domingo, 2 de agosto de 2015

Ando devagar porque já tive pressa

         Dizer que o amazonas é grande seria uma redundância, mas depois eu chego lá. 

      Dois dias atrás eu amanheci a 3800km daqui. Eu sei que tinha como chegar mais rápido, mas passar em Porto Alegre, Floripa e em Sampa antes foi bom. Em porto alegre fiz as pazes comigo e com meu passado. Em Floripa renovei as energias e em Sampa lembrei que o mundo é bem grande e que ele não vai parar ou sequer se importar se eu estou com medo ou não ou sinto falta da minha zona de conforto. 

        O vôo foi o mesmo de sempre. Fico torcendo por turbulências enquanto confirmo que as nuvens são mesmo de algodão. Dor de cabeça monstro e um calor CALOR quando desembarcamos. O aeroporto que chegamos não serviria nem pra ser rodoviária, mas era o que a casa estava oferecendo. 

      A vazão do amazonas é de um milhão de metros cúbicos por segundo. Isso significa um milhão de caixas d´água de mil litros a cada segundo. Eu não tinha conseguia imaginar o tamanho disso. Agora eu consigo e não tenho como não me sentir insignificante perto desse monte de água. E tem um mar verde ao redor do monte de água. 

       O café da manhã do hotel foi épico. Tomei suco de cupuaçu e de acerola como tomaria bacardi. A carne de tudo aqui tem um gosto estranho e eu ainda não descobri o que eles usam pra temperar. Ou mesmo do que é a carne. Aqui coca cola não tem gosto de coca cola, mas depois vou no mercado comprar um Guaraná Jesus porque eu não me importo. 

     Agora estou de folga até as 15 horas, quando começa uma viagem de 6 horas de balça subindo o tapajós. A dor de cabeça passou, mas continuo me sentindo um nada. O mundo é grande demais. E caminhar é coisa perigosa. Depois de começar é muito difícil parar. Quem viaja olha os lugares com uma certa necessidade, com uma certa urgência. Como se soubesse que há muito parar ver, muito parar aprender e o tempo sempre é insuficiente. Me olhei no espelho essa manhã e vi esse mesmo olhar. 

Pra amenizar a saudade: chimarrão ao som de blackbirds sentado na orla do tapajós.


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