segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Senta que lá vem história

            Quinta, 22. Ligar pontos é uma arte. e a gente nunca sabe como vai ligar os pontos do futuro com os de hoje. Lá por 97~98 eu comprei um vinil do nirvana, com a capa do nevermind. Eu aprendi a tocar ouvindo nirvana. E por todos esses anos esse vinil ficou grudado na parede em cima do monitor do meu computador. Eu olhei pra ele todos os dias quando estive em casa. E fiquei feliz em encontrar uma pessoa para a qual eu poderia dar ele de presente. Não que ele não signifique nada pra mim. Pelo contrário. Ele significa muito. Sobre tudo que passei para chegar até aqui. E justamente por isso dei ele de presente. 

               Fiquei o dia inteiro formulando em palavras uma teoria muito boa sobre porque eu não confio nas pessoas. Coerente e bem embasada, eu achei que ela poderia explicar tudo. Mas claro que entre uma bohemia e outra desconstruíram ela com duas frases. Tudo bem, de volta ao planejamento.

               Sexta, 23. Acordar tomando whisky de mel com pastelina pareceu tão normal que eu nem me importei. Ainda mais num dia que teria show da Blackbirds. E quando a Rubia reconhece meu trabalho na zoeira, eu sei que estou no caminho certo. O dia teve o cheiro e a inércia da quinta e eu acabava sorrindo leve. 

            Show pra perder a voz. A catarse que eu tanto venero. Patrícia, minha cerveja honorária. E las cocotas niegras tocando pedaços da minha vida. A teoria da véspera não importava mais e eu sinto um certo orgulho por estar conseguindo aprender a me desapegar. Eu sorria e cantava as músicas enquanto uma ausência me incomodava. Mas ninguém percebeu. 

                Sábado, 24 Os excessos da véspera cobraram o preço na forma de uma ressaca avassaladora. ¿Da onde apareceu aquele maldito litro de whisky.? Era meio dia e eu sabia que só conseguiria melhorar até a noite se investisse num tratamento severo a base de chimarrão. 2 térmicas depois eu estava pronto para a festa do vagão. Com cara de zumbi mas ainda disposto. 

                Vi a lua nascendo quando saí de casa. E em algum lugar aqui dentro eu sabia que iria dar de cara com ela de novo quando chegasse em casa.

               No meio da festa um amigo me chama e nem chega a me pedir ajuda, e sem hesitar eu sai correndo pra casa dele. Há uma hierarquia no mundo e quando um barão precisa de mim, não há nem o que pensar. O aristos e o mundo poderiam esperar. Eu compensaria com muita tequila depois.

                   O problema é que compensei com tequila demaaaaaais. E a festa acabou com o dia claro, não sem antes tomar um sacolé. Não sem antes ser coagido a ir pra Paris. Facilmente coagido, diga-se de passagem.

                 Dia claro e vi a lua no oeste, perto do horizonte, no caminho de casa. Acabei lembrando de um verão em que eu aprendi a ver estrelas. E aquela mesma lua devia ter rido de mim quando eu discutia comigo mesmo dizendo que a constelação de peixes parecia mais com uma panela de pressão do que com qualquer outra coisa.

                  E, no final, acho que lembrei do passado não por ter visto a lua. mas sim porque empreitadas como essa me fazem lembrar De quem fui. Do que eu era. Do que eu sou. E porque, apesar da aparência vazia de 3 dias diretos de festa e trago, era só um disfarce enquanto eu ia me desconstruindo e construindo de novo. Tijolo por tijolo.

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