domingo, 31 de maio de 2015

sábado, 30 de maio de 2015

O plano não era nem meu...

Lista do top 3 melhores presentes

1. Minha esperança.
2. Um guarda chuva amarelo (esse não foi entregue mas a ideia foi genial)
3. As mensagens pra mim começar e terminar o dia.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Um checkin nas ondas



Sem dúvida nenhuma, a mensagem mais surreal de aniversário. A 3M se puxou.

"Um cédage do 6851 dair ipsír.
Ou roa tesquo nombse quilde quoamimer lerrer banhopor. 
Fea i únpami voz quo orcsova inge irram.
Ortose quo vecô ialdi olpoldi o quo nombsis di taidi der tór celgonider po fiçi ressas

Fonaz ilavosrísae, Paige. 
O tsi orro pou orcsivalhe quo pu doaxi mildis om pa chimide volpe.
Quilde pu moler ortosis veu orpis ià chupilde puir munopir tsi nelgo."



segunda-feira, 25 de maio de 2015

Uma parábola familiar

      Quando tudo silencia e a festa acaba, eu me sinto bem por finalmente sentir como se eu pertencesse a isso tudo. Por ter silenciado, ao menos em parte, a sensação de que estou atrasado e fora do meu lugar. A ideia de que as coisas acontecem apesar de mim e não por minha causa  enche o mundo de leveza. E me libera do peso da arrogância. Claro que tudo isso não faz com que eu me sinta menos sozinho. Ou melhor, não faz com que eu seja menos sozinho. Estou longe de me entender comigo mesmo, mas as vozes aqui dentro não gritam mais. E eu juro que escuto gargalhadas quando fico em silêncio. Há o que eu sou, o que eu quero e o que eu mostro. Em algum lugar dentro da mítica do número 3 essas três coisas estão se aproximando cada vez mais. 

         São  3 da manhã e está chovendo. O silêncio não é mais tão ensurdecedor. Meu universo é barato. Posso enlouquecer por ter perdido a esperança, mas o medo não me perturba mais. Nunca estive mais forte do que quando admiti que estava vulnerável. A tristeza não conseguiu me deixar mais eficiente do que a coragem. Nunca quis tanto viver desde o momento em que aceitei que não tenho mais nada a perder. 

          E nunca estive mais são do que quando admiti que estava louco.

domingo, 24 de maio de 2015

Frases simples e despretensiosas sobre grandes assuntos

Esperança é tão útil quanto um alçapão numa canoa.

- Um dos Luíses... um dos melhores, na verdade.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Um mundo cinza

        O passado volta, mas isso não é necessariamente ruim. Eu sei que caráter não se ensina, mas se fosse possível ensinar, o Ângelo seria reitor da universidade. Em algum momento eu lembro que regulei o baixo dele e ele me falou que queria me ver tocando uma música. E eu disse que um dia quando estivesse pronto iria tocar.

          E a música fala sobre cores se misturando e ficando cinza. E justamente agora que pedi pro mestre pintar o Virgílio de cinza, escuto a música sentindo que é a hora. Estou tocando ela já faz umas 4 horas. Mais uma noite sem dormir. Todas as cores se misturam e se tornam cinza. Essa metáfora é tão minha. 

Mas meu coração já lida bem com isso.



segunda-feira, 18 de maio de 2015

Vem comigo

       E minha fama chegou na cidade muito antes de mim. Dois passos dentro da festa e encontro um irmão. Mais um passo e encontro os melhores sorrisos Sabia que estaria seguro e que daria tudo certo. Eu estava em casa. Aquele caos me soava familiar. Aquele abraço era onde eu queria estar. Do jeito que deu, me comportei. Ou não, dependendo do ponto de vista. Fica a certeza de que voltaremos mais vezes.

        Com uma noite épica termino uma sequência de 10 noites seguidas de festa. No meio do inverno. Não foi fácil e não teria conseguido sozinho. Aprendemos muito sobre o que podemos. Eu acredito que deva ser assim mesmo, quando menos esperamos, precisamos provar do que somos feitos e do que somos capazes. Agora preciso de descanso. Planejar com muita gente envolvida está sendo um desafio e tanto. Até cartas precisei escrever. Felizmente, pessoas sempre serão pessoas. Mas sou obrigado a admitir que tudo funciona melhor quando cada um sabe o que está fazendo e porque está fazendo.

