segunda-feira, 7 de março de 2016

Não se chega até as nuvens com os pés no chão

             Eu escrevia poesias em carteira de cigarro. Escrevia lembretes em guardanapos. Era um ritual muito meu, mas eu era muito amador. Não tinha nem papel e nem caneta comigo ...acabava dependendo da sorte para encontrar caneta naqueles segundos em que eu precisava escrever. ou naquele fim de noite em que eu desdobrava uma carteira de marlboro light e escrevia até não sobrar espaço no papel.

            Voltei com esse meu velho hábito, mas agora ando com um bloco e com uma caneta no bolso. As palavras tem o tempo delas e gosto da ideia de estar preparado. Continuo escrevendo minhas cartas que não mando. tipo essa:

            Tem um episódio do house que ele está num volta e não volta com a ex-mulher dele. O problema é que ela está com outro cara... mas mesmo assim o house e ela acabam ficando juntos. Esse outro cara está numa cadeira de rodas e como ele não sabe de nada, em determinado momento do episódio ele vai pedir conselhos pro House. O house tenta fugir dele subindo uma escada e o cara sai da cadeira de rodas e se arrasta atrás do House. E ele acaba entendendo que esse outro cara está disposto a ir muito mais longe que ele. Está disposto a sacrificar muito mais para que o amor dele e da ex do house funcione.  

               Tá, perdi um pouco o foco, mas enfim. Falei desse episódio específico porque ele é uma boa forma de demonstrar um dilema que todos nós temos. ¿Pelo que vale a pena sofrer? O quanto vale a pena sofrer por aquilo que acreditamos.? Até onde estamos dispostos a ir.?

             São perguntas filosóficas e que fazem pensar, mas admito que num sentido prático elas não ajudam muito. E acho que comecei a escrever justamente porque quero ajudar. Talvez caiba aqui uma metáfora, que rabisquei numa carteira de cigarro amassada já faz um tempo.

             Ela quer ser protegida e não servida. Por mais que ela banque a forte, ela não quer ser a rainha do castelo com poder para mandar e desmandar mesmo sem ter razão. E pessoas para servi-la ela tem aos montes e vai usar a todos conforme for necessário. Ela é a princesa rebelde que precisa de um santuário de paz para descansar de ser princesa. E é nesse lugar que tu tem que estar. Protegendo ela dela mesma e dos defeitos que ela tem vergonha de confessar até a si mesma.

           Ser o melhor de nós é fácil. Somos só dois idiotas fora dos padrões e com uma visão de mundo meio amoral. Perto de nós tu leva uma larga vantagem. O fato é que pra ficar com ela. Pra fazê-la feliz e, mais do que isso, pra ti ser feliz... tu vai ter que ser o melhor de ti.




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