quinta-feira, 28 de abril de 2016

Watch the weather... change

       No texto de uma das peças que eu faço a sonoplastia tem uma frase assim, explicando o que é a ordem: meu pônei parece mais feliz quando está penteado do que quando está todo sujo de lama. 

        E a ordem é isso mesmo. Ontem o dia cinza trouxe boas recordações do sul. A urgência em se fazer chimarrão e o casaco pra servir de guarda chuva. Mas hoje o sol voltou e organizou tudo. O vento gelado e o sol tímido num equilíbrio que me encanta. Manhãs e noites frias com tardes quentes no meio. Esse é o outono se apresentando. O Eddie Vedder tem uma história que ele chama de "a maldição". Eu sigo pelo mesmo caminho. Mas no meu caso a frase que vai mudando de sentido é "Não pode chover pra sempre"

Ah, a história de Alive é essa: A Maldição

         E o pânico do mentiroso quando descobre que mentiram pra ele. Apesar de todo meu carma, achei que minha inocência burra ia me blindar de certas coisas. Mas foi como apagar fogo com gasolina. Agora que me queimei, não vejo outra saída a não ser entrar no jogo. A queimadura vai deixar uma cicatriz feia, mas eventualmente vai parar de doer. E as vozes aqui dentro eventualmente vão concordar. 

       Penso em resignar, mas aí um palhaço vem e dá na minha cara: "Se conforme e o mundo sempre será igual." Preciso pagar o preço. 

"...quem quiser remar contra a maré, tem que remar muito mais forte. 
Não vá a guerra de pés descalços
E não pise no tapete com essas botas imundas"

terça-feira, 26 de abril de 2016

Uma coruja enroscada no meu amor.


           Havia um tempo em que eu escrevia um monte antes de começar propriamente a abordar um determinado assunto. Parece que estou voltando a isso. Já escrevi e apaguei uns dez parágrafos pra tentar explicar o que eu estou sentindo. Para tentar usar as palavras para criar uma embalagem organizada na bagunça que está aqui dentro. para tentar explicar a confusão em que vivo. O mundo se empolgou com o fato de eu estar enxergando os sinais de novo e está começando a abusar. 

            Mas não vou conseguir escrever mesmo. Estou começando a aceitar. Já apaguei mais um monte de coisa. Tudo porque estou escrevendo sobre uma grande verdade em vez de pintar com mentiras histórias sem importância - que é uma coisa que faço muito bem. Tudo porque deveria ser fácil. Ficar com alguém que você ama e que te ama também não pode ser tão difícil. Quando é difícil é porque tem alguma coisa errada.

           Só sei que tá foda continuar assim. Não que eu esteja desistindo... mas tentar dessa forma está me desgastando demais. Deve existir outro caminho. Estou longe de tudo. Não sei se posso me dar ao luxo de me afastar de mim mesmo  nessa situação. 

Desculpa por todo trabalho que eu dou e por toda incomodação que me cerca. De alguma forma eu espero que valha a pena.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Não há final feliz pro Barney

           Eu tenho um problema com um livro do dalai lama chamado a arte da felicidade. Eu nunca consegui ler ele inteiro. Sempre que começo a ler acabo esbarrando com alguém que precisa dele mais do que eu, e acabo emprestando o livro sabendo que ele não vai voltar.  É um presente para ajudar. Mas sou teimoso. Já comprei o mesmo livro 4 vezes. Ironicamente nenhum dos livros que eu comprei foram pra mim.

       E aqui organizando as coisas para ir viajar pensei que dessa vez quem está precisando do livro sou eu. Surpreendentemente tem um 'a arte da felicidade' na minha estante. No meio de tudo ele ficou ali perdido, esperando eu precisar dele. Sinto que as coisas estão mudando e que talvez nunca mais serão como antes, mas tem uma coisa que nunca vai mudar. 

         Eu conheço aquela peste faz uns dez anos. Fomos amigos, ficantes, desafetos, conhecidos, amigos de novo e finalmente namorados. Nossos caminhos se aproximaram, se afastaram, se juntaram e mesmo eu acreditando que iriam ficar juntos até o fim, parece que estão se afastando de novo. Mesmo assim, uma coisa nunca mudou desde aquela noite em que uma louca me agarrou na saída do banheiro do vagão. Eu sempre sorrio quando penso nela. E em todas as vezes que estivemos juntos, a sensação de que eu sou inadequado e que estou fora do lugar não importava nada. Mais do que me fazer feliz, ela colou meus pedaços e me abraçou tão forte que eu cheguei a acreditar que nunca ia quebrar de novo. 



O livro que eu vou ler não poderia ter me sido dado por outra pessoa.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Meu sutil recreio

Duas do quintana, porque meu melhor anjo foi com a minha senhora.
Mas o que ficou também é foda. 
Usar uma pessoa sem alma foi jogada de mestre.


"Eu escrevi um poema triste 
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incertezas...
Nem importa, ao velho tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves,
Faço barcos de papel."


"Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio..."

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Um broche me cortou o dedo

E se for tudo uma ilusão.?

Se quem eu achava que ia me receber em casa não estiver lá.?

Se sozinho eu não tiver mais forças.?

