Não ter cor era uma vantagem
Eu era minha aquarela em branco.
Esperando ser pintado.
Esperando que alguém enxergasse as cores
Para as quais eu era cego.
E fui verde como um gramado na primavera.
Azul como um céu de outono
Sépia como um fim de tarde apaixonado.
E cinza como a chuva fria do meu inverno.
Mas agora me sinto escuro.
Mais escuro do que o fundo do mar.
E ao mesmo tempo tão pálido, tão fraco.
Tão frágil nessa necessidade.
Tentando me apagar, tentando me soltar.
Tentando encontrar um lugar que seja meu.
Que seja nosso.
Porque aqui há um que pensa.
Um que sente, um que sofre. Um amaldiçoado pela culpa
Um que deseja, um que tem medo, um perdido na loucura.
Um que vive, um que morre e um que apenas existe.
Os 3 amam, de fato.
Mas não consigo escolher qual ama melhor.
Por baixo de tudo eu posso ouvir
O som dos pés que me pisam sem perceber.
Ouço sussurros me julgando de fora.
Enquanto o peso das lembranças me esmaga.
Perdi meu tesouro mais raro
A chance das turbulências do meu oceano
Finalmente encontrarem paz em alguma praia
¿Quem se importa com o que eu sinto.?
Olhando pra baixo com a atenção necessária
É fácil me ver. Sou o parasita dessa cidade.
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