Aquilo que eu costumava chamar de destino nada mais era do que meu coração dando as coordenadas. Coração esperto, já tinha entendido que dizer o óbvio quase nunca funciona. Assim como eu já tinha entendido que não podia escolher muito. Ou acompanhava ou seria arrastado, esse era o acordo.
Um caramujo com uma clave de sol, um pente de madeira, uma gaveta vazia, um quarto vazio, uma vida vazia. Um ursinho russo com olhar apavorado. A TV virada pra cama, um travesseiro filhote de leão, um livro do Frederico com um jasmim marcando uma página. Um lagartixa no deserto, sempre no corre louco. A Lua. A sinceridade que me trespassa. Me amassa. Me desgasta. As memórias vão me arrastando enquanto eu continuo tentando correr. Manco, quase cego, sem esperança e sem saber desistir.
Ah, coisa preocupantes: Às vezes perco minha alma, e saio procurando sinais dela em alguns lugares onde sei que pertenço. Ou sabia... ultimamente sempre me sinto fora do lugar... então, eu tinha que tentar, mesmo tendo quase certeza de que não ia dar em nada. Um por do sol sozinho na beira do rio.
Sozinho não define minha solidão, mas enfim, agora eu sei: foi bobagem minha tentar achar meus pedaços em Porto. Minha alma se sentia em casa lá, mas sem alma, não há mais nada pra mim naquela cidade. Em lugar nenhum, ao que parece.
Há um lugar, mas essa escolha não é minha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário