_____Isso de Tiago e Vento é uma das minhas eternas dualidades. É o princípal motivo que faz com que eu me refira a mim mesmo com um "nós" em vez de "eu". Considerando que sou de gêmeos com ascendente em gêmeos e Lua em aquário, posso ter esse capricho. Vento foi um jeito bonito e prático para juntar sob a mesma bandeira uma série de atitudes minhas. Essas atitudes, quando vistas fora de contexto não são muito bem aceitas pelas pessoas com quem convivo, mas são (eram) extremamente necessárias para que eu me defendesse e, ao mesmo tempo, não enlouquecesse. Foi um jeito de me reinventar. O nome Vento veio de um hippie chileno. Ele disse que eu seria como o vento e as pessoas perto de mim seriam como o fogo: as pequenas eu apagaria e as grandes eu tornaria ainda maiores. Aos trancos e barrancos, é o que eu faço. Acho até que faço isso bem.
_____O Tiago é a base de tudo que foi criado, o ponto de equilíbrio. O porto que permite que o vento navegue livremente. Sem ter um lugar familiar para voltar, sabe-se la´como seria tudo isso. Há, porém, uma tendência a generalizar tudo. Considerar que na minha esquizofrenia separei o bom do mal, o justo do trapaceiro. Infelizmente, não é tão simples assim. Não é uma divisão exata e racional, mas sim um Yin e Yang mal traçado nos pedaços da minha alma. A linha não é definitiva, há sempre alguma maré mudando de lugar as fronteiras do meu ser. E todo mês de agosto (está logo ali, Señor) o Tiago e o Vento sentam e discutem sem jamais chegarem a um acordo. Um faz parte do outro e no fundo eles são uma coisa só, independente do nome que você decida usar. Os lados opostos da mesma moeda.
_____O Lopes é um velho conhecido que se chegou com outro nome. Um demônio tentador e corporativista, como convém a um demônio ser. Ainda não posso falar muito dele. Estou ouvindo o que ele tem a me dizer sem acreditar totalmente em nada e sem me deslumbrar com as promessas dele. Os anjos são ótimos mensageiros e protetores, mas ninguém testa a gente tão profundamente quanto os demônios. Nem o próprio Único Acima.
_____Sobre quem eu sou, não vou escrever nada novo. Uso um texto que, casualmente, está no meu perfil do orkut no momento. Ele é carregado de metáforas que só fazem sentido totalmente para quem me conhece há muito tempo. Se escrevo ele como Vento, é porque me chamo de Vento quando converso comigo mesmo.
_____Eu sou o ar em movimento, a revolução apressada, apoida no tripé mais forte. A melodia que soa desafinada no contratempo. A memória que discute com o orgulho. O arrependimento e a arrogância que voltam pintados de vermelho na minha hesitação. Sou um problema grande com uma solução simples. Sou uma resposta curta e óbvia. Sou o jardineiro que aprende com as flores. O amigo revoltado do Tempo. O Palhaço do Circo sem Futuro. O publicitário que lembra do juramento, o músico que fala tropeçando nas notas e que busca o silêncio. A testemunha que olha tudo sem se envolver. O ser humano que fica comovido. O anjo que se acha incapacitado para o emprego.
_____Eu trabalho com conhecimento e com corações, considerando ambos fundamentais. Evito pessoas pela metade, elas invariavelmente me fazem mal. Posso consertar qualquer coração, menos o meu. Balanço muito, e também me sinto balançado. As pequenas chamas e as grandes fogueiras me conhecem bem.
Sou o suor e as lágrimas, o medo e a compreensão. A dor e um pouco de alívio. A coragem e um muito de loucura.
_____Sou tudo que posso ser, e ninguém pode pegar o Vento, a não ser que ele queira ser pego. Sou o olhar inocente de uma criança. Meu escudo quebrado e minha espada sem fio. Sou o amor, a fé e a esperança. A vida pode ficar melhor comigo, mas você ficará bem menos confuso se não me conhecer como eu sou. Porque, uma vez que a gente se conheça, nossas vidas nunca mais serão as mesmas.