domingo, 11 de março de 2007

"Deu.?? Cortou a grama.??"

Ao som de: Alanis Morissete - Bent 4 you

_____Amanhecemos chovendo uma chuva fina, sem culpa nenhuma pelo que poderia ter sido e não foi. Pelo que poderia ter sido dito e foi silenciado. Um sonho que me fez rir dos caminhos tortos do meu subconsciente. Uma manhã inerte e inútil. Uma tarde ouvindo Rage, trocando as cordas do Virgílio. Pensando. Treinando muito mais a cabeça do que os dedos. E a cabeça cheia de dúvidas sobre a noite, sobre o show. Passagem de som corrida, como sempre, e o Taloco beirando o insuportável, como sempre. Queria muito ir pra casa para dormir, não porque eu realmente estivesse com sono, mas porque eu queria que o tempo passasse mais rápido. No fim, acabei indo jantar com o Seco e com o Carlito. Não sei nem explicar porque, mas muito da segurança que eu senti era por saber que eles dois iam/vão estar do meu lado. Não importa o que aconteça. Ainda consegui uns minutos para deitar na cama com a luz apagada e a janela aberta. O sino dos ventos balançando baixinho, como se o vento estivesse cochichando pra não me acordar. Quando eu digo que tudo vai dar certo, não é por dizer. Em nenhum momento fiquei nervoso, nem naqueles segundos antes do show que eu me permito isso. Antes de entrar no camarim eu olhei as pessoas no bar, e não vi ninguém que pudesse realmente me balançar. Não havia porque ter medo. Quando coloquei o chapéu na cabeça enquanto rezava o meu Pai Nosso em espanhol, eu sabia que tudo ia continuar acontecendo do jeito que tinha que acontecer. Deixou de ser uma questão de doce ou amargo. Nada de intensidade ou sinceridade, palavras muito simples para descrever minha combustão interna que ia ser posta à prova em poucos minutos. Sentado no palco, esperando pra começar o barulho, eu senti um silêncio quase palpável dentro de mim. Paz, finalmente. E me dei o direito de aumentar um pouco o volume do meu baixo. Um show sem gritos de raiva, sem pedido de socorro. O que eu tinha pra falar ou mostrar, eu o fiz tocando. Fechei os olhos, e sumi, deixando apenas um sorriso no ar. Ali, com o Virgílio na mão, estava o Vento, do jeito que tinha que ser. Fazendo o que ele foi criado pra fazer.

_____Essa foi minha participação no show. Meu sorriso permaneceu ali quando vi os amigos de verdade curtindo a festa e o show. Quando tudo acabou eu desci do palco sem precisar ficar um tempo sozinho para colocar a cabeça em ordem. Eu estava cansado, suado, mas extremamente sereno. Eu estava tão tranqüilo que me dei ao luxo de tirar os tênis no meio do show. Não tomei tequila e tomei quase um litro de bacardi límon. Quando amanheceu eu ainda estava no revival. Vi a indignação do Carlito, vi o Douglas com olho grande, vi um olhar sapeca/inocente de minha prima, vi o Dino falando com todas mulheres pegáveis no fim da festa, vi o Castor “gingando” no meio do nosso show, via a Grazi e o Alemão cantando junto comigo quando eu dizia que tinha uma bala na minha cabeça. Vi muitas coisas, mas tudo foi uma coisa só: a alegria de todos que estavam ali se misturando e se multiplicando. E quem tinha que estar lá, lá estava.

_____Agora, depois das 13 horas, eu considero a noite por encerrada. Fora o Peca cortando a grama, o maldito cachorro do vizinho latindo e o cigarro que eu não fumei, foi uma manhã louca louca louca. Seguindo a ordem natural das coisas hoje o sol apareceu e brilhou, colocando ordem e mostrando que tudo vai passar. Queria meu play2 para poder jogar. Queria saber como uma garrafa vazia de bohemia veio parar no meu quarto. E esse raspão no meu braço.??

Senhoras e senhores, foi um privilégio e uma honra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário