domingo, 29 de maio de 2011

Estou sempre escrevendo cartas....

¿E se eu te chegasse suave, e com um toque leve, como uma brisa, te dissesse: venha ? ¿você viria? ¿Ouviria? Porque em sussurros e silêncios eu poderia te dizer as coisas que mais importam. O que te grito prefiro que esqueças, porque ali não sou eu que falo. É a minha raiva, meu medo, é meu erro que se manifesta. Aqui dentro sou carinho. ¿Você olharia se eu te mostrasse? Porque eu queria ficar perto sem sobressaltos, como um degrade, que aos poucos vai se tornando cor. Como a noite escura que mansa vira dia.E quando você me deixasse existir na sua vida, eu te mostraria meus arco-íris, até os cinzentos e os invisíveis. E te ensinaria a sentí-los pelo tato, para que você pudesse reconhecer minhas ausências e saber quando eu realmente não estou ou quando eu apenas me escondo no ambiente para fugir. Às vezes  fujo de mim mesmo, já que não tenho muito jeito nem com os outros e nem comigo. Porque eu queria me sentir no meu lugar sem ter que me explicar muito. Nem eu sei bem minhas razões.

Queria chegar como um vento morno e sem estardalhaço me misturar à tua atmosfera. Ficar ali esperando que me respirasses, e no teu corpo me misturaria às tuas células, e um dia, sem sequer notar, eu já faria parte de ti. Sei que na verdade às vezes me aproximo como tempestade, e arranco telhados, quebro vidraças, inundo tuas plantações, sei bem. Mas é por isso que te peço aqui - se eu chegasse manso, você acolheria minhas impossibilidades? Preciso dar um teto pra elas antes que elas me enlouqueçam.

Vem. Te aceito em mim. Mas antes seja um pouco como eu e  experimenta o mundo com meus olhos. Para que eu possa te mostrar a poesia que enxergo. E te recitar os versos que vejo rabiscados nos muros, nas pessoas que passam, num papel que voa, num toque, na voz de um estranho no meio de um show. No comum, no explícito, no banal e no lirismo que sempre há nos meus dias nublados. Mergulha em mim (mas desvia das minhas sombras) e te mostro que sou areia e onda, sal e sol, a maré e o farol,  dependendo do tempo. Te ofereço também meu silêncio (presta atenção quando calo), ele te dirá mais sobre o que eu quero dizer do que minha boca poderia tentar. Tenta também a minha boca.

E depois dos meus versos, o reverso, e me mostra então como é ser você. Onde teu olho pousa, o que teu ouvido pesca, o que toca tua pele. Onde está tua flor e o teu  espinho. Me deixa provar teu mundo e ele então fará parte do meu. Tuas cores vão colorir os meus dias. Tua experiência fará parte do meu repertório. Se você me escutar, já estamos em quase todas melodias. Casa tua alma com a minha e deixa teu corpo livre para voar com as minhas asas ou me manter no chão quando preciso. Sejamos sempre dois que se misturam, mas não se invadem. Fica comigo, seja  bem-vinda, e me receba. Assim seremos muito e mais, por sermos ainda e sempre dois. O que te ofereço é soma, e não fusão. É a cura desse meu amor represado. Dessa enorme tragédia que é viver.

Vem?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Oração sem prateleira

A nossa relação estranha vai ser continuar sendo a mesma que sempre foi. Eu até posso olhar pra cima e reclamar que nunca melhora, mas indiferente a isso O Único Acima continua me tentando ao limite. Como se eu não fosse  repetirr 'nunca me conceda descansar' de novo e de novo. Eu sei que depois do limite, quando eu estou quase no fim, depois que Ele desiste de me fazer desistir, eu ganho minha devida recompensa. Podia ser mais fácil, mas eu entendo porque é assim.

Escolhas. Minhas. Tuas. Nossas.
Há, o plano.
Travessia.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Um mosaico de resenhas

Eu me sinto estranho. Algo meio inútil. Nunca me dei bem com essas épocas de plantio. Sou imediatista por signo e por criação. Sou da colheita. Ainda estou tentando me encontrar. Eu devia mesmo é arrumar um trabalho normal para parar de pensar besteira e ganhar dinheiro suficiente para encher a cara nos finas de semana. Teoricamente daria certo. Mas não pensar não é mais uma opção. Medo de errar. A certeza que tentativas podem levar a erros. Não ter certeza se me perdoei ou não. Sem ter para onde fugir, lá se vai mais uma madrugada ensurdecedoramente silenciosa.

arbitrário: adj.
1. Que não é regulado por lei ou praxe, mas só depende do critério ou vontade.
2. Que desempata ou decide como árbitro.
3. Que não é obrigatório; facultativo.

visionário: adj.
1. Relativo a visões.
2. Aquele que julga ter visões.
3. Que tem ideias quiméricas ou extravagantes.

triste: adj. 2 g.
1. Que aflige.
2. Que inspira tristeza.
3. Escuro e silencioso.
4. Penoso.
5. Falto de alegria.
6. Que habitualmente sente tristeza.
7. Fig. Insignificante, miserável, ridículo.
8. Pessoa digna de dó.