       No fim de tudo, a única pergunta realmente importante sobre a festa#10 é: ¿como diabos ela conseguiu uma lata de tinta e um pincel pra pintar o chão enquanto eu andava de balanço.?


sexta-feira, 15 de maio de 2015

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O paraíso não vai ficar vazio.



         No meio de uma janta aleatória eu sinto as coisas diferentes. Percebo que estou ajudando e que estão me ajudando também. Sinto que estou ensinando e aprendendo cada vez que a gente se reúne e conversa sobre como foi nosso dia ou sobre o que estamos fazendo da vida. Sobre o que somos. Lembro que guardava meus planos e estratégias como se fossem algo sagrado e secreto, mas agora divido eles com meus amigos. É assim que divido minhas conquistas com eles.  E está valendo muito a pena.

         Mas ainda deito em puffs no meio de um shopping e soluciono problemas com chopp. Talvez nem tudo tenha mudado. Às veze até sinto minha falta... mas na maioria do tempo acho que foi um alívio.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Entre os montinhos e a festa#5


          Que bom que voltei a escrever (Je e Patrolinha, muchas gracias). Escrever de forma ambígua continua me divertindo. Eu posso colocar meu coração em cada palavra e ser muito sincero, mas outra interpretação sempre é possível. Então, ninguém pode afirmar com certeza que sabe do que eu estou falando.

          Mas tem quem tente, e isso torna tudo muito melhor. A experiência mostra que as pessoas julgam o mundo baseadas em si mesmas. Quem é bom enxerga bondade nos outros. Que é ruim só enxerga defeitos. Os anos vão passando e ainda fico impressionado  quando alguém consegue achar que me conhece por causa do que eu escrevo. Por causa do que projeta em mim. Convivo com pessoas por anos sinto que não as conheço integralmente. Nem eu me conheço direito. Mas julgar os outros com base nos próprios valores e princípios realmente é mais fácil. Não diria justificável, mas fácil com certeza.   

Mas é tudo como tem que ser. Se há uma coisa com a qual sempre poderemos contar é essa avidez que as pessoas tem por controle, por conhecimento.  A falta de controle gera medo. E ultimamente o medo tem derrubado vários. Eu sempre disse que me considerava uma pessoa simples, mas agora percebo que usava a palavra errada. Eu não sou simples, eu sou lógico. Existe um código e um padrão que eu sempre sigo  - grande novidade, todos tem um padrão. E depois que se entende esse padrão, fica fácil entender qualquer pessoa.

              E por fim, que bom que a verdade me libertou. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido. Lucas 12, 48

Foi caro.. E difícil.

Pensando no fim de semana, lembrei de um trecho de um livro.

"O guerreiro dificilmente sabe o resultado de uma batalha quando esta acaba.

O movimento da luta gerou muita energia a sua volta, e existe um momento onde tanto a vitória como a derrota ainda são possíveis.  Só o tempo irá dizer se ele venceu ou perdeu: o destino daquela luta – e de todas as que travou – está sempre nas mãos de Deus.

Nestes momentos, o guerreiro da luz não fica preocupado com os resultados. Examina seu coração e pergunta: “combati o bom combate?” Se a resposta é positiva, ele descansa.  Se a resposta é negativa, ele pega a sua espada e começa a treinar de novo.

Uma outra batalha o espera.  Se continuar lutando, sempre pode modificar um resultado negativo."

Estou me sentindo um pouco assim. Sacrifiquei muito pra que tudo acontecesse como aconteceu. E ainda não sei direito como tudo se encaminha a partir daqui. Sigo em frente, tentando me equilibrar entre escolhas e consequências. Até porque, não sei descansar ainda.

E tem o Potro achando que vamos freiar ele. Em algum momento ele vai acabr descobrindo que é ele que vai freiar a gente. 

Um gato disse certa vez: "Eu sou louco, você é louco, todos somos loucos! Se nâo fôssemos loucos não estaríamos aqui."

domingo, 10 de maio de 2015

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Dulcineia is back

Havia um site séculos atrás onde as pessoas tinham que mandar histórias com apenas 6 palavras. Não lembro do site, mas poderia contribuir com ele.

Ele amou. Ela não. Tão típico

Achou a alma gêmea. Somente ele.

Estranhos... Amantes... Mais?... Muito rápido...  Estranhos

E séculos atrás havia uma irmã.. E ela voltou quando eu mais preciso dela. E com um rabisco que eu quero na minha pele.

Uma coisa muito comum quando eu falo de how I met your mother pra alguém ou converso com alguém que já assistiu é ser comparado com o Barney. Admito que meu jeito de gerenciar a vida e que muitas das minhas atitudes apontam pra ele, mas eu ainda me acho parecido com o Ted. Eis uma fala dele:

"Os grandes momentos da vida podem não ser necessariamente as coisas que você faz, mas também as coisas que acontecem com você. Não estou dizendo que não devem tomar uma atitude. Para algumas coisas na vida, vocês precisam de atitude, e vocês terão.  Mas nunca se esqueçam que a qualquer dia poderão colocar o pé pra fora de casa e sua vida inteira poderá mudar para sempre. O universo tem um plano, crianças. E este plano está sempre acontecendo. Uma borboleta bate suas asas e começa a chover. É um pensamento amedrontador, mas também maravilhoso. Todas as peças da máquina trabalhando constantemente para que você fique exatamente onde deveria, exatamente quando deveria. No lugar certo, na hora certa." - Ted Mosby

Independente da minha loucura,  Esse é o tipo de coisa que eu falaria

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Lua cheia e geada

         O despertador toca e eu levanto apressado. Sei bem como é essa época do ano e não dou muita chance pro meu corpo me convencer que ficar embaixo das cobertas é melhor. Meu primeiro pensamento consciente é embaixo do chuveiro. Tudo que acontece antes disso é só minha força de vontade. De passagem pelo espelho dou um sorriso resignado. Tem dias que acho que eu deveria dormir mais. Tem dias que eu acho que deveria dormir menos. Ainda assim, esquento a água com uma ansiedade que só ofrio dá.

            Volto pro meu quarto e a sensação de que estou atrasado e que deveria ter dormido mais continuam se debatendo. Acordar cedo faz meu dia render, mas não decidi ainda se isso é um objetivo ou uma fuga. De qualquer forma, ligo o metrônomo e começo a estudar. Deixo o quarto o mais escuro que posso para que o amanhecer seja mais perceptível. Todo pensamento sobre coisas pra fazer ou pessoas pra falar fica adiado pra depois das 8h. Todos os dias quando acordo, fico pouco mais de duas horas focado em me tornar um músico melhor. Se eu for um músico melhor, serei também uma pessoa melhor.. essa foi a maior lição da faculdade em São Leopoldo e das madrugadas no bunker. É impossível negar a relação que existe entre um homem e seu trabalho. 

            No meio das harmonias e dos ritmos tortos, isso, eu olho para um anel preso nas cordas do Virgílio. Fico me perguntando se ela ainda pensa em mim quando acorda, da mesma maneira que eu pensava nela. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

É tanto...

           Ter o Alan por perto no fim de semana foi bom. Ele também é um palhaço. E sempre que lembro dele vem junto essa história. A maquiagem borra de vez em quando e a voz hesita mas o espetáculo não pode parar.

"Existe essa coisa de transformação para poder enfrentar tudo. É tão semelhante com a nossa existência, toda máscara que utilizamos no nosso dia a­ dia, nesse grande espetáculo que é nossa vida, e nesse circo que é o planeta. Independente do que aconteça, o palhaço tem que entrar em cena, o espetáculo não pode parar. Independente de todas as tragédias que estão acontecendo, sempre temos que passar uma mensagem de alegria. Essa imagem do palhaço é muito forte. Ela também nasceu de uma poesia: o filho tinha vergonha do pai, por que o pai era palhaço. O filho se formou em Direito e seguiu outro caminho. Um dia o filho visitou o pai, que já estava no leito de morte. Ele era uma pessoa muito amargurada. Então ele se acocorou, pegou a mão do pai e disse: “Pai, me ensina a ser palhaço?”. E o pai respondeu: “Isso não se ensina seu bosta! "


domingo, 3 de maio de 2015

Nem farrapos nem praia

          Ele sabia que não ia conseguir me ajudar sozinho então chamou a ajuda de um belo time. Meus moinhos de vento sempre serão gigantes. Sempre vou forçar o melhor das pessoas esperando que elas façam o mesmo comigo. O tempo passa devagar quando você está procurando um único rosto em todas as pessoas ao redor. Quando parece que todas as músicas fazem sentido. 

