sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Sean bienvenidos al nuevo méxico

       Tantos momentos precisariam ser devidamente notados. As conversas em inglês em que consigo ser irônico. E as em francês que conseguimos nos entender. No palco, quando eu e o Caldo tocamos um mi menor pra começar uma música sem ter ideia de qual música vai ser. Quando ele cuida do lado dele do palco e eu cuido do meu. Como foi na banda do caldo locao. A gente se conhece a mais de 20 anos e isso se reflete em cada acorde que a gente faz.

           Lá fora a neve cai linda. Mas a neve no chão é  o próprio inferno. Caminhar em meio a 40 cm e neve torna uma duna de areia numa passarela. De um jeito ou de outro, quando a temperatura de -10 graus tenta me gelar e a neve cai pesada o suficiente pra ser preciso limpar a cara a cada 20 segundos, tudo que eu consigo pensar é: ¿é só isso que vcs conseguem fazer.? Vocês realmente estão tentando me incomodar com frio.?

          Com um baixo afinado em Ré e sem conseguir ver quase nada por causa da fumaça e das pessoas pulando, as coisas soam estranhamente familiares. Ainda grito, mas é por costume mesmo. O mesmo tango ecoa na minha orelha sempre que eu me descuido.

Living easy, living free...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

A puppet on a string

         Sobre Londres eu sempre conto uma história que envolve uma mulher com asas, muito trago e o primeiro passo em direção a uma redenção que nunca aconteceu. Mas tem outra história, que eu não falo muito sobre. Ela aconteceu três dias antes da minha aventura no The Piano Works. Foi uma conversa. Eu lembro de burramente ter sido sincero e, por causa da minha sinceridade, a putaria no piano works se fez necessária.

         ¿E por que voltar a isso agora, tantos meses depois.? Porque aquilo que eu disse em frente a catedral de Saint Paul continua verdade.  E porque a sensação de que sou uma anta por confiar nas pessoas também continua recorrente. Já vi os meus serem capazes de tantas coisas maravilhosas que parece que esqueço que eles são capazes de coisas erradas também.

          Mas quem sou eu pra falar sobre certo e errado. Tudo culpa minha.. same as always. Todo mundo que chega perto demais terá problemas. Nem um metro de neve e um oceano e distância podem mudar isso.

         Tinha que ser uma igreja do Paulo.. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar..." Uma das lições que nunca assimilei...

        Vou ali tocar Tool. Eu sei que as peças se encaixam. Ontem toquei Highway to hell. Nunca toquei essas músicas do jeito que gostaria.Não importa o fuso horário. Depois das 3 e meia da manhã o sonho fica mais lúcido.



We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside. 
We're choosing to be here. Right now, hold on, stay inside.

 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Anjos e demônios

            De todas as músicas que poderiam ter tocado, ¿por que justamente essa.? Pra me lembrar que é difícil discutir com o chefe.? Pra me lembrar que preciso continuar fazendo o que fiz todos esses anos: esquivar e  sumir.? Transformar raiva e tristeza em eficiência.? Ou simplesmente foi pra selar um tratado sobre não se importar.?

            De um jeito ou de outro, sigo tropeçando nos meus pés enquanto teimo em andar de cabeça erguida. Me sinto um merda depois, mas não é como se eu não soubesse que ia ser exatamente assim. Admito que tinha esperança que não fosse. ¿Eu já disse que me condenei à esperança? Um pedaço de pano amarrado no meu pulso está quase arrebentando, mas eu sou burro e vou costurar ele. Por que é o que eu faço  ..me desmonto e me reconstruo. Me rasgo e me costuro.  Não ter nada a perder torna o fardo mais leve, mas ainda sito dor no pulso por carregar pesos que não são meus.

            Não acreditar em mim mesmo demanda esse preço. O único acima tem coisas muito mais importantes pra se preocupar. Entendo perfeitamente que meus gritos se percam em meio a nevasca, mas sigo repetindo meu único pedido: Nunca me conceda descansar. Antes de ser vento eu era um porco espinho e quanto mais forte tentavam me machucar, mais eu machucava de volta. Não vou recuar enquanto cospem o inferno na minha cara. Não trouxe armadura nenhuma, mas eu ainda me defendo com a espada. E não pensem que eu não tenho um plano.

             Não fechei os olhos pra os sinais, mas hoje sou metade do homem que costumava ser e, sendo assim, demoro mais pra assimilar o que era rápido e simples no passado. Estou em terreno desconhecido, fora da minha zona de conforto. Não vou pedir paciência, mas espero que entendam que não tenho pressa nenhuma em fazer as coisas como elas devem ser feitas.




Pretty soon...

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Antes da tempestade

           Eu fecho meus olhos e é  como entrar num parquinho particular. Mantenho meus dedos fazendo um exercício estranho em sextinas enquanto vou pensando em muita coisa. Outras  músicas , outras  pessoas outros lugares. Em algum momento eu percebi que coordenação não está nos dedos e sim na cabeça. Acho que foi o Barão que me disse isso. Melhor, acho que foi o Barão que me mostrou isso.

           Hoje faz um mês que chegamos aqui nos Alpes. Cheguei quebrado e percebi que não ter medo é  muito diferente de ter coragem. ¿Por que é somente  no meio de uma tempestade de neve eu consigo erguer a cabeça e olhar pra frente com esperança.  A montanha e a a neve bem que tentaram, mas eu sigo fazendo meu sertão  aqui. E no sertão,  mes seigneurs,  o pensamento sempre se forma mais forte que o poder do lugar.  O horizonte do mar é muito maior do que qualquer monte de terra que me olha de cima.

           Metaforicamente, quando toco melhor eu sou uma me pessoa melhor. É  impossível  melhorar em um aspecto sem melhorar em todos os outros. Eu fico estudando pra  tocar melhor até doer. E isso faz muito sentido. Eu fico me esforçando pra ser uma pessoa melhor até doer.  Ironicamente, hoje senti uma coisa que fazia  um mês que não sentia. Não senti falta, pra ser sincero. Tendinite, aqui me tens de regresso.

         No fundo, acho que o que me importa mesmo não é  tocar melhor. Nem ser uma pessoa melhor. Eu só quero ser mais verdadeiro. Comigo e com  tudo ao redor.
           É  isso. Ser autêntico. 
           Dolorosa e intensamente verdadeiro.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Best roommate ever

             Fugir para se encontrar. ¿Isso faz sentido? Tinha que ser longe de tudo?

          Existem várias anotações no meu velho livro do Jaco, o mesmo que eu procuro quando resolvo estudar contrabaixo. Além de exercícios que eu sempre vou precisar fazer, eu enchi ele de anotações com o passar dos anos. São recados pra mim mesmo no futuro. Maneiras tortas de me fazer lembrar o que é realmente importante. Na mesma página, em anos diferentes, eu escrevei duas coisas. A primeira é:  bruce lee já te disse como estudar. 


 

           E logo abaixo, com uma caligrafia bem diferente eu escrevi: Uma pulga pode te dizer o teu lugar na música. Foi o meu jeito de me fazer lembrar desse vídeo






          Aqui na França eu tenho como roommate um geniozinho da guitarra. Eu vejo ele tocando guitarra pra cima e pra baixo e sinto alegria em ver ele tocando os nós que ele toca e fazendo tudo parecer fácil. É uma baita inspiração nesse mundo nevado e estrangeiro no qual estamos. Ele deixa a toalha molhada em cima da minha cama, mas ainda assim ele me ensina escalas tortas e faz muito café. Estou muito no lucro.