e depois do tombo e de se recuperar um pouco (não da dor física porque a dor do corpo é uma piada perto da dor da alma), ele iria levantar e sem ter força de erguer os olhos iria colocar as asas dentro do saco e recomeçar tudo de novo. Mesmo as asas sendo só um emaranhado de água salgada e remendos mal feitos, eram dele. Foram presente da mulher palitinho que ele amava. Ao redor dele haveria uma multidão de palitinhos dizendo que ele não deveria ter pulado, que ele não deveria tentar voar de novo, dizendo que o chão era o lugar dele.  De cabeça baixa ele iria de novo em direção a montanha, com medo, duvidando de si mesmo, duvidando do real motivo de ter ganho aquelas asas que as vezes amaldiçoava por ter lhe trazido tantos problemas. Ele duvidava de quase tudo, menos de uma coisa. Com o mesmo sorriso que só as pessoas tristes conseguem dar, dessa vez com covinhas nas bochechas, ele iria continuar subindo naquela montanha até o dia em que a mulher palitinho com um coração forte voasse com ele. Ou o dia em que a queda fosse demais e ele acabasse morrendo. Os corpos de palitinho são muito frágeis perto das decisões que a alma toma. Ou de um amor que não sabe acabar.

Eu queria saber desenhar, porque não tenho mais palavras pra descrever o vazio que sinto longe dela..


segunda-feira, 18 de março de 2013

O céu e a vontade de comer sorvete.

Demorei pra escrever porque ainda não assimilei tudo que eu li. Qdo me dei conta estava com um sorriso que não cabia em mim, ao mesmo tempo que não conseguia enxergar o monitor direito de tanto chorar. Li e reli a nossa conversa incontáveis vezes. Eu poderia lembrar do dia de ontem como o dia em que meu corpo finalmente venceu uma antiga discussão comigo e me convenceu a dar um tempo de bebidas e cigarros. Em vez disso, vou lembrar que há um coração que me faz forte. Vou me lembrar sempre que o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu. E vou lembrar que a mulher da minha vida também me ama. E eu nunca mais vou desprezar as asas que ela me deu.






segunda-feira, 4 de março de 2013

Um degrau por vez.


Pouca gente sabe, mas normalmente minhas asas são só uma pilha de escombros que eu carrego comigo em forma de culpa.  Mas as vezes, só as vezes, eu lembro porque tenho elas. Cada vez que meus olhos esbarram no que mais desejo eu fico sem chão. E lembro da bicuda que uma mulher me deu de cima do penhasco para que eu aprendesse a voar. E quando a gente fica sem chão, só pode confiar no céu. Talvez ela tenha percebido antes de todo mundo que eu rastejava enquanto fingia voar e num ato de puro altruísmo tenha decidido fazer alguma coisa a respeito de mim. Pode ter sido o caso dela também me amar.  Ou talvez não seja nada disso, pode ser apenas minhas esperanças embaralhando minha memória e meu entendimento do que aconteceu.

Continuo com a sensação de que alguma coisa está muito fora do lugar, mas sempre que amanhece e eu vou dormir, sei que ela está acordando em algum lugar não muito longe de mim. Esses pensamentos me dão algumas migalhas de serenidade e eu durmo melhor, mesmo não sendo ao lado dela. Acabo me sentindo grato por ter, no meio de toda confusão, alguém que me faz sorrir só por existir. Sei que não há mais volta pra nós e vou seguindo em frente aos tropeços. Sei também que o fato de ter  perdido meu grande amor me tornou um a pessoa melhor depois que repensei mil coisas.  Mas o fato é que minha alma nunca sossegou depois que eu a perdi.

Y no hay dolor que duela más que dolor del alma.