segunda-feira, 29 de maio de 2023

Um monólogo ao redor de uma cruz e eu me desmonto. Irremediavelmente

    Fico com os olhos cheios d'agua e eu me lembro de como os outros sentidos se adaptam quando um falta. O Castor pergunta se eu preciso de luz e eu solto aquele meu sorriso meio soluço, meio suspiro. Não tinha mais nada a ver com enxergar com os olhos. Dez pessoas cantando. Coloco as mãos na mesa de som. Um microfone pra cada dedo. O Virgílio me ensinou que coordenação  não está no músculo em si, está na cabeça. E de alguma forma minhas mãos encaixam exatamente onde precisam.

    Mergulho de cabeça no caos, até porque não se atravessam abismos dando pulinhos O conforto é sabe que nunca estou sozinho. A catarse que vejo no palco respinga em mim e meus demônios ficam quietos pelo menos por um momento. Me acho um merda, mas às vezes não posso me dar ao luxo de não acreditar em mim.Se me falta o chão eu bato as asas.  Pego apoio nos meus gigantes, penso na Claudia e me jogo. E é assim que faço minha mágica. 

    E essa bolha me preenche se tal forma que eu, de novo, esqueci completamente do  meu aniversário. Parabéns pra vocês. Esse sentimento de insignificância que mora aqui dentro não consegue fazer frente a todo carinho que os meus me dão. É evidente que tanto o visível quanto o invisível são muito mais gentis comigo do que deveriam. O dia de hoje juntos com outros 15340 antes dele foram muito melhores do que eu fiz por merecer. 

Muchas gracias.  Sobre todo para todo más allá del bien y del mal.