quarta-feira, 26 de abril de 2017

Doomed to crumble unless we grow....

         O passado volta e me assombra e todas as manhãs eu preciso enfrentar de novo os demônios que tentaram me derrubar na madrugada anterior. Estou sorrindo, mesmo sabendo que o sorriso entrega. A coisa mais difícil de se fingir é um sorriso. Mas não é como se a tempestade fosse cessar ou como se eu pudesse fechar as asas. O amanhecer é melancólico e eu só acordo de verdade por causa do gosto de chimarrão e da tendinite que me abraça. Teimar em ser sozinho tem mesmo dessas coisas: o equilíbrio entre aproveitar as vantagens da solidão e a vontade de ficar sozinho para não me sentir uma âncora na vida dos outros. Troquei um espelho que estava no meu quarto já fazia anos por um quadro. No quadro mensagens que só eu entendo - certos hábitos permanecem. É paradoxal pensar que, enquanto vivo dizendo que não me preocupo comigo,  fico deixando recados pra mim mesmo. Pensar é um processo irreversível e eu sempre me desconstruo. Sinto falta de uma pessoa e carrego, por isso, o estandarte da solidão. Sair da vida das pessoas quando não sou mais útil não é tão fácil quando eu me importo.

           Converso com as pessoas em inglês e tento reaprender o que nunca soube. Ainda existe um cronograma de estudos anotado a lápis no verso de um dos meus blocos de rascunho. A marca de café combina com o amarelado da folha. E do jeito que posso eu sigo ele pra tocar melhor e ser uma pessoa melhor. A relação de sempre.

          Releio o texto pensando que já escrevi bem melhor. Ultimamente me pergunto bastante "¿tu ainda sabe isso.?" Esqueci tanta coisa. Me boicotei tantas vezes tentando achar um caminho que não existe.

            Voltamos pro meu lugar. Voltamos ao Tool.  Voltamos ao vento. E ele sopra em outra direção.

              E no futuro, quando eu me referir a esse período, eu vou falar dele como "aquela época em que eu lia Jung e ouvia Tool"

I know the pieces fit cuz I watched them tumble down
No fault, none to blame, it doesn't mean I don't desire
To point the finger, blame the other, watch the temple topple over
To bring the pieces back together, rediscover communication

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Mapas?

          Pedalar de noite é um hábito que dificilmente vou perder. Gosto de sair sem rumo pra pedalar 20 minutos e quando me dou conta já andei quase duas horas. Às vezes passo na frente de pessoas que gosto muito. E de outras que sinto raiva. Gosto da clareza de pensamento quando o corpo está no limite da resistência. No fim acabo descobrindo que a raiva que eu sinto é de mim mesmo. Ninguém me fez nada ruim o suficiente para que eu sinta raiva. Ou a raiva simplesmente passa. Como o álcool isopropílico evaporando quando eu e o Barão acabamos desmontando uma placa de som pra limpar. Sim, continuamos tomando cafés no meio da madrugada.

E de repente, tudo faz sentido. Grandes lições de vida coladas em post-its no meu monitor

Não tenho tudo que quero, mas tenho a madrugada. E nas madrugadas eu sou mais eu.