quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

"...não importa, eu me chamo de Vento quando falo comigo mesmo."

Ao som de: Tributo a Neruda - Marinero en terra

____Estou de volta depois de alguns dias e uma infinidade de pensamentos e revelações. Ambos necessários, ambos com resultados práticos. Pegar sol sempre é bom. E os pensamentos na beira da praia fluem melhor. Tudo ao som das poesias do Neruda. E lendo sobre nietzche. Foi bom dar de cara com Virgílio e com a bagunça do meu quarto, com o pc com a foto preto e branca com o contraste estourado de sempre. O metrônomo jogado num canto como se eu tivesse saído com pressa. Tudo tão eu. Tão cuidadosamente meu.

____Entre tudo que fiz e li desde o dia depois do Natal, coloco uma parte aqui. Ironicamente, uma metáfora.

____- Você está vendo esse palito de picolé.? Imagine que esse simples palito de picolé é o amor que eu sinto. [Nesse momento eu enfio o palito na areia, até a metade.] A areia que passaria reto, levada pelo vento, começa a se ajuntar perto do palito. [Eu fico alguns minutos soltando areia fina perto do palito, até que ele suma sob a areia.] E agora, o que você vê.?
____- Um castelo de areia.
____- Sim, e a areia continua a se acumular independente do palito. O castelo vai ficar cada vez maior, mas sem o palito ele nunca teria começado. [O castelo já está consideravelmente grande nessa hora.] E agora, com o castelo já grande, é impossível retirar o palito de dentro dele sem destruí-lo. O que você está vendo agora.?
____- Um castelo, mas não de areia. Um castelo de vento.

____O resto das minhas aventuras eu deixo anotado na minha agenda, junto com algumas carteiras de cigarro rabiscadas e um palito de picolé. Como uma carta esperando para ser entregue. Como um atestado de sanidade. E como uma explicação sobre meu exílio para me encontrar, juntamente com a verdade que tanto busco. A minha verdade. Eu poderia até dizer que não é teimosia e sim convicção, mas essa frase não é minha. Já que li a arte da guerra, chamo de perseverança. Chamo de coragem. Se for preciso, chamo até de loucura. O nome que se dá não importa. Ganhei vários apelidos, mas o que importa é que a voz na minha cabeça me chama de Vento. E nós só confirmamos que isso não é por acaso.

____¿E desde quando alguma coisa acontece por acaso.? No final, nós que não conseguimos viver sem amor vamos acabar nos entendendo.

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