Ao som de: Vento Negro
_____Conversa com o meu chefe numa cafeteria entre o meu reino e a biblioteca do 16º andar, depois de um dia normal.
- Posso sentar, Senhor.?
- HEHEHEHE Eu sempre me surpreendo com essa sua falsa humildade.
-Por que.?
- Quando você grita e sabe que eu estou ouvindo, não me chama de Senhor.
- São situações diferentes. Não grito para o Senhor, grito para que todos ouçam.
- Sempre com uma explicação pronta, não é.?
- Eu já ouvi isso algumas vezes. Até cheguei a acreditar. Hoje já não acredito mais. Tenho apenas as respostas necessárias.
- Menos uma, se me lembro bem.
- Exatamente, menos uma.
- Você sabe porque faz tantas exceções.
- Seem.
- Se não fosse absurdo, eu acharia uma enorme coincidência essa nossa conversa no ano novo.
- Tudo é possível, mesmo que demore. Era isso que você dizia através das minha metáforas.
- Do jeito que o tempo anda apressado, demora é uma palavra injusta.
- Eu senti isso também. Resolveu apressar o plano todo.?
- Não é tão simples, e mesmo se fosse, vocês não estão nem perto de estarem prontos. è coisa do Tempo, e de uma tarefa que ele tem que cumprir.
- Eu sei, eu sinto.
- O senhor precisa ir. E eu também.
- Não se sinta tão mal. Não era essa a lição que vocÊ deveria ter tirado.
- Como.?
- Como o que.?
- Como o Senhor suporta.?
- Da mesma maneira que vocês. Agora você consegue entender a dor que eu sinto, mesmo que não sinta nem um milésimo dela. Sinto a tristeza e também sinto a alegria. Da mesma maneira que vocês.
- Se eu fosse um principezinho eu repetiria isso a fim de me lembrar.
Mas ninguém me ouviu, no por do sol roxo e amarelo eu ainda vi a silhueta de uma raposa.
Ergui meu caputino propondo um brinde. - A todos nós, falei entre uma lágrima e outra..Algum tempo depois choveu.
Vida loca, pensei aliviado, antes de me tornar apenas um sorriso e desaparecer. Mais um ano começando. Vi uma sombra passando e gargalhei de mais uma metáfora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário