domingo, 20 de março de 2011

A vida imita a arte

Texto velho. Considerando os percalços da noite e o cheiro de marasmo desse domingo ele soa vermelho na minha memória. Considerando o vazio que estou sentindo , ele soa preto no meu coração.


_____O Vento fica fechado dentro de si mesmo. Há noites em que ele se sabe sozinho, e da solidão ele tenta tirar a força que ele preciraria ter. A força que acham que ele tem. Sempre me lembro dessas noites solitárias durante as tarde de domingo que duram prá sempre. Nessas noites e nessas tardes em que o debate entre a fé e o medo dividem tudo que eu considero real, o que é irreal acaba se tornado concreto. Concreto por ser a única coisa em que posso me agarrar. Eu começo a conhecer o Vento. Na realidade ele não existe. E eu sou o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram. Ou a metade deste intervalo. Porque também há vida em mim. As músicas que nós tocamos vão contando histórias e sentimentos desconexos. A vida deve ser assim mesmo: de um extremo ao outro. Pelo menos essa é a escolha que ele lembra ter feito. Viver tudo intensamente. Tanto a dor quando a alegria. O amor e o ódio. A cabeça e o coração. A Verdade e a mentira. Tudo isso vivido com tanta intensidade que as vezes ele sente como se um pedaço da sua alma fosse arrancado. O medo vem de saber que alguns desses pedaços nunca mais vão voltar. Nunca saberei se ele tem todo o poder que dizem que ele tem. Nunca saberei se sou mais ele ou eu. Sei apenas que o Vento , mesmo sendo a mais feliz e a mais livre das criaturas que vivem sob o sol, tb sofre. O Vento tb sofre. Hoje quero apagar a luz e fechar as portas do meu quarto e do meu coração, para não mais ouvir essas vozes malucas no meu corredor e para que o silêncio seja maior do que todos esses sons que me ensurdecem. Ficarei apenas eu no meu quarto, com o grande sossego de mim mesmo. É um universo barato, mas é o meu...


NADA me dói mais do que decepcionar os meus.

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