sábado, 16 de junho de 2007

Recolhendo pedaços

Ao som de Tool: The Pot


_____Eu toco arpejos sem saber direito por que toco, mas toco até sentir as mãos doendo.

_____Eu respiro devagar, prestando atenção no que estou fazendo, até sentir que é vida entrando e saindo de mim.

_____Eu tomo banho de chuva gelada, e ela me machuca, mas a minha gripe eterna é um preço pequeno.

_____Eu tomo cuidado com meu relacionamento com as pessoas, e isso me afasta de muitas pessoas boas, mas ao mesmo tempo isso me preserva. E preserva elas.

_____Eu sinto falta do meu coração, mas sei que o momento ainda não chegou.

_____Eu tenho semeado e tenho colhido, com a justa proporção que só quem é jardineiro conhece.

_____Eu permaneço em silêncio mais do que devia, porque entendo o silêncio como minha palavra mais sincera.

_____Eu olho para o céu com saudade todas as noites, tanto naquelas em que estou no meio da multidão, quanto naquela em que estou apenas eu.

_____Eu jogo, eu sempre jogo, mesmo sabendo que na maioria das vezes tenho muitas coisas a perder e quase nada a ganhar.

_____Eu erro, erro muito, e insisto em erros até aprender as liçoes que preciso, sei que isso faz parte da vida, e só me culpo quando a fé hesita.

_____Eu agradeço a todas as pedras que me fazem tropeçar, e peço desculpas por esbarrar nas sombras. Eu chamava isso de tristeza, agora sei que é um sentimento de insignificância perante o tamanho das coisas. Perante a falta que uma pessoa me faz.

_____E eu repito poesias que eu sei de cor, sem parar, até que as palavras percam o seu significado e digam simplesmente o que elas querem dizer, e não o que eu quero ouvir.


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


_____No fim, é apenas saudade. Saudade da minha melhor oportunidade, que eu deixei passar por não entender o que estava decidindo. A liberdade nada mais é do que a capacidade de viver com as consequências das próprias decisões.

2 comentários:

  1. Certo dia eu escrevi:
    "Talvez eu tenha me preenchido do todo, e esquecido de me completar de mim.
    Talvez eu queira voltar pro passado mais uma vez, talvez seja só medo de dar um passo a frente.
    Talvez eu queira me reinventar, talvez seja o momento de eu ser eu mesma.
    Talvez eu me modifique e me deixe pra traz.
    Talvez eu esqueça do meu passado, talvez eu não encare o futuro.
    Talvez eu sinta medo, talvez eu sinta pena de mim, talvez eu sinta culpa.
    Talvez eu queira reescrever o que já foi, talvez eu veja um futuro incerto.
    Talvez eu não ache justo."

    Gostaria de entender menos o que tu escreve e me identicar menos com o que tu sente.

    Pseudo-crise!

    Falei alto!

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  2. "Talvez eu não ache justo"

    Eu afirmei uma noite dessas para um grande amigo: "Se não for justo, tudo que a gente acredita, tudo no qual a gente se baseia vai ser mentira. Tem que ser justo."

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