Depois de tudo, quando entrei em casa e vi que estava seguro, tomei um banho pra lavar a alma. Não que eu estivesse cansado , mas a intensidade da noite deu trabalho. Minha visão de equilíbrio permanece: Só há equilíbrio quando o risco de cair é real. Ajudei quem estava por perto na mesma medida que nos ajudaram. É assim que funciona, agora eu sei. A alquimia estava ali e eu me senti dentro do todo. Fazendo parte da maré que mudou. Poucos viram que não estava tudo bem e se surpreenderam quando eu falei o que estava acontecendo sem metáforas ou joguinhos ou planos mirabolantes. 

Obrigado Vento, foi exatamente que precisávamos. O acaso nos ajudou de formas suaves que nem imaginamos e sou grato por isso também  No fim, talvez o Potro tenha seja realmente parecido comigo. Ele não acredita em si mesmo, ainda que saiba do seu valor. Mas quando o momento chega, ele aceita o fardo de ser exatamente o que é preciso que ele seja. Sinto orgulho dele por isso.

sábado, 2 de maio de 2015

Ser remédio ou veneno é só uma questão da dose

        - Vento, faz poucos dias que tivemos uma das conversas mais importantes desde que nos conhecemos. Ambos sabíamos que estávamos fazendo a coisa certa e que o teu tempo havia passado. Insistir seria a destruição de ambos. Essa conversa caberia num mês de agosto. Mas hoje eu preciso de ti de novo. Sei que poderia fugir mas não vou fugir pelo motivo errado. De um jeito ou de outro eu quero enfrentar as consequências pelos meus erros. O conceito de punição que uso para os outros, uso também e principalmente para mim mesmo. Tenho medo e sei que vou com medo mesmo, mas não quero mais me esconder atrás de um ar superior. Não quero mais fingir que não sinto nada ou sorrir um sorriso vazio. Sei bem o caminho que sigo quando me sinto machucado, mas dessa vez faremos diferente. Tantas vezes te ajudei a não cair no abismo. Não me sinto em condições de exigir nada, mas humildemente peço ajuda. Estaremos no controle, eu prometo. Não haverá nenhuma bebida ou nenhuma droga para prejudicar nosso discernimento. Eu vou estar no controle, mas preciso que você me lembre que sou forte. Que ser eu mesmo não está errado. Que nada nada nada disso tem a ver com merecimento e que a ilusão dos apostadores não funciona. 

          A resposta não poderia ser outra. Diabinhos corporativistas sempre usam as mesmas palavras - Você vai fraquejar, você não vai saber o momento certo. Sua mão vai hesitar. Deixa que eu te ajudo.

E saio de casa cantando um tango. Todo barco precisa de um porto.

O silêncio dela é foda.

         Cheguei em casa me perguntando ¿e o que aprendemos hoje?. Depois de tanto fingir que sabia de tudo, foi preciso aceitar que preciso aprender muita coisa ainda. Uma tarde  entre  pessoas maravilhosas e eu me sentia envolvido e não testemunhando. Uma noite tomando água e com poucos cigarros para aprender que um sorriso sincero funciona muito melhor que qualquer personagem. O segurança me olha eme pergunta o que estava diferente em mim. Respondi que estava kardashiando. Queria poder explicar o que está explícito no meu olhar.

         O silêncio dela é foda, mas sei que com ele vou aprender algo imprescindível.  E que, diga-se de passagem, deveria ter aprendido há anos. Preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre a serenidade que estar comprometido me dá e sensação de que estou terrivelmente atrasado. Agora volto pras minhas cartas.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Mas, se tu me cativas...

O fato de eu me considerar uma pessoa solitária me permitiu criar algumas válvulas de escape para lidar melhor com a solidão. Eu falo sozinho e converso com coisas que estão sempre por perto como se elas fossem velhos amigos. O exemplo mais clássico disso é o Virgílio, meu contrabaixo. O nome dele é esse por causa da divina comédia. Virgílio é o poeta grego que guia Dante pelo inferno. Eu poderia falar também do Cláudio, meu girassol...ou da Maiara, a aranha que mora no meu quarto, mas considerando que não são coisas e sim seres vivos, não é a mesma coisa.

