segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Um palhaço tocando ukulele me lembrou Beirut

            Achei uma pizzaria. Na verdade eu já tinha passado na frente dela umas 20 vezes, mas não dei bola por que o lugar parece uma academia em vez de um restaurante. Até agora é a única pizzaria da cidade onde não preciso brigar com os manos pra eles não colocarem o inferno em cima da pizza.

           Sinto uma falta enorme da Kali. E de tocar algum instrumento musical. Até que apareceu um ukulele. Depois das peças de teatro, eu toquei Blackbirds como se fosse a coisa mais normal do mundo. Os acordes que eu não sabia fazer eu advinhava. A intensidade nem sempre soa harmonicamente bem. Minha verdade estava ali, desafinada, fora de tempo e sem compasso definido. E a saudade me deu um hadouken no peito. Mas era um palco e eu estava sorrindo... então fiquei ali invisível tocando baixinho.

          Um palhaço me chama de Jesus. Um novo apelido e mil novas piadas. ¿E cadê meu guaraná.? Apelidos são máscaras, mas ainda acredito que se você quer saber como uma pessoa realmente é, basta deixar ela vestir uma máscara.

          E pra todo mundo que me manda mensagem dizendo que sou louco por ter abraçado essa empreitada e/ou fazendo piadinhas sobre eu não aguentar até o fim, vão assistir Sense 8 e não se preocupem comigo. Eu precisei andar 4000 km pra sentar num cordão de calçada na frente do por do sol tocando ukulele pra me sentir livre. Pra me sentir leve. Pra perceber que eu poderia fazer a mesma coisa sentado na janela do meu quarto. 


Sina estranha essa do forasteiro que precisa viajar 
pra perceber a importância do que deixou em casa.

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