segunda-feira, 23 de julho de 2012

Das aulas de literatura que passei dormindo...



Acho que meu cérebro colou alguns relés no fim de semana. Mas algumas portas se abriram. Talvez venha desse texto a idéia (sim, eu escrevo com acento e que se foda) de não fazer alguma coisa quando me mandam fazer e/ou me tratam como se eu tivesse a obrigação de fazer. Aula de literatura em 93. Cichelero, tu deve ter sido um bom professor, quase 20 anos depois um aluno teu lembra de uma aula. E eu dormia em todas as aulas, pelo que me lembro.




"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?


Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


- José Régio: Cântico Negro

sábado, 21 de julho de 2012

Frases simples e despretensiosas sobre grandes assuntos

"O Leste Europeu continua lindo."

-Kiko, o Fávero.

Pela paz de espírito!


Eu não ia falar nada sobre o dia do amigo, não sou de datas, mas aí uns 2 ou 3 que eu sou muito fã me mandaram um feliz dia do amigo. Tento agora lembrar aos meus.

Mateus correria, obrigado por me sacudir com as tuas perguntas. Lê, obrigado por me sacudir com as tuas respostas. Luciano, nunca consegui explicar que eu ia na boca só porque era teu amigo. César, Bledo, Nick, aprendi mais com vcs segurando as baquetas do que com qualquer professor. Barão, ¿de que jeito eu vou te agradecer como amigo se acabamos nos tornando irmãos.? Potro, gracias por não ter desistido quando eu mesmo já não via esperança nenhuma. Professora de resiliência, sei que não fui o melhor aluno, mas me esforço até hoje. Cíntia Vida, minha irmã orgulhosa, minha alma ainda é tua, mas não foi presente, foi troca justa.  Ângelo, Copa, vcs continuam como reitores da universiadade de caráter. Mário, te chamo de professor e não é por acaso. Não julgar foi ensinamento precioso, muito mais do que dps e movimentação. Caldo, Wood, Mark, grato, não agradecido. Ensinam pelo exemplo. Kico Mestre, parceria total entre a consideração e um equalizador de 31 bandas. Tchuky, levamos anos para nos entender e entender a distância certa. Uma noite de conversa e um mês tentando assimilar tudo. Fábio Bento, se der um tempinho, entra no msn. Beijo me tweeta. Time forte. Compadre, cada um tem o mestre jedi que merece e sou grato por ter o meu. Lua, sou só sol, iluminando a tua lua nua. Seco, um dia eu disse que o Alemão é uma rainha.. isso te torna um rei. Cla, tu sempre foi a melhor produtora do mundo, muito antes da pastelina e do Twin Peaks. Deivid, Deja, Miju, Azeroth fica mais leve por causa de vcs. Maúricio gaucho, daqui até a vida a gente vai abraçado... daquele jeito. Uruguaia, teu sorriso fica impresso em mim cada vez que te encontro. Minha senhora com sotaque portoalegrense. Karen Jasmim, teus desejos ainda estão no meu freezer esperando. Ana pic-pic, tudo que o mundo te der de bom ainda vai ser pouco. A Ostra, que é simplesmente a Ostra e nada mais.

E por último, a violinista que não existe, que chegou como se fosse dona, colocou um celo na minha mão e me chamou de jaguara com propriedade.

Tem vários que eu não escrevi. Não pensem que me esqueci, mas alguns estão e são tão entranhados na minha vida que eu simplesmente não teria como agradecer. A todos, um muchas gracias. Olho para mim no espelho e vejo que, com a ajuda de cada um de vocês, forjei uma bela mistura de qualidades e defeitos.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mariposas


Há certas coisas que não mudam. Sempre escrevo quando estou inquieto. E quando estou inteligente o suficiente para entortar o que escrevo.

Hoje não estava com vontade nenhuma de estudar ou tocar qualquer coisa. Mentira, o celo eu quero tocar, mas só porque não sei ainda. Sentei no teclado do Barão com a fumaça do café me fazendo companhia. Lembrei do mojo psicológico do irmão que fiz pelo caminho. Tropeçando com os dedos entre uma nota e outra, fui soando para tentar me entender. Deixo meus dedos no automático enquanto fecho os olhos para ver melhor. Falta uma peça no quebra cabeças, mas a imagem continua encantadora. Talvez eu esteja procurando uma peça para um espaço que não existe. Talvez eu esteja inventando um espaço porque quero estar na imagem.

O fim da tarde foi frio e meio pessimista, guardo o resto da metáfora pra mim. Lembrei de dois leões num filme velho. A sombra e a escuridão. Eu tiro lições das coisas mais absurdas para tentar equilibriar o monte de coisa óbvia que deixo passar batido.

E prá compensar as formalidades e convenções sociais que eu insisto em não assimilar.