Esses não são os únicos exemplos. Acabei me apegando a uma série de talismãs que me acompanham sempre. Não os trato como se eles fossem parte integrante de mim,mas sim como se estivessem comigo por um tempo, sendo minha companhia por um determinado trecho da caminhada. Cada um tem o seu motivo. Um anel no dedo com uma constelação desenhada me lembra de parar tudo de vez em quando para olhar as estrelas e ouvir elas sorrindo. Um terço budista no pulso me lembra da fé, do karma e de TODO o resto que o budismo me trouxe. Um Tau no pescoço me lembra da alegria de São Francisco e de que a paz é boa. E um pingente do pequeno príncipe que guardei por um tempo me lembrava do segredo da raposa ao mesmo tempo que me lembrava que eu podia sorrir e ficar invisível.

Há um tempão atrás uma prima minha morava comigo. Lembro que demorou bastante tempo até que deixássemos de ser dois completos estranhos um para o outro. Os dois eram filhos únicos e, considerando que ambos tinham seus motivos, ficávamos cada um no seu canto da casa. Numa determinada época, havia uma nuvem negra de tristeza pairando pela casa...o pai dela tinha cometido suicídio e eu estava todo torto por causa de um namoro que não havia dado certo. Não lembro direito de quem foi a iniciativa, mas chegou um momento em que a gente começou a se aproximar. E enquanto íamos nos tornando grandes amigos, a nuvem de tristeza ia se dissipando.

O tempo foi passando e os dois já achavam divertida a idéia de ter um irmão - pro bem e pro mal. Nos divertíamos e nos ajudávamos muito, mas também implicávamos muito um com o outro. Uma implicância clássica era com o que o outro estava lendo. A gente meio que tentava impor o gosto literário um ao outro e por isso quase sempre estávamos nos dando livros de presente.

Nossos horários não fechavam, então quando eu queria dar um livro pra ela, eu deixava em cima da cama dela quando ela não estava em casa. Ela fazia a mesma coisa. Era uma agradável surpresa chegar em casa e dar de cara com um livro novo. Eu estudava español na época e numa manhã cheguei em casa e sobre meus travesseiros estavam o Pequeno Príncipe  e Alice nos País das Maravilhas em español.  Do lado havia um bilhete e um pingente com a silhueta do principezinho.

"Se as coisas ficarem ruins, fecha os olhos que tu vai enxergar bem melhor com o coração. Se mesmo assim não melhorar, sorri e fica invisível. Todos aqui são loucos ."

E esse pingente ficou comigo muito tempo. Sorrir e ficar invisível realmente dá certo. Enxergar melhor de olhos fechados também. Mas agora as coisas mudaram. Não quero mais fechar os olhos quando as coisas estiverem ruins. Eu vou melhorá-las. E meu sorriso eu quero refletido em outro sorriso igual ao meu.

Desculpas, Patrolinha.

            Fazer a coisas certa no momento errado e do jeito errado não soa mais como uma boa opção. Se a noite de ontem provou alguma coisa é que gerenciar a vida  na porralouquice não leva a lugar nenhum. Até podia dar certo quando não havia mais ninguém envolvido, mas as coisas são diferentes agora. A situação está diferente e nesse novo contexto não há mais espaço para minha velha postura kamikaze.

          Uma noite bebendo e de repente eu falho naquilo que deveria ser o mais básico. Agora pedir desculpas não adianta muito. Estou repensando uma série de coisas com o cuidado para que isso não aconteça mais. E sei bem que dei uns dez passos pra trás no processo de fazer com que ela confie em mim e acredite em nós. No fim, acho que essa é a pior parte: sentir que ela está decepcionada. 

            Eu poderia falar sobre o foo fighters que tocou na festa. Ou sobre a mensagem dela com o pingente. Essas coisas que normalmente eu entenderia - e justificaria - como sinais pra gente se ver. O fato é que ela disse não um bilhão de vezes. ¿Que bosta de namorado eu vou ser se ignorar isso.?  

          Eu não sei o que ela lê no meu olhar. Mas no dela eu leio que podemos dar certo. Desde que eu pare de avacalhar. A mudança segue.