domingo, 14 de setembro de 2008

Um pano úmido faz milagres

Ao som de: Várias coisas do Nico Assumpção


_____Uma faxina gigantesca no domingo. Ouvindo Jazz. Nessas faxinas a gente sempre encontra coisas das quais já tinha se esquecido. Cartas e bilhetes de todos os tipos. Fotos azuis, amarelas e de todas as cores. Não queimei nada, foi parar tudo num envelope de papel pardo. Achei um anel com o desenho de uma corrente e percebi que a única coisa de qual eu sinto saudade é do meu anel de pescador (Tá, do livro do Dalai Lama também). O fato é que o anel está no meu dedo, nem que seja apenas por curiosidade para descobrir se ele ainda vai queimar ou não.

_____Achei também uma caixa vazia. Pintada com cores, borboletas, flores e fogo. Mesmo depois de tanto tempo eu continuo não a usando porque não tenho nada para colocar dentro dela.

_____E um bagulho vermelho de que eu não me lembro o nome, não me lembro nem porque me foi dado. Eu só lembro que eu tinha que quebrá-lo. Foi lindo ver os cacos dele quando ele voou prá parede.

_____Preciso dessas faxinas mais vezes. Para não deixar tantas ruínas se acumularem no meu quarto e na minha vida. É bom olhar para minha estante ou para a minha mesa e ver indícios de organização. No fundo, essa organização é consequência de uma mudança de postura, da mesma forma que tocar mais rápido é consequência de outras coisas. Bom mesmo é olhar para mim e saber que essa organização da minha vida veio na hora certa. Está tudo diferente.


Uma poesia velha e barata.

Ruínas

No meu estojo, tantos beijos
Tantos rabiscos, passados abraços
Não os conheço a todos
E, por certo, nem todos me conhecem.
No meu coração, tantas dores
Cicatrizes, arrependidos amores
Escritos devagar e sem pena
Vividos pelo meio, sem tudo que podiam ser
Na minha cabeça, tantas lembranças
Quase boas, retorcidas saudades
Às vezes machucam, às vezes alegram
Necessidades estranhas, futuro ao inverso
Na minha mochila, asas maiores
Do tamanho do céu, falso horizonte.
Não sei mais voar aqui.
E caminho ou rastejo por dentro da minha pele
No meu amor, tantas dúvidas
Encruzilhadas sozinhas, sombras geladas
Por medo de chorar não sorrimos
Por medo de viver nos deixamos morrer.

Na minha tristeza, tantos motivos
Pouca culpa, insignificante razão
Perdido entre os outros em mim
Sozinho no fim, sem mesmo um coração.

2 comentários:

  1. Por que não eu?

    Deixa eu te fazer feliz...

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  2. Eu insisto, não falo com estranhos...

    E isso lá é coisa que se peça.??

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