segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Satolep continua hospitaleira

         Adoro planejar porque gosto da sensação de estar preparado. Saber o que fazer me deixa livre para pensar em outras coisas enquanto me jogo sem  me preocupar comigo mesmo. Mas isso não quer dizer que eu não me preocupe com os meus. Numa quinta feira sem eira nem beira, uma confissão me pega de surpresa. Não por ser novidade, mas porque sei o quanto é difícil. Não julgo, até porque meu contrato de trabalho deixa bem claro que essa não é minha função. E é engraçado me contarem uma história que eu conheço tão bem com personagens diferentes. No fim, somos água teimosa. Enquanto todos vem na praia e na mansidão do mar a redenção e a paz merecida, nós teimamos em ser rio. É correndo entre pedras e se jogando nos abismos das cachoeiras que nós somos mais nós.

           Quando cheguei em casa, coloquei de novo um velho pedaço de pano amarrado no meu braço. Se me condeno à esperança, acho justo usar a esperança amarrada no braço.

         Na sexta, porto alegre e minha alma se sentindo em casa. Uma riponga péxujo cantando um sambinha me lembrou da promessa. 

           E o pampa é o sertão com outro nome. E sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. Viver é muito perigoso.



 

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

No reason to get excited



            Vi meus amigos tocando essa música ontem. A ordem de mudança. Vai a onda, vem a nuvem e eu sinto a água mexendo a areia sob meus pés. Hora de mudar, antes que a correnteza fique forte demais e me derrube. Ainda toco a mesma escala, mas as notas estão soando diferentes. Acordes sempre serão sensações.

              Eu nunca soube direito qual era o meu papel na letra dessa música. Gosto da fala do ladrão, mas a ideia de tentar sempre uma saída e de nunca estar tranquilo é tão a minha cara.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Amparo

           Eu pedalo na chuva e penso em unicórnios. Em algum lugar algum baterista toca motorhead. Seguimos. Queria que minha vida tivesse seguido outro caminho, mas respeito cada passo e entendo como cheguei até aqui. Estou onde me coloquei. Escrevo minhas linhas toscas para 2 ou 3 pessoas entenderem. Mas elas são pra mim, antes de tudo. Falar é como marcar na minha pele as palavras. E me condenar a viver conforme o que digo. Assim como me condenei à esperança. 

          Ainda chove quando estou voltando pra casa. Numa estratégia que sempre se baseou em esquivar em vez de defender, a chuva me torna praticamente invisível. Num plano que sempre se baseou num gato que sorri e fica invisível, sumir sempre vai ser minha zona de conforto.