domingo, 2 de dezembro de 2012

Seguindo o coração


Eu já fiz muitos shows escondido atrás de um truque. Eu descobri que conseguia sorrir e ficar invisível enquanto tocava com os cabelos jogados na cara. Quer dizer, eu não tocava, eu ficava segurando o Virgílio enquanto ele tocava sozinho e eu cantarolava um tango ou uma música do ACDC. Essa pequena artimanha me permitiu fazer muitos shows chorando que nem criança sem ninguém ter percebido. Hoje descobri que isso também funciona numa mesa de som. Vi minhas lágrimas caindo em cima dos volumes me sentindo em casa. É por isso que gosto do meu trabalho e da minha relação com a música, essa maravilhosa arte e terrível profissão.

E como tudo é uma coisa só, cheguei em casa e coloquei a mesma camiseta de grêmio que esteve comigo em algumas das vezes que me esfarrapei. E pela camiseta cheguei numa foto. E pela foto entendi que estava na hora de ir ver o mar de novo. Enxuta, a concha continua com o mar guardado no seu estojo. E agora vou para o leste antes de começar mais uma semana.  Uma noite para recuperar o fôlego e tomar uma surra das ondas. E onda atrás de onda aquele aguão vai me colocar no lugar e encher um vazio de água salgada.. E a maldita dor na pena vermelha vai ceder.

Essa é minha vida. Encontrar mágica no absurdo. E conviver com um coração que me leva sempre para o mesmo lugar.

Cavalos Marinhos.

Um comentário:

  1. It's amazing, after so long, we still have so many things in common...

    as always, my day is so much better now...

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