Se eu não conseguir mais me reconstruir mais rápido do que desmorono.?

Se não houver mais asas.?

E se meu lugar não for mais no céu.?

Se, sem asas, não houver mais penas para pintar de vermelho.?

E se a redenção não estiver no fim do tabuleiro mas sim exatamente onde me disseram que ela estaria.?

Se eu tiver que ir pra lá mancando.?

Se faltar inteligência e coragem para ser malvado.?

E se o mar não tiver água salgada suficiente pra costurar meu coração.?

Se as ondas não machucarem o bastante.?

Se a dor não espiar mais nada.?

Se for verdade que eu não tenha feito bem suficiente para justificar o mal que eu causo.?

Se o perdão não vier.?

E se no fim de tudo.... aquilo que eu chamava de casa não existir mais.?





domingo, 10 de abril de 2016

Bate esteira de uma vaquejada

       Band of Brothers sempre me traz recordações bons. Aliás. sempre relaciono a série com a pessoa que me fala dela. Demônios de da Vinci é do Kiko e da Carla. How I met your mother é da Rubia. E BoJack Horseman e Sense8 e Breaking Bad também. Friends é da Dai. Supernatural é da Cíntía. Two and a Half man é meu. House eu acho que descobri sozinho. Nunca assisti Band of Brothers inteiro, mas sempre me lembro do Ave e do Copa conversando sobre essa série quando esbarro em algum capitulo aleatório na TV. FComo são duas grandes pessoas, antes de assistir eu já sabia que seria uma grande série. Falei disso porque ando pensando muito num desses episódios randômicos que assisti. 

       A companhia era liderada por um capitão pangaré e incompetente. E havia um sargento que, mesmo sabendo que as ordens eram absurdas, precisava cumpri-las. E ia fazendo o que podia para ajeitar as coisas sem ir contra as ordens do capitão. E sempre falava com todos os outros soldados para verificar se eles estavam bem. Se precisavam de alguma coisa. No meu ver, não era uma preocupação só pela amizade. Havia também um pragmatismo e uma praticidade ali. Se todo mundo estivesse bem, reagiriam melhor nas batalhas. 

        E fico pensando nisso porque é assim que me vejo no meu trabalho. Nesse e em alguns anteriores. Tive tenho e terei chefes com ordens absurdas, com demandas erradas e exigências inconsequentes. Ainda assim não quero dar ordens, só quero que as coisas funcionem. E não posso ir contra o capitão.


        Tem outra história pertinente. Em How i met your mother há um episódio chamado 'A janela'. O Ted fica o episódio inteiro correndo atrás de uma mulher perfeita demais pra ele e que ficou solteira. Só que ela não era perfeita só pra ele e no fim ela acaba ficando com outro cara. Um vizinho de infância. No fim o Ted admite que era uma história de amor perfeita. Só não era a dele. De certa forma, essa é uma sensação que vai e volta na minha vida. Talvez eu só precise aceitar que certas coisas não são pra mim.


No fim das contas, as séries mudam, mas seguimos levando a vida
como um episódio de uma série do Charlie Sheen. 

               E da mesma forma que ficava rodando as contas de um terço budista pelos dedos, agora fico segurando uma coruja amarrada ao meu pescoço... repetindo pra mim mesmo a velha simpatia.Mais por hábito do que por esperança de encontrar

Foi por aqui que eu perdi... foi por aqui.. que eu perdi

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Um mar sem tatuíras

     Sempre que posso, fujo pra praia no amanhecer ou no por do sol. E encontro o mar aqui como quem descobre que um amigo que conhece faz anos tem uma tatuagem que você nunca tinha visto. Caminho uns 200 metros pra dentro da água e ainda tenho água na altura das canelas...então sento e ali faço algo parecido com me confessar. Não que eu peça perdão ou penitência. O perdão não é com ele e a penitência nunca me faltou quando eu queria me punir. Mas tento me explicar. Ligar os pontos sem me preocupar em ficar nadando. Sinto minha fé quase arrebentando no meu pulso e um cordão novo no meu pescoço. E o mar me escuta como se descobrisse que eu tenho uma tatuagem que ele nunca tinha visto. Ou que eu tenho tatuagens na alma e não na pele. Ele ainda ri de mim quando eu solto pipa e eu ainda faço piadas com as ondas que ele erra.

     Estar longe coloca tudo numa perspectiva diferente. O próprio longe é relativo. ¿Longe de casa.? de mim.? dos meus.? Sinto falta, mas não quero voltar. ¿Foi a distância que mudou o que estou vendo ou as coisas realmente mudaram.? A velha convicção que tenho de que a vida das pessoas ficam melhor comigo longe veio junto na bagagem.  E a gente conversa porque eu preciso entender. Entre a areia e a água salgada ninguém me julga e ali,  eu por necessidade e eles por curiosidade, tentamos entender os motivos por trás dos fatos. 

     E em nenhum momento consigo fingir que não tenho passado. Como poderia explicar porque um sorvete de pistache me deixa triste. Ou como uma conversa em inglês me anima. Living isi... living free e a lágrima que teima em aparecer...

Ou porque corro pro mar sempre que preciso remendar o coração que não defendo...