segunda-feira, 7 de maio de 2007

Embaixo da ponte eu entrego minha vida

_____Sexta, uma noite sem grande ambições. Uma pizza. Um desabafo. Marcas de unhas. Um litro de bacardi com amigos. Ninguém paga entrada aqui. Eu vou pra casa, estou estranho.
_____Bora pra Guaporé no sábado, uma festa maluca no meio no mato, na casa onde meus avós moravam. Wisky ruim, pessoas idiotas querendo chamar a atenção. E aí vem uma história que conta um pedaço do meu passado.
_____Quando eu era pequeno, eu tinha 3 alfinetes mágicos. Quando eu mostrava esses 3 alfinetes para o céu em cima da ponte, sempre saía o sol. Essa ponte fica perto da casa onde estava acontecendo a festa. Como eu não estava com nenhuma vontade de festa, fui até a ponte. Eu não sei que arvore é aquela, mas sabia que no meio das duas raízes dela tinha uma caixinha enterrada, com 3 alfinetes dentro. Acabei com a bateria do meu celular iluminando o caminho, mas achei a caixinha e fui sentar numa pedra, embaixo da ponte. Abri a caixinha e comecei a lembrar das coisas. De quem eu era, muito antes de começar a pensar em ser. Então eu abri minha mão para o céu nublado com 3 alfinetes (um deles está torto, eu não consegui endireitar). Meu mundo ficou iluminado com o relexo da luz da lua na água correndo pelos meus pés. Meus alfinetes realmente funcionam. Minha alma, mais do que meu coração, está funcionando. Conversei com a Lua, conversei comigo mesmo. Enterrei os meus alfinetes na mesma caixinha, na mesma árvore.

_____De volta a festa. De volta a guaporé. Parei num posto para tomar café. Parei em outro posto para tomar chimarrão. Parei do lado dos trilhos do trem para ver o trem passar. De volta a Caxias com uma certeza absurdamente concreta. Ia chover quando eu chegasse. E choveu.

_____E nem toda criança é boa. Sei que cada um tem sua história, mas não aceito ver uma criança com 5 anos e cheia de preconceito.

_____Janta com o Potro, cinema na seqüência. 10 segundos olhando, com cara de bobo. Cadeiras numeradas e fila no cinema. Nenhum lugar vende cigarro aqui.?? Sim , estou em Caxias.

_____Roubo palavras que me definam, roubo alegrias a fim de sobreviver. E espero. E escrevo. Minha barba via crescendo...

Eu sou o Tenebroso, o Irmão sem irmão,
o Abandono, Inconsolado,
o Sol negro da melancolia

Eu sou Ninguém, a Calma sem alma
que assola, atordoa e vem
No desmaio do final de cada dia

Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
O samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia

Eu sou a Contramão da contradição
Que se entrega a Qualquer deus-novo-embrião
Pra traficar o meu futuro por um inferno mais tranquilo

Eu sou Nada e é isso que me convém
Eu sou o sub-do-mundo e o que será que me detém?

Eu sou o Poderoso, o Bababã, o Bão!
Eu sou o sangue, não!Eu sou a Fome! do homem
que come na brecha da mão de quem vacila
Eu sou a Camuflagem que engana o chão
A Malandragem que resvala de mão em mão
Eu sou a Bala que voa pra sempre, sem rumo, perdida

Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei
Eu sou o Morro, o Soberano,
a Alegoria que foi a minha vida

Eu sou a Execução, a Perfuração
O Terror da próxima edição dos jornais
Que me gritam, me devassam e me silenciam.

5 comentários:

  1. Anônimo7/5/07 14:25

    Que lindo...dá para fazer um filme da tua vida sabia?

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  2. seem, minha pequena tragédia grega com final feliz

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  3. Anônimo8/5/07 10:19

    Nem tão grega, e nem sempre com final feliz.
    Mas muito interresante.

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  4. Anônimo8/5/07 10:29

    Bom...eu acho..hehheh

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  5. meu final vai ser feliz...

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