sábado, 9 de janeiro de 2016

O baixo é meu.

          ¿Quantos dias se passaram.? Quantos anos se passaram.? Olho os desenhos que carregamos e fico pensando porque eles estão ali. ¿São cicatrizes.? São troféus.? A dor que eu sinto é por causa deles ou eles funcionam como uma bandagem.? São símbolos da minha força ou uma triste lembrança de quando fui fraco.? Até que ponto soamos melhor por causa deles. 

             Eu li que chineses consertam vasilhas de metal barato que se partem usando ouro. Talvez eles tenham entendido há milênios que consertar algo que se quebrou é muito mais difícil do que construir algo novo. ¿E o que faz a gente decidir o que precisa ser consertado e o que deve ser jogado fora e substituído.? É o apego.? É a necessidade.? A utilidade.? O valor que criamos.? Lembro do Tomás dizendo que "if you have it but you can't fix it.. you don't owe it." Montar e desmontar um instrumento musical - pintá-lo e personalizá-lo - foi um jeito de consertar a mim mesmo.? Porque sei que tocar bem é tocar bem a vida. Tocar melhor para viver melhor. A professora resiliência foi fundo quando ensinou. Estudar acordes e escalas pra poder ir de um silêncio a outro. E ficar tão viciado nesse processo a ponto de acreditar que os silêncios falam mais do que as palavras. ¿Ou isso é apenas o medo de ser mal interpretado falando.? 

              E meu baixo continua me fazendo todas essas perguntas nessas tardes quentes de verão. Não duvido de nada mas repenso tudo. É solidão, mas há tantos aqui. Pro bem e pro mal meus desenhos provam isso. Carrego os meus onde quer que eu esteja. Não sei se soamos melhor, mas certamente soamos mais verdadeiros. 

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