domingo, 29 de abril de 2018

Ego quondam iterum

         Maldito Héfeso. A nóia dele com o ponto fraco na armadura está inscrita em mim também. Ou talvez eu seja burro demais. mas posso me justificar. Não há nada aqui que eu queira defender, ¿por que me preocuparia com uma armadura.?

           Um metro quadrado ou talvez um pouco mais. Era o espaço que eu tinha em cima do palco. Era meu reino. Meu bunker. Meu agora. Do meu lado o Robledo e o Duda. Com uma banda boa eu me sinto invencível. Eu não sabia as músicas, mas eu não me importava. Era pra ser divertido, era pra ser libertador. Era pra pedir uma carta de alforria pra dor que passeia comigo de mãos dadas. Mas o que você mais teme pode te encontrar no caminho. Nenhuma novidade, sempre que eu me sinto invulnerável a vida me dá uma voadora. E eu percebi que estava de volta no inferno. E fez falta o Virgílio. Quando eu desmoronava tocando ele tocava sozinho. E ali estava eu sem espada e sem condição nenhuma de me defender. Na minha cabeça ecoava um velho tango. Sorrir e ficar invisível não era possível.

            Assim como aconteceu em Paris, eu sabia que ia perder tudo. E que ia precisar tirar força do cu pra sustentar minha escolha.

            Há um velho livro por aqui com um poema escrito em latin.
            Essa é a única frase que eu deveria tatuar.
perfer et obdura
dolor hic tibi proderit olim

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