Fora de contexto
Um paulista me chama no palco pra tocar Nirvana. Ele não sabia, mas me deixou sem chão. Quem não tem chão tem que confiar no céu. A irmandade manda recado. Tudo é permitido. Nada é verdade. Eu sabia o que fazer e não cabia em mim de contentamento. Poderia fazer o que faço de melhor. Era só sorrir que eu ficaria invisível. A letra de Polly pesando. Uma tonelada de memórias. O acústico, o suspiro. Ele morreu. Morrer. Um baixo estranho mas meus dedos sabiam o que fazer. As luzes piscam e o som do baixo fica mais alto. Havia um dos meus atrás da mesa de som, exatamente onde eu sabia que ele estaria antes mesmo dele pensar em ir. Esse é o plano. Colocar tudo no lugar. Ficar invisível para não incomodar mais ninguém. Solta o cabelo e sorri. Fecho olhos e vejo a mesma imagem. A mesma tendinite corroendo meu braço. Talvez não esteja tudo perdido. Asas sujas. Cortar elas. Chorar no palco. Eu posso, ali sou invisível. Ali a dor e loucura não podem me machucar. E talvez ninguém nunca entenda como isso me liberta. A maré muda. Mas existem marés e existe a Lua.
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