O despertador toca e eu levanto apressado. Sei bem como é essa época do ano e não dou muita chance pro meu corpo me convencer que ficar embaixo das cobertas é melhor. Meu primeiro pensamento consciente é embaixo do chuveiro. Tudo que acontece antes disso é só minha força de vontade. De passagem pelo espelho dou um sorriso resignado. Tem dias que acho que eu deveria dormir mais. Tem dias que eu acho que deveria dormir menos. Ainda assim, esquento a água com uma ansiedade que só ofrio dá.
Volto pro meu quarto e a sensação de que estou atrasado e que deveria ter dormido mais continuam se debatendo. Acordar cedo faz meu dia render, mas não decidi ainda se isso é um objetivo ou uma fuga. De qualquer forma, ligo o metrônomo e começo a estudar. Deixo o quarto o mais escuro que posso para que o amanhecer seja mais perceptível. Todo pensamento sobre coisas pra fazer ou pessoas pra falar fica adiado pra depois das 8h. Todos os dias quando acordo, fico pouco mais de duas horas focado em me tornar um músico melhor. Se eu for um músico melhor, serei também uma pessoa melhor.. essa foi a maior lição da faculdade em São Leopoldo e das madrugadas no bunker. É impossível negar a relação que existe entre um homem e seu trabalho.
No meio das harmonias e dos ritmos tortos, isso, eu olho para um anel preso nas cordas do Virgílio. Fico me perguntando se ela ainda pensa em mim quando acorda, da mesma maneira que eu pensava nela.
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