quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Tatarana

         Esse vai ser um daqueles.

           Limpa o desktop. Apaga as cartas que não vou enviar nunca pra caber outras novas. Eu nunca sei quando escrever. Eu nunca sei qual é o tempo do que escrevo. Um começo, um meio e um foda-se. O por do sol é roxo e laranja porque ele pode. Rabisca a carta pro Zé Buceta, entrego depois. Não cambia nada. Sem usar óculos 1 e 3 são iguais. Memória boa é o inferno. Finjo que esqueço. Não convenço ninguém. De presente vou dar um anjo - mas já é dela.  Durmo quando a cabeça cansa. O corpo não se importa. Imitão. As palavras não saem porque minto ou porque é verdade.?? Não faço parte mas eu sei... e também sei que temos que se preservar.  A de azul ouve RZO. Tequila, um sorriso canalha, ajuda e um plano, tudo no seu lugar. De amor eu não morro, vcs consagraram o estilo cachorro. Ironia é eu ser amigo da mais puta. ¿Ela me entende.? Tá, tem outra mais puta que todas. Certo que ela traiu, eu saberia mesmo sem ler o livro. Um franja me salva. Não existe salvação para nós. Seguimos. Amor sem confiança não é nada. um copo vazio de mim mesmo.

        Piso numa flor de jasmim sem pena. Nada de vingança ou justiça. Punição. Uma chave de fenda não se faz perguntas sobre o caráter ou a finalidade dos parafusos. O budismo manda aceitar e a inteligência manda irritar. Crucifico o ego em doses homeopáticas. Equilíbrio pressupõe risco. Nem li o contrato mesmo. Tudo lhes é possível, porém nem tudo lhes convém. Filipenses 4, 13. Exu é o senhor dos caminhso cruzados. Humanos, demasiado humanos. ¿Mas vou ler sem sublinhar de que jeito? Eu ganho pela cor do trigo. Vai a onda vem a nuvem. ¿Oceano, agendam-se consultas.? Uma formiga vermelha picando minha mão até cansar. ¿Não poderíamos ter criado uma metáfora melhor.? Lembrei. Não sou importante.

           Aaahhhhh! Much better...

sábado, 24 de outubro de 2015

O dharma tem várias formas

         Sou apaixonado pelos meus livros, cada um deles tem sua importância na minha vida, ainda assim, sempre que sinto que um determinado livro é o que a pessoa precisa ler num determinado momento, empresto ele sem hesitar. Emprestar talvez não seja a palavra, já que raramente alguém me devolve e eu preciso comprar o mesmo livro de novo. Mas enfim, lendo a gente descobre sozinho o que não aceitaria se uma outra pessoa dissesse pra gente. Certo tipo de conhecimento tem que vir dentro pra fora e não o contrário. E da mesma maneira que eu emprestou meus livros, emprestam livros pra mim. A família espiritual se ajuda de maneiras que nem consigo explicar. E eu percebo que as vezes não sou eu que encontro os livros mas sim os livros que me encontram.


          Estou há quase 3 meses longe de casa. E os livros tem um papel determinante nesse período. Sem eles eu já teria enlouquecido. Então, um muchas gracias especial pra Jeane, que no fim da noite mais caótica do ano me deu um lugar pra dormir de manhã e ainda me deixou roubar a doutrina de buda do hotel. E pro Luís, o meu palhaço preferido, que me emprestou a mitologia dos orixás antes mesmo de ler e que, do jeito dele, está sempre me ensinando alguma coisa.

              E, já que estou agradecendo, não poderia deixar de agradecer ao Alan, por me ter percebido bem rápido que eu sou estranho e ter me aguentado estoicamente. E a Carla, que me deu um marcador de páginas que sempre me faz sorrir. 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

No fim, tudo é como a água.

         Se por um lado ganho uma folga de algumas horas, por outro de novo não consigo dormir. Pelo menos chove e isso de certa forma me anima um pouco. Foi bom tomar um banho de chuva na piscina.  

         Adoro o som do mar,  o som da chuva. O som de mato. Mas, sem dúvida, o som quem mais me dá ideia de folga é o som que os chinelos fazem quando a gente caminha devagar arrastando eles. E eu sempre arrasto os chinelos quando estou tentando descansar.

        Mulheres são interessantes. Para elas, não pode estar tudo bem por muito tempo.. Quando está tudo em paz e tudo dando certo uma mulher normal começa a procurar problemas ou coisas erradas. E, caso não ache nada, ela acaba por inventar alguma coisa. Esse processo me cansa mais do que deveria, mas é que sou tão reincidente nele que quase já acho que não tem outro jeito.

         Minha senhora, mil vezes obrigado pelo livro certo na hora certa.




segunda-feira, 19 de outubro de 2015

As estrelas estarão no mesmo lugar

      O tempo sempre é relativo. A noite sem dormir durou um ano. A manhã inteira trabalhando passou em 5 minutos. Tentei dormir depois do almoço que não almocei e passou mais um mês. A tarde durou dez minutos com direito a uma pausa pra chuva. 

          Não posso negar que estou me sentindo em casa aqui em poços de caldas. A cidade é virada em morros e eu consigo ver neblina ao redor da cidade quando amanhece. Estar em uma cidade serrana depois de tudo me faz bem. E aqui tem um X muito bom e absurdamente grande. Essa semana já tenho como me alienar. As conversas comigo mesmo não estão muito prazerosas.

