segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Antes da tempestade

           Eu fecho meus olhos e é  como entrar num parquinho particular. Mantenho meus dedos fazendo um exercício estranho em sextinas enquanto vou pensando em muita coisa. Outras  músicas , outras  pessoas outros lugares. Em algum momento eu percebi que coordenação não está nos dedos e sim na cabeça. Acho que foi o Barão que me disse isso. Melhor, acho que foi o Barão que me mostrou isso.

           Hoje faz um mês que chegamos aqui nos Alpes. Cheguei quebrado e percebi que não ter medo é  muito diferente de ter coragem. ¿Por que é somente  no meio de uma tempestade de neve eu consigo erguer a cabeça e olhar pra frente com esperança.  A montanha e a a neve bem que tentaram, mas eu sigo fazendo meu sertão  aqui. E no sertão,  mes seigneurs,  o pensamento sempre se forma mais forte que o poder do lugar.  O horizonte do mar é muito maior do que qualquer monte de terra que me olha de cima.

           Metaforicamente, quando toco melhor eu sou uma me pessoa melhor. É  impossível  melhorar em um aspecto sem melhorar em todos os outros. Eu fico estudando pra  tocar melhor até doer. E isso faz muito sentido. Eu fico me esforçando pra ser uma pessoa melhor até doer.  Ironicamente, hoje senti uma coisa que fazia  um mês que não sentia. Não senti falta, pra ser sincero. Tendinite, aqui me tens de regresso.

         No fundo, acho que o que me importa mesmo não é  tocar melhor. Nem ser uma pessoa melhor. Eu só quero ser mais verdadeiro. Comigo e com  tudo ao redor.
           É  isso. Ser autêntico. 
           Dolorosa e intensamente verdadeiro.

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