segunda-feira, 25 de maio de 2015

Uma parábola familiar

      Quando tudo silencia e a festa acaba, eu me sinto bem por finalmente sentir como se eu pertencesse a isso tudo. Por ter silenciado, ao menos em parte, a sensação de que estou atrasado e fora do meu lugar. A ideia de que as coisas acontecem apesar de mim e não por minha causa  enche o mundo de leveza. E me libera do peso da arrogância. Claro que tudo isso não faz com que eu me sinta menos sozinho. Ou melhor, não faz com que eu seja menos sozinho. Estou longe de me entender comigo mesmo, mas as vozes aqui dentro não gritam mais. E eu juro que escuto gargalhadas quando fico em silêncio. Há o que eu sou, o que eu quero e o que eu mostro. Em algum lugar dentro da mítica do número 3 essas três coisas estão se aproximando cada vez mais. 

         São  3 da manhã e está chovendo. O silêncio não é mais tão ensurdecedor. Meu universo é barato. Posso enlouquecer por ter perdido a esperança, mas o medo não me perturba mais. Nunca estive mais forte do que quando admiti que estava vulnerável. A tristeza não conseguiu me deixar mais eficiente do que a coragem. Nunca quis tanto viver desde o momento em que aceitei que não tenho mais nada a perder. 

          E nunca estive mais são do que quando admiti que estava louco.

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