quarta-feira, 8 de abril de 2015

Meu santo é forte

          Pensei em largar tudo e voltar a estudar. Isolado em algum outro lugar onde pudesse ter como objetivo único me preencher com conhecimentos variados. Livros, filmes, e muitos bate papos.  Depois pensei em vender tudo e comprar um pedaço de terra em alguma cidade do litoral do Nordeste e me dar a tranquilidade de uma vida entre a natureza e o conforto de uma presença totalmente voltada para o amor. Então pensei em me isolar por uns meses e enlouquecer. Fazer um livro, ou mais dois ou três, E me embrenhar em pensamentos insanos. Me embriagar. Sexo, Drogas, destruição. Colocar tudo no papel e voltar como quem sai do inferno com todos os segredos roubados do Diabo.

 
      Tenho tantos mundos e vontades e desejos dentro de mim. E eles são tão contraditórios por muitas vezes. Não é que não goste da vida que levo, ao contrário, amo muito o que faço e agradeço todos os dias por ser assim. Mas é que tenho sede de ser mil em mim. Tenho ânsia de viver sem fim. Tenho gosto por querer provar vários sabores, várias texturas, vários amores. Quero acreditar em Deus, dançar ao som dos tambores do Candomblé e meditar num templo budista. Quero ouvir as palavras de Cristo, de Krishna, do Lama e do Nietzsche. Quero nadar no mar e pular nas águas das cachoeiras. Quero voar, mergulhar, quero correr. 



           Pensei em ser livre por alguns segundos e depois voltar para combater.  Tenho talhado em mim um exército que nunca dorme: a força do vento, o barulho das trovoadas e a determinação do mar. Tenho em mim as dores do mundo, a angústia da fome e a centelha do Adeus. Sou o que tiver que ser, na hora que preciso for e apenas para quem merecer. E aqueles que tentarem me derrubar, aqueles que zombam por minhas costas, aqueles que desejam meu fim… Terão de lidar com a força que levo dentro do meu coração. A força de uma linda canção. A força que me conduz entre o campo minado e a artilharia do inimigo. E no fundo, lá bem no fundo, eles sabem que sou como uma grande árvore, mesmo quando atingido, continuo oferecendo frutos. E quem desfruta de minhas sombras, de minhas brisas e dos meus temporais, não precisa temer minha desordem… 
Não tenha medo, tenho sorte. 



         Sou feito de cem mil conflitos, mas sou aquele que não lhe deixará para trás. Não tenho medo da morte.  Se tiver que morrer por minhas utopias e por meus sonhos:  
Que digam diante das minhas cinzas ... Aqui jaz mais um que apanhou e sofreu, mas que nunca se rendeu ao mundo. 

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