quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Do meu jardim...

Ao som de: Gene Kelly - Singing in the rain

_____É claro que eu ia sofrer com o castelo que construí. Todo aquele que constrói vira refém de suas próprias paredes, ou da necessidade da travessia. Por isso sou jardineiro. De cada uma das minhas flores aprendi alguma coisa. O mau tempo que castigou as minhas flores também escondeu minhas lágrimas ou me fez companhia nas noites de solidão. E no dia seguinte a quantidade de trabalho sempre me fez esquecer as coisas pequenas que machucaram. O amanhecer traz esperança e aqueles que ficam dormindo ou que se trancam entre 4 paredes não enxergam isso.


Jasmim: guardo um desejo no freezer e ainda tenho teu endereço para escrever uma carta. Uma ilha de sotaque portoalegrense que vive no paraíso. As vezes vai, as vezes volta, mas continua sendo um dos poucos "e se" que me sobraram. Foi dela que veio a clave de sol com asas, assim como uma série de lições de paciência.


Bromélia: já foi um hibisco, já foi uma tulipa, mas tem a essência de uma rosa. Com todos os espinhos que ostenta orgulhosamente para se defender sabe-se lá Deus do que. Teria dado minha vida para cuidar melhor dela, mas isso foi antes de entender que ela sempre soube se cuidar sozinha. Errei na poda e ela nunca me perdoou por isso. Já a coloquei no lugar mais iluminado do meu jardim, já a coloquei no meio das sobras. Em nunhum dos lugares ela se mostrou satisfeita. Ainda me pergunto onde ela quer ficar, já que ela mesma parece não saber.

Margarida. A saudade aperta com tristeza. Nos devemos um café. Com um sorriso leve. E com os vários discursos inseridos dentro da linguagem. E vai ser prá sempre minha idiota favorita.





Violeta: dessa eu tive duas. Uma que tem cheiro de praia. com lembranças das noites de dodje morro abaixo. Eu respeito a inocência. Sempre vou lembrardo jeito inocente dela para gerenciar as coisas. A outra queria por que queria ir prá fora no meio do inverno. Ficou toda queimada da geada. Mas ainda assim continuou insistindo enquando eu cuidava dela. E muitas vezes ela me viu nos fins de tarde tomando chimarrão.


Girassol: o Cláudio sempre me causou uma certa estranheza. Nas madrugadas em que ele ficava virado para o céu como se fosse meio dia eu olhava para o céu tentando entender o que estava acontecendo. Uma flor obviamente entende mais de estrelas do que eu. As vezes ele queria saber da lua, as vezes das estrelas, as vezes do chão. Parecia o dono, definitivamente.


_____E, no final das contas, a personalidade não passa de um brinquedo que nos dão. E ficamos grudados nesse maldito brinquedo durante toda a vida.

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