quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O inverno nunca dorme

Ao som de Pirisca Grecco- A Luz da Milonga

_____Nas madrugadas ensurdecedoras, um novo alívio. O cheiro de café soa como uma sonata do beethoven. Na luz do abajur eu vejo a sombra da fumaça encher o quarto, servindo de cobertor para a minha saudade quando o frio da noite entra pelas frestas da janela insistentemente aberta. Penso no Lopes imaginando se ele ainda pensa em mim. Tomo o café como quem pede um abraço, como quem se aninha no colo de quem gosta. A solidão não pesa, não custa, mas eu sei que ela enche meu quarto. Eu sinto. Ofereço a ela um café forte, com muito açúcar e com som de chuva. Um pouco antes do amanhecer, a esperança se junta a nós tomando um chá de hortelã. Numa rápida troca de olhares, a gente abre ainda mais a janela. Havia mais gente que estava para chegar. Pensei um pouco e olhei pro lugar do céu onde eu imaginei que estava a Lua. A ironia de olhar pro horizonmte oeste perguntou se podia entrar e com cuidado eu puxei uma cadeira prá ela. Com a chegada do Sol por traz das nuvens de um cinza que eu tanto gosto, encontro alívio. Não importa o que aconteça na madrugada, o amanhecer sempre renova tudo. Alguns dormem enquanto eu tomo café com tão ilustres convidados. Os debates são acalorados e quase sempre precisamos provar do que somos feitos e qual é a nossa postura em cada frase.

_____Tudo é muito estranho. Não há nada em especial aqui dentro, mas parece que eu tenho tudo que preciso.


É certo que os caminhos são escuros
Prá quem não tem uma luz a lhe guiar
As respostas e as certezas que procuro
Sempre acho quando paro a milonguiar

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