segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Something


        Eu lembro com uma certa nostalgia da época em que eu me arrumava com antecedência para as formaturas. EU tinha o terno separado na véspera, junto com um nó de gravata feito com esmero e paciência. Era uma época em que eu até usava sapatos. Hoje fico rindo e discutindo comigo mesmo quando percebo que entro no chuveiro faltado 20 minutos pra hora marcada para a janta. Quando olho pro terno e vejo um all star junto dele. Quando faço um nó de gravata em 15 segundos e não me importo por ele estar horrivelmente mal feito. 

               E enquanto amarrava o cadarço do all star e me esforçava pra defender a gravata da pasta de dente, eu ia me analisando no espelho. Meu olhar de medo/eu consigo. Uma formatura de psicologia seria muito divertida - não teria como não ser. O medo me deixaria mais alerta e freiaria a arrogância de saber que eu não tinha com o que me preocupar. Em última instância, o sorriso de uma criança que sabe que vai aprontar. Meu melhor sorriso canalha.

       Formaturas continuam sendo uma mistura de ansiedade, atribulação, uma cerimonialista louca lutando contra uma mesa de malucos que não se importam com o protocolo, emoções e sentimentos sinceros transbordando. 

                Pausa. Uma tatuagem de uma música dos beatles nunca fez tanto sentido. Tira o sorriso canalha e entra o sorriso bobo. ¿Essa ironia conta pra quem.? Play de novo. Força tarefa pra acabar com a cerveja do lugar. Foi por muito pouco. Anteninhas e cerveja de 600ml usadas como long neck. ¿É sempre assim né.? 

                 E psicólogos são todos loucos. E ainda estou lembrando da mulher da yogurteira Toptherm me mandando sentir minhas meias e meus ombros. E usando o Dmitri como referência.  Acho que alguém colocou drogas na bebida da galera.


               Renata, tem uma expressão que eu adoro usar: "conhecer desde sempre". Eu não sei quando ficamos amigos, mas quando olho pra trás eu não conto os anos. Simplesmente vejo os momentos importantes e parece que você sempre esteve, de alguma forma, perto. Desde sempre. Eu te chamo de baronesa, mas isso não tem quase nada a ver com o fato de chamar o teu namorado de Barão. Teu título de nobreza vem de outra coisa. Tu tem meu respeito e minha admiração -  mesmo tu sempre insistindo pra que eu faça terapia.  Sei bem que tu enxerga minha loucura kamikaze com curiosidade. Da mesma maneira que eu fico rindo das tuas reações enquanto me analisa. às vezes me esforço pra te irritar porque tu fica encantadora quando está com braba.. Obrigado por me deixar fazer parte dessa tua conquista. 


                 

P.S. Eu não fiz nada na festa. Só dei água para quem tinha sede. 


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