quarta-feira, 28 de junho de 2017

Anotações nos meus livros

           Já escrevi aqui em algum lugar que sempre deixei pistas sobre minhas atitudes. Uma espécie de trilha de migalhas pra quem quisesse realmente saber meus porquês. De um jeito deturpado, era como se eu me justificasse. Como se a explicação, mesmo escondida, justificasse  o que eu fazia. E, por mais que eu tente pintar esse fato com cores altruístas, sei que há uma motivação egoísta aqui. Me vangloriava de uma falsa capacidade intelectual por conseguir disfarçar e iludir. Eu tinha força para não me esconder e sabia que assim estaria protegido.  Passou tanto tempo. Consegui me confundir todo na ideia de me proteger. Proteger o que.? de quem.? Não há nada aqui dentro que eu ainda preze o suficiente para justificar um muro. Sou burro demais para sustentar a ironia que gostaria. E sou sozinho demais para brincar de independente.

            Mas tudo isso são minhas migalhas. Porque há outras coisas que eu faço e que realmente não falo para ninguém. O segredo sim me ajuda e nas madrugadas ensurdecedoras eu já não preciso me justificar para ninguém.

            Comecei esse texto citando a mim mesmo, pra terminar de um modo melhor, cito um gaúcho bem mais útil do que eu. "...há coisas que um homem não deve confessar nem a si mesmo" - Érico Veríssimo"

terça-feira, 20 de junho de 2017

El Ferrocarril

     Às vezes simplesmente é pra ser. quase queimei a largada na sexta, mas consegui guardar energia para sábado, com o acaso dando a mão de sempre.
 
      Tudo começou com um anjo perdido querendo tomar cerveja. Eu certamente largaria tudo pra ficar do lado daquela criatura alguns minutos, mas a agenda estava apertada e eu tive que sair correndo. Prometi tomar uma cerveja por ele. Acabei tomando um fardo. Cozinhar com o Kiko sempre é engraçado. Inventamos o molho idiota. em algum outro lugar da cidade havia uma festa, e pela quantidade de aqueces para os quais me convidaram, parecia que tudo ia desembocar lá. Se havia alguma maneira de reconfigurar a vida, era sendo rebocado pra uma festa randômica por 3 mulheres incríveis. Porque é sempre assim, quando está tudo errado e a beira do abismo fica sedutora demais, aparece uma mulher e me coloca de novo nos trilhos. Fico lisonjeado com a força tarefa que se armou pra me ajudar. E pra que eu pudesse ajudar também, porque a noite é uma via de mão dupla. 

      Tomo tequila demais, e isso me arrebenta. tenho certeza que o corpo todo pediria o impeachment do meu cérebro se isso fosse possível. Mas eu sempre tive pra mim que bebo bacardi pelo meu corpo e tequila pelo meu espírito. Uma festa com dose dupla de tequila era definitivamente o lugar certo.


       Seguindo a alquimia, amanhã eu vou pro uruguai. Primeiro porque vai ser a madrugada mais fria do ano e começar o inverno ao sul parece o certo. E porque merecemos Bacardi Anejo.

sábado, 10 de junho de 2017

Nunca suba escadas correndo com uma chaleira na mão

              Sempre houve uma relação entre corpo e mente. A mesma relação entre a reia e o vento na praia. Se você quer saber pra onde sopra o vento, basta prestar atenção  nas dunas. Essa relação de causa e feito é irônica, porque não é possível fugir dela. Na casa dos meus pais, eu sempre ando no escuro durante a noite. Gosto de pensar que conheço as coisas de olhos fechados. E de exercitar os outros sentidos. No meio da madrugada, eu já subi a escada correndo incontáveis vezes. E com incontáveis coisas na mão. E agora, logo agora que minha cabeça anda sem rumo e há uma dor que não é física. Eu resolvo subir correndo com uma chaleira de água fervendo. E logo hoje tropecei e caí. Ao que parece a areia não foge do vento. E meu corpo não consegue fugir da dor que estou sentindo.

       Se você colocar um animal que vive livre dentro numa gaiola, ele invariavelmente acaba se machucando tentando sair. Sem sair mais uma noite, acho que tropecei também por causa disso. Entre partituras, meu druida, notas musicais e uma ou outra obsessão, construo as paredes novas com os escombros das anteriores. O mesmo sentimento de que estou errado mas preciso ser assim. 

          Em todas a lutas, eu sempre perdi para mim mesmo...

segunda-feira, 5 de junho de 2017

A definição de tranquilo sempre é relativa

       É uma fuga, mas isso não é nada estranho. Eu sempre fugi quando me deparei com alguma coisa forte demais para enfrentar. Eu só não fujo por medo. É o velho mundo. É uma oportunidade única. Mas é uma fuga.

       Dar más notícias é difícil. Pelo menos para as pessoas com as quais me importo.

        Eu devia ficar triste, mas não me dou tempo pra isso. Um dia almoço com Deus e no outro janto com o Diabo. Segue o mesmo pedido, independente do interlocutor: Por favor, nunca me conceda descansar.

        Mais um amanhecer sem sono. O único acima faz tocar Metallica. Com raiva de mim mesmo eu pego meu celo e toco pensando na minha senhora. Espero que ela esteja bem. Espero que, no final, todos fiquem bem.