sábado, 2 de maio de 2015

Ser remédio ou veneno é só uma questão da dose

        - Vento, faz poucos dias que tivemos uma das conversas mais importantes desde que nos conhecemos. Ambos sabíamos que estávamos fazendo a coisa certa e que o teu tempo havia passado. Insistir seria a destruição de ambos. Essa conversa caberia num mês de agosto. Mas hoje eu preciso de ti de novo. Sei que poderia fugir mas não vou fugir pelo motivo errado. De um jeito ou de outro eu quero enfrentar as consequências pelos meus erros. O conceito de punição que uso para os outros, uso também e principalmente para mim mesmo. Tenho medo e sei que vou com medo mesmo, mas não quero mais me esconder atrás de um ar superior. Não quero mais fingir que não sinto nada ou sorrir um sorriso vazio. Sei bem o caminho que sigo quando me sinto machucado, mas dessa vez faremos diferente. Tantas vezes te ajudei a não cair no abismo. Não me sinto em condições de exigir nada, mas humildemente peço ajuda. Estaremos no controle, eu prometo. Não haverá nenhuma bebida ou nenhuma droga para prejudicar nosso discernimento. Eu vou estar no controle, mas preciso que você me lembre que sou forte. Que ser eu mesmo não está errado. Que nada nada nada disso tem a ver com merecimento e que a ilusão dos apostadores não funciona. 

          A resposta não poderia ser outra. Diabinhos corporativistas sempre usam as mesmas palavras - Você vai fraquejar, você não vai saber o momento certo. Sua mão vai hesitar. Deixa que eu te ajudo.

E saio de casa cantando um tango. Todo barco precisa de um porto.

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