segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sem nada nos pulsos

_____Eu não sei se você ainda está aí. Faz uns 3 anos que não jogamos mais, mas há coisas que só você pode entender. Tu sempre começava com as brancas com d4. E só havia um motivo pra me fazer pegar o cavalo com a mão esquerda e Cf6.


_____Isso soa como uma carta que eu não vou mandar. Simplesmente não sei para onde mandar. Não sei quando, não sei nem se você vai ler isso um dia. Queria agradecer pela arte da guerra e pelo elogio na dedicatória que eu nunca fiz por merecer. Eu gostaria de jogar mais uma vez contigo antes do fim, mas não sei se teremos tempo. Aquelas nossas discussões sem palavras me ensinaram muito. Tu tinha razão em dizer que eu só ganharia se eu prestasse atenção no que acontecia ao redor do jogo. Peço desculpas, mas eu era cego. A ideia de entender a alma do peão e de encontrar a redenção no fim do tabuleiro era grande demais para que eu prestasse atenção em qualquer outra coisa. O horizonte não é o fim do tabuleiro, nunca esqueci, mas só agora entendo. 

O jogo, no fim das contas, é o que menos importa.

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