Como se fosse possível atravessar o abismo dando pulinhos.
Como se o mundo fosse realmente preto no branco.
Como se eu não mentisse sistematicamente para me fechar e me proteger de quem chega perto demais.
Como se a vontade de gritar não fosse pura e simplesmente um sinal de fraqueza.
Como se o peso de tudo isso fosse suficiente para me fazer pedir descanso.
Como se eu um dia fosse ficar no chão em vez de levantar e sair correndo de novo.

Releio uma carta como quem toma uma sonífero quase venenoso.
E choro como quem suspira antes de dormir.

O Virgílio tocou essa enquanto me via escrevendo:

terça-feira, 24 de maio de 2011

O Blog tá abandonado, eu sei, mas peço um desconto. Peguei uma daquelas gripes que transformam o cérebro num pote de Ximia. Fora isso, depois de muito tempo estou sem tocar em nenhuma banda. Não ouso reclamar, é melhor não tocar do que tocar com banda ruim. Estou dando aula e isso tem me divertido muito ultimamente. Quando um aluno traz uma música do Tool pra mim tirar, eu sei que vale a pena ser professor. E tenho estudado bastante. Não tanto quando gostaria, mas enfim. E de resto, minha vida anda bem, não poderia estar melhor. Quando estou bem acho que nada que acontece comigo é interessante.

Entre dormir, tentar algum jogo aleatório no pc e ler partituras, os dias e as madrugadas vão se sucedendo.

25 semanas ao que parece, mas vale recontagem.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Agarra amigo o laço enquanto o boi tá vivo

Fui dormir ontem pensando que preciso baixar beatles. É incrível que eu nunca tenha tido uma fase beatles. Tenha tido é um tempo verbal engraçado. Sinto falta de ouvir Tool e não sinto vontade de ouvir de novo. Queria ter uma definição desse espaço entre. Fui dormir ouvindo o Pulse do Pink Floyd. Acho que nenhum gênio sabe que é um gênio. E acho que a maioria das pessoas do mundo quando começam a pensar, acabam se perguntando qual é o seu lugar. Pertencer a algum lugar e a alguém não é fácil. Um pertencer sem posse que não consigo explicar. A mesma diferença entre agradecido e obrigado.

Eu lembro que a lua cheia de maio tem alguma coisa a ver com o Buda. O google que me perdoe, mas vou ficar no escuro dessa vez. Um dia, sem mais nem menos, vou me lembrar  qual é a relação.

Queria entender os caminhos tortos que faço enquanto durmo. Ignorando os Beatles, o Pink Floyd e o Tool, acordei cantarolando Mauro Moraes. Mesmo sabendo que interpretação é uma variável perigosa, vou fazer um chimarão e vou tocar o que me toca. É pouco, mas somos tão pequenos...pealando mal e mal o que a razão quiser.

Queria citar Neruda, mas seria como roubar. Vou acabar lendo Nietzsche ou Osho como quem levanta uma faixa do Guevara falando da primavera.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Now I've got that feeling once again

Eu poderia dizer que a parte gráfica é foda, mas o que arrepia mesmo é ver o Waters e o Gilmour tocando juntos de novo. Em cima do muro, de novo.

Frases simples e despretenciosas sobre grandes assuntos

"Ouvido absoluto é que nem pau grande: 
até impressiona, mas não serve pra muita coisa."

Maurício Luiz Pezzi, o Barão, 
ainda na metade da segunda garrafa de vinho branco

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mea culpa

A minha tristeza obviamente me deixa mais eficiente. Escrevi um mail, tirei um monte de músicas. Tudo com uma revista de sudoku aberta de canto, onde eu colocava um número de vez em quando. Usando uma camiseta do grêmio e uma calça digna da campanha do agasalho. O gordo não vai morrer e eu nunca vou descansar.

Fiz uma faxina nas minhas gavetas e nos meus pensamentos. Ser confiável não é tão fácil quanto parece, mas não é impossível. "É só tu não fazer o que tu não gostaria que eu fizesse pra ti." Uma simplicidade brutal. A madrugada foi fria, mas encontrei uma blusa preta no banco de trás do meu carro e com o cheiro dela eu me aqueci mais do que com qualquer lareira. Depois de fazer amanhecer, eu vou dormir umas horas, sem culpa.
Tá  errado, mas assim eu me encontro.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ahora murguista

Madrugada  adentro, me senti um idiota por não ter conhecido isso antes. Por isso que eu adoro o Uruguay.



Hasta el proximo tablado...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Nova data

E se dizem jornal grande.