terça-feira, 22 de maio de 2012

Louco sou, e louco hei-de ser

Relendo o livro do cavaleiro da triste figura, se as nuvens não trazem lembranças, as palavras o fazem. Não quero um bode expiatório, não quero me sentir melhor. Só quero ficar perto de quem me faz bem e, com um pouco de sorte, retribuir o bem que me fazes. A gente não se escolheu por acaso.

A vossa espada não igualou a minha,
Febo espanhol, curioso cortesão,
Nem à alta glória de valor minha mão,
Que raio foi donde nasce e morre o dia.

Impérios desprezei: a monarquia
Que me ofereceu o Oriente vermelho em vão
Deixei, para ver o rosto soberano
De cor pálida, aurora bela minha.

Amei-a por milagre único e raro,
E, ausente em sua desgraça, o próprio inferno
Temeu meu braço que domou sua raiva.

Mas vós, godo Quixote, ilustre e claro,
Por Dulcinéia sois ao mundo eterno,
E ela por vós, formosa, honesta e sábia.

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