         Sempre teremos engenheiros quando o caminho começa a sambar fugindo dos meus pés. No mais, nunca me conceda descansar. 



domingo, 18 de outubro de 2015

Vergonha alheia de mim mesmo

            Não vou falar muito da viagem porque seria chover no molhado. 1500km de carro sempre são maçantes e monótonos. Quero falar só de um encontro absurdamente casual que aconteceu em Campinas.  Num starbucks randômico sem combinar nada eu dou de cara com o Grosso (vulgo Gabriel Dalsoto.)

Sobre o cusco, peço desculpas ao povo gaúcho por representar tão mal a querência. E nem que eu quisesse eu conseguiria explicar a incrível sequência de eventos que  colocou a coleira do cachorro de madame na minha mão. Sempre haverá um nome a zerar.

Pra que eu aprenda o meu lugar

          De novo. Eu repito isso pra mim mesmo com uma mistura de riso e pena. ¿Quantos tombos eu vou ter que cair para aprender.? Será que um dia o mundo vai perder a paciência e desistir de tentar me ensinar o que eu não consigo aprender.? Ou será que um dia acontecerá um milagre e eu aprenderei essa lição que o mundo tenta com tanto esmero me ensinar.? Acho engraçado como as coisas acontecem. Saí de casa ontem acreditando que tinha tudo, que podia tudo. Mas é nessas horas que estamos mais vulneráveis. E agora, menos de 24 horas depois me sinto derrotado. Não que eu me culpe por ser como sou. Mas preciso encarar o fato de que certas brigas eu não posso vencer. Preciso aceitar que meu passado não é bonito e nem em sonho ele vai deixar de voltar para me assombrar. 

          Mentiras. Sempre serão as mentiras. Deve ser karma. Quem luta pela palavra será ferido pela palavra.. Ironicamente o maior medo de um mentiroso é que mintam pra ele. Não existe confiança pela metade. E sem confiança não há amor. Pelo menos essa parte eu já tinha aprendido antes. Nem lembro mais a definição certa de traição. Eu continuo repetindo pra mim mesmo que traição é o que não se espera de quem não se espera. E todo mundo tem um plano até ser atingido. Bom hoje de tarde apanhei pra caralho.

         Eu abro A Arte da Felicidade só por causa do marcador de pagina, mas nem sei porque teimo. Cativar é uma palavra complicada. Tenho certeza que ela já foi mais simples. Fechei o livro sem ler uma página sequer. É óbvio que nessa vida eu nunca vou conseguir ler. Fica pra próxima. Ou pro próximo Dalai Lama. 


Imagem meramente ilustrativa.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Vamo lá produções

       De dentro de uma lancheria sai um cara com uma chapéu gigante de cowboy e uma fivela de uns 10 cm de diâmetro. Ato contínuo, procurei com os olhos um cavalo amarrado. A figura em questão  só podia estar de "a cavalo". Bom, ele não tinha um cavalo, mas tinha uma Brasília. E saiu acelerando a brasília. E o motor da brasília ecoou pela rua tal qual um relincho. O que é pra ser, é pra ser.

      Acabei num hotel estranho. De novo. Tem piscina e atendentes que desaparecem, mas os traumas anteriores continuam me deixando com o pé atrás. Uma das lições que essas viagens me ensinaram foi que um lugar chamado de "pousada" normalmente possui algum defeito estrutural que fode a estadia.  A pousada que estou agora possui um zumbi que fica andando a noite inteira batendo portas. Pelo menos essa foi a melhor explicação que encontrei pro barulho e para as vozes das madrugadas. E nada de ar condicionado. Dormir com ventilador ligado fez meu corpo lembrar das noites que passei em porto alegre. E minha cabeça dormir inquieta. 



        Antes de chegar aqui passei em Campinas pra tomar um starbucks e pra tentar encontrar uma amiga minha desde sempre que eu chamo de uruguaia. O mundo me deu algumas pessoas que estragam meu dia quando falam comigo, mas em compensação também me deu pessoas que eu olho e sem perceber estou sorrindo. A uruguaia está nesse segundo grupo. Mas, ao que parece, é minha sina perder pros tcc's

        Tiro algumas lições de profissionalismo dessa semana. Uma delas vem do chefe que resolveu aparecer pra dar um conferes no andamento do projeto. Depois de uma brincadeira ele soltou a resposta sem hesitar. "Pode falar mal, desde que trabalhe bem". A outra vem do churrasqueiro Jedi - que também faz uma massa com bacon excelente: "Não cria um problema pros outros quando for resolver um problema teu." Outra coisa que vejo nitidamente é que existe uma diferença gritante entre querer estar certo e querer convencer os outros que vc está certo.

      A peça dos bonecos da manhã tinha sido um caos, um monte de crianças mal educadas gritando e várias professoras tendo a vida sugada pelo whatsapp sem organizar nada. Ainda assim chegamos ao fim sem maiores problemas além de uma irritação que se refletiu em toda equipe. Durante a tarde, outras crianças e outras professoras na platéia, mas o cenário era o mesmo da manhã. Faltavam 5 minutos pra começar e eu vi um palhaço em cima do palco, sem máscara, sem personagem, sem nenhum boneco na mão. Só o sorriso. Fui correndo pra mesa de som porque alguma coisa me dizia que o espetáculo já tinha começado. E ele falou sério, na terceira ou quarta palavra ele já tinha a atenção da praça inteira. Eu adoro esses raros momentos em que os palhaços falam sério.  Tratou as crianças como inteligentes e não como retardadas. E elas se aquietaram como que por encanto.



"E tem a razão dos inteligentes, não fala tudo que sente mas aprende palavrão"