sábado, 24 de maio de 2008

Não tão barato, muito menos vazio...

Ao som de: um improviso em Em

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Ultimamente os shows têm sido mágicos. É como se a gente fosse um bando de crianças e chegasse alguém com uma bola. E enquanto a gente fica jogando, ninguém precisa de mais nada pra ser feliz.

(Esse texto era prá agenda, mas ele cabe bem aqui...)

_____A linguagem das palavras me cansa, as vezes. Aquilo que já falei sobre transmitir recipientes em vez de conteúdo. A diferença entre escrever cem com C e sem com S. A complicação que é transformar em palavras os pensamentos, Já a matemática é a linguagem das coisas. Nela, ao contrário da linguagem humana, não há retórica, não há a possibilidade de duplo sentido ou de discussão. São os dois extremos de comunicação. E na teimosia que tenho pelo equilíbrio, acabo caindo na música. A música é a melhor linguagem que existe. Funciona com uma métrica matemática, mas se fosse calculada, não seria música. Pode ser interpretada livremente, mas seria distorcida como as palavras. É uma linguagem para ser sentida. Uma nota é e sempre será uma nota. A mesma nota. Mas como negar os infinitos sons diferentes que essa nota provoca dependendo do seu lugar na harmonia. Dependendo das notas que soam com ela. As sensações íntimas e singulares dentro de cada pessoa que ouve determinada sequência de sons. As lembranças sucitadas e estranguladas.

_____Há todo um mundo entre o som tocado e o ouvido de quem ouve. Do coração de quem toca (a música sempre vem do coração) até o coração de quem escuta (a música chega no coração antes de virar pensamento). Irônico é pensar que esse caminho, mesmo sendo o mais longo, ainda é o mais sincero e direto de todos.

_____Esse é o meu caminho. Esse é o nosso caminho.




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