terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dentro de uma camisa do grêmio pt 8

_____Reclamaram da chuva, espero que o vento seja companhia melhor.

_____Madrugada estranha. Sempre os estremos. Queria até poder dizer que não entendo, mas já não tenho mais como fazer isso. É perfeitamente compreensível que não acreditem em mim. Tenho um cartel de mentiras invejável. Me incomoda um pouco saber que nunca vou me livrar dessa ficha corrida, mas não é o fim do mundo. Desistir seria pior. Demorei um tempão para assimilar meus erros e mais outro tanto para conseguir me perdoar. E perdoar a si mesmo não é fácil. Se fosse eu do lado de fora, tenho quase certeza que também não acreditaria em mim. De qualquer jeito, tenho que sacudir a poeira e seguir em frente. Aproveitar as portunidades que o mundo vai me oferecendo sem repetir os mesmos erros. Não há outra possibilidade. O fato é que, aqui de dentro, prá mim fica muito fácil ter fé. Eu sei o que mudou e está mudando. Em vez de sentir a raiva e o medo sacudindo minhas pequenas e aparentemente frágeis paredes, eu vejo a serenidade e a paz escorando tudo e reconstruindo o que estava caído. De escombros eu faço um novo jardim. Firmo meus pés no chão ou céu. Não vai ser tão fácil derrubar o meu agora. Aquilo que justificava minhas mentiras ficou prá trás e eu tenho muita má vontade para ficar inventando histórias e outras histórias para justificar outras histórias. A verdade realmente liberta. E ela sempre fortalece.

_____Já são 4 e meia da manhã e o vento sopra bom. Fiquei um tempo lá fora aproveitando o mundo enquanto todo mundo dorme. Agora deixei a janela meio aberta para o sino dos ventos encher o meu quarto de sons e de nostalgia. E para não ter dúvidas sobre o amanhecer que está chegando. Ontem fez um mês, e realmente não tenho o que comemorar, estou voltando ao que era prá ter sido.

_____Tenho a cura e o veneno no mesmo frasco.

_____Vi uma foto minha no jornal, com um misto de frustração e de alguma coisa boa que eu queria chamar de orgulho e não consigo. Vi o meu sorriso e o meu chapéu. Sou eu, sou muito eu, mas falta alguma coisa. Pelo menos vejo minha armadura funcionando. E pessoas de um valor enorme ao meu lado.

Falta entender qual seria o limite (se é que ele existe) entre um ponto fraco e um desafio.
Falta explicar que sou livre, mas que ainda mantenho um compromisso com aquilo que desejo.
Falando em liberdade, não esqueci que tudo me é possível, porém nem tudo me convém.

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