segunda-feira, 30 de abril de 2012

Boa, hunter! Ensina o mago noob.



_____O final de semana começou atravessado, mas com gosto de rum na boca e um cheiro estranho no ar. Sair da zona de conforto. Ouvir "tu tá diferente" é reconfortante. Ouvir "isso não se faz" não é. Escolhas, mnéh. O mundo me jogando o número 3 na cara e não me deixando dormir. Risos sinceros depois da festa. 

_____O mundo pára um pouco e desce quem quer descer. Depois eu e uns outros caras empurramos e ele pega no tranco. A madrugada é de peculiaridades fundamentais.

_____Penso que até havia o que ser comemorado, mas sem certeza. Agora, no fim de tudo eu tento olhar de fora e, pelo que vejo, não pareceu mesmo uma comemoração.  Isso acaba não importando. Ao fim de tudo, escorado com os pés prá cima, conversando com pessoas com as quais meu santo bateu (ou que são o meu carma) vejo tudo em paz. Ninguém julga ninguém e agora eu vejo como isso fez falta. Pessoas de valor.

Vou dormir sorrindo.

E ainda temos dois dias. Talvez role uma troca: em vez de wow eu poderia pensar em cerveja. Porque transformar seguro desemprego em cerveja faz muito sentido.

sábado, 28 de abril de 2012

Com os pés prá cima


Uma coisa de cada vez, fingindo pra mim mesmo que existe uma organização nos planos que não tenho. Nos planos que não perco mais tempo fazendo. Fim da tarde tocando chico no violão. Se um dia eu tocar bem, tenho um agradecimento público a fazer. Um pai e uma mãe no que se refere a música. E no que se refere a vida,  porque, mnéh, entre uma nota e outra não sobra espaço para personagens. ¿Será que ela pensa em mim por causa das letras?  Será que semear vento pela cidade e sair bebendo uma tempestade tem o mesmo significado para mim e para ela.? Acabei anoitecendo no teclado tocando Adele com pinguinhos caindo nas teclas. Cantando baixinho, completamente desafinado. Na música tenho achado a fuga que precisava, ou seria meu merecido descanso. Nota atrás de nota vou colocando tudo prá fora... sem ódio, sem tristeza, sem raiva, sem nada e ao mesmo tempo com tudo. Rindo de mim mesmo por não saber onde colocar os dedos na trilha sonora de um fim. Para cada lembrança ruim que sai eu coloco uma boa no lugar.  Meus pulsos não doem mais, coloquei de volta neles o que nunca deveria ter tirado. Devagar eu vou melhorando.

De uma hora para outra um cavalo marinho pode morder meu queixo e posso acabar morando na praia.

Quando nasci veio um anjo safado
O chato do querubim
E decretou que eu estava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Livre


Cada diário, cada agenda, cada poesia mal escrita desde 15 anos atrás eu queimei.. na beira da praia...

Depois dormi sorrindo, mil toneladas a menos pesando nas minhas asas.


terça-feira, 17 de abril de 2012

Alma.?? que alma.??

Eu sei essa poesia de cor faz anos. Reveilon de 2009, eu acho. Foi uma época estranha e eu me lembro de autistamente não entender quase nada do que estava acontecendo. Descobri Pablo Neruda na época e de tempos em tempos um ou outro verso dessa poesia gritava em mim. Agora vai ela, inteira. Porque decepção não chega nem perto de descrever o tamanho desse tombo.


Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos."

El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.

En las noches como esta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.

Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche esta estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.

Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.

Yo la quiero, es cierto, y cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
A veces no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.

Porque en noches como esta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque este sea el ultimo dolor que ella me causa,
y estos sean los ultimos versos que yo le escribo.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Sem nada nos pulsos

_____Eu não sei se você ainda está aí. Faz uns 3 anos que não jogamos mais, mas há coisas que só você pode entender. Tu sempre começava com as brancas com d4. E só havia um motivo pra me fazer pegar o cavalo com a mão esquerda e Cf6.


_____Isso soa como uma carta que eu não vou mandar. Simplesmente não sei para onde mandar. Não sei quando, não sei nem se você vai ler isso um dia. Queria agradecer pela arte da guerra e pelo elogio na dedicatória que eu nunca fiz por merecer. Eu gostaria de jogar mais uma vez contigo antes do fim, mas não sei se teremos tempo. Aquelas nossas discussões sem palavras me ensinaram muito. Tu tinha razão em dizer que eu só ganharia se eu prestasse atenção no que acontecia ao redor do jogo. Peço desculpas, mas eu era cego. A ideia de entender a alma do peão e de encontrar a redenção no fim do tabuleiro era grande demais para que eu prestasse atenção em qualquer outra coisa. O horizonte não é o fim do tabuleiro, nunca esqueci, mas só agora entendo. 

O jogo, no fim das contas, é o que menos importa.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

¿Até quando.?

Todos os caminhos me levam ao mesmo lugar. Mesmo se eu quisesse, não teria como esquecer.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Eu ando nas sombras

_____Há algo em mim que pouquíssima gente viu. E que provavelmente ninguém vai ver de novo. As vezes, no meio da madrugada, quando meus fantasmas não me deixam dormir, eu pego o violão e fico tocando, sentado no chão nos pés da cama. Eu toco bem baixinho, como se meus acordes fossem  perturbar o silêncio. Sussurrando versos como se, com uma pena indescritível, estivesse tentando ensinar a mim mesmo de novo e de novo. Não sei dizer como soa aquilo que toco, porque fico focado no que acontece dentro. E dói olhar pra dentro quando é tarde demais numa madrugada qualquer.



_____Enquanto tocava essa música, vi o sol refletido num ovo de páscoa enquanto amanhecia. Luz demais, se isso fosse possível. 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vilipendiado

Ao som de: Nirvana - Where did you sleep last night

_____Amável a senhora foi me buscar no meio do caminho e me trouxe até aqui, sabendo o que ia acontecer antes de mim. E pingo atrás de pingo, curva atrás de curva vão me mantendo vivo. Mas sei bem que não pode chover pra sempre.

 Logo

Partituras jogadas onde piso
Eu acabo levitando entre elas
Pé ante pé sem ter onde cair
Indo, sem ter pra onde ir
Deito sem saber como soou
Ou mesmo aquilo que sou.
Silêncios na cabeça, notas na mão
Raízes no céu, galhos pelo chão.
Não há espaço para meus pés
E tropeçando insisto em caminhar
Não há espaços para meus dedos
E chorando eu insisto em tocar.
Procurando melodias, rabiscando poesias
Sem saber como devo soar
Fugindo de mim até a dor passar.
Rezo até para um deus que não existe
Para que não demore isso tudo acabar.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O baixista mineiro, o publicitário gay e o bêbado que me atropelou

ou A tendinite, a ressaca e a culpa



Ao som de Chico Buarque - Sobre todas as coisas

_____Sexta feira e lua cheia, eu devia ter imaginado que não ia ser tão simples ficar quieto no meu canto. Eu já tinha sido atropelado de madrugada por um bêbado, mas ele me ofereceu uma bira e ficou tudo certo. Alguns arranhões e hematomas a mais não iriam me preocupar. Depois de uma conversa no MSN eu já tinha destino. "Se tu comer brócolis eu te levo num show open bar" soou como uma proposta irrecusável. Roupas na mochila e eu esperando carona sem saber pra onde ia.  Acabei num show de sertanejo em Gramado. Chorei meio escondido entre uma música e outra, fazendo amizade com o garçom e cubas com 4 coisas misturadas. Um segurança me olhou com cara feia quando fui pro camarim, mas ele me deixou passar com um balde na mão enquanto eu pensava comigo que músico realmente tem cheiro de músico. É engraçado conversar com esses caras de bandas grandes, eles obviamente são muito fodas, mas continuam chinelos que nem eu, que nem o Barão, que nem o Fiu. Gente como a gente. No fim, comi brócolis. Eu não lembro direito do gosto, mas lembro que gostei.

_____A ressaca foi domada a duras penas com chimarrão, e quando começou um poker com o diabo na mesa, achei melhor me retirar. Fugi pro mundinho do warcraft. É só um jogo, mas tem sido uma fuga válida. Ali encontro um gnominho turco e sem noção, mas com um coração gigante. Ou um hunter que não cansa de me surpreender, porque a resenha sem palavras não respeita distâncias. Acabo me consolando um pouco com eles enquanto toco fogo em quase tudo. Lembro do Paulista nesssa história toda. Sinto saudade dos silêncios dele. Daquele inverno inocente e diabólico antes de tudo.

_____Eu tentei e não adiantou nada. A sensação de vazio continua aqui. Eu contava semanas (amanhã seriam 72) e agora conto horas, conto minutos. O tempo continua passando devagar, mas acho que é assim mesmo pra quem está machucado. Deu errado em porto, não teria porque dar certo em gramado. Outros mares, mas a mesma praia. 

_____Não me defino mais pelo que sou, pelo que tenho, pelo que posso, até mesmo pelo que sabiamente me julgam... mas sim pelo que perdi, pelo que podia, por aquilo que silencio. Não é preciso me olhar muito para ver as marcas do que perdi. Quem em ouve tocando percebe que estou com vontade de gritar de dor. Mas sei bem que estou colhendo o que plantei e que ninguém tem nada que ver com meus gritos. Sei que ninguém me excluiu de nada. Sou só eu me colocando no meu lugar. Ou melhor, tentando encontrar um lugar pra existir e soar depois de tudo. Porque viver é uma palavra forte demais pra descrever o que acontece comigo sem a minha rosa.

Deixam marcas os pedaços que vou perdendo.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Longe do meu lado

Aquilo que eu costumava chamar de destino nada mais era do que meu coração dando as coordenadas. Coração esperto, já tinha entendido que dizer o óbvio quase nunca funciona. Assim como eu já tinha entendido que não podia escolher muito. Ou acompanhava ou seria arrastado, esse era o acordo.

Um caramujo com uma clave de sol, um pente de madeira, uma gaveta vazia, um quarto vazio, uma vida vazia. Um ursinho russo com olhar apavorado. A TV virada pra cama, um travesseiro filhote de leão, um livro do Frederico com um jasmim marcando uma página. Um lagartixa no deserto, sempre no corre louco. A Lua. A sinceridade que me trespassa. Me amassa. Me desgasta. As memórias vão me arrastando enquanto eu continuo tentando correr. Manco, quase cego, sem esperança e sem saber desistir.

Ah, coisa preocupantes: Às vezes perco minha alma, e saio procurando sinais dela em alguns lugares onde sei que pertenço. Ou sabia... ultimamente sempre me sinto fora do lugar... então, eu tinha que tentar, mesmo tendo quase certeza de que não ia dar em nada. Um por do sol sozinho na beira do rio.

Sozinho não define minha solidão, mas enfim, agora eu sei: foi bobagem minha tentar achar meus pedaços em Porto. Minha alma se sentia em casa lá, mas sem alma, não há mais nada pra mim naquela cidade. Em lugar nenhum, ao que parece.

Há um lugar, mas essa escolha